Era de prever,tantos eram os indícios. Ali estava o vilão,de corpo inteiro. Deixara de ser servo,lá no seu entender. O velho passara-lhe a pasta. Também não havia outro na escala,pois eram só os dois. Agora,era ele o patrão.
Tinham sido muitos os anos lá por baixo,no seu entender,que o velho não havia meio de encostar. Mas lá nos subterrâneos fermentavam vinganças. Havia de chegar a sua hora.
O velho era da escola antiga,da escola romântica. Sempre cheio de atenções,de salamaleques. Ia tudo levar uma grande volta,oh se ía. Quais cerimónias,qual carapuça. E quem não estiver satisfeito,vá bater a outra porta. É o que não falta para aí.
Engrossou a voz,até parece que cresceu,que ele saíra para o baixote. Daqui em diante,só atendo quem eu quiser. Desligo o telefone e quem quiser passe por cá. A tabela, já a alterei. Eram preços ridículos. Para mim e para o gato há-de chegar. Nunca fui dessas coisas da família,dessas pieguices. Basta-me um serviço ou dois.
Estaria para breve o dia em que se passaria, com armas e bagagens, lá para a loja. Um canto chegava-lhe,para ele e para o bichano. E então,sim,ali por trás do seu balcão,é que era saborear
as delícias de ser ele o dono de tudo aquilo,de ser ele o patrão. Patrão e servo. Patrão de si mesmo. Que bom.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
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