quarta-feira, 21 de maio de 2008

UMA ALMA NOVA

Chamaram-no ao telefone. Era o seu pai. Passara por ali e quisera fazer-lhe uma surpresa. Mas não fora só isso,não. Precisava de que o vissem ao seu lado. Ele lá tinha as suas razões.
Sentaram-se a uma mesa do café mais concorrido lá da terra. O velho tinha ali conhecimentos. É o filho dele,diriam. Sim senhor,o rapaz é quase oficial. Não estão a ver aquela fitinha amarela? Olhem como o pai fala. Está tão contente o velhote. Nunca o vi assim. Parece ter arranjado uma alma nova. Pois tem motivos para isso,não resta dúvida. Também eu estaria como ele,se o meu filho tivesse chegado onde o dele chegou. Infelizmente não passou de cabo. E já foi uma sorte,pois a maioria não passa de soldado raso.
Era,de facto,verdade o que ali à volta estavam notando. Aquele pai não cabia de contente. Os olhos riam-se-lhe. Há muito tempo que não estavam assim. Fora aquela uma boa lembrança. Devia tê-la mais vezes,para a alegria o visitar,ainda que por curtos momentos. Há que forjá-los. Se não forem os interessados a dar o passo,quem o fará?

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