sexta-feira, 16 de maio de 2008

PROMESSA DE PRAIA

No verão,o calor era de abrasar. Tinha sido sempre assim naquela terra. Os que nela teimavam em permanecer,ter-se-iam conformado. Quando mal ,nunca pior. Havia,de facto,casos piores,ora se havia.
Mas não seria de admirar que a alguns,se não a todos,tivesse brotado o desejo de verem ali,ou lá perto, uma praia,para se poderem refrescar. Bom jeito lhes faria,quando largassem o trabalho,ou quando não tivessem algo para fazer,o que deveria suceder muitas vezes.
Seria isto apenas um simples e inofensivo desejo,nada mais. Mas um desejo de todo justificado,sem qualquer dúvida. Teriam pensado,uma vez por outra,que talvez ele se pudesse satisfazer. Quem sabe? Acontece tanta coisa aparentemente impossivel.
E um dia,o que é que havia de suceder? Apareceu por lá um senhor de falinhas mansas,todo convincente,de muitas artes e manhas,a prometer-lhes uma. Era garantido. Poderiam ir já vendo-se banhar em frescas águas. Ele era um homem de muitos recursos,já postos à prova,com êxito,noutros cenários.
Para tal,bastava que nele confiassem e lhe dessem os votos. Assim fizeram,mas praia é que nunca lá viram.
Ter-se-ia isto passado? Parece que sim. É que ainda há pouco,por um mero acaso,alguém,de muita idade,lembrava uma quadra,ouvida bastas vezes quando por lá andara,que se fazia eco de tal promessa.

1 comentário:

Rita Maia e Silva disse...

Olá Padrinho Gama! Desculpe, mas não consigo deixar de o tratar assim. São hábitos de infância... e agora bato-lhe à porta, agradecendo sinceramente as suas palavras, que até me deixam um pouco sem jeito... mas pronto, deixo a falta de jeito de lado, e tomo-as como um grande incentivo para continuar a despejar palavras algures por aí... e se me atribui a nobre condição de poeta, o padrinho não fica atrás de mim, com esse olhar sensível e ao mesmo tempo acutilante, consegue pespegar-nos a realidade na cara, com mais ou menos lirismo, com maior ou menor acutilância. Diga-se de passagem, tem uma grande vantagem sobre mim: os anos a mais. Aqueles aos quais se alcunha de velho, são uma mais valia preciosa e que faz toda a diferença, não se esqueça disso! E se os velhos escrevessem tanto (em qualidade e quantidade) como o padrinho, se calhar chegávamos a velhos muito mais tarde, não acha?
Muitos parabéns pela sua escrita e mais uma vez muito obrigada pelo elogio.
Um beijinho da Rita