sábado, 31 de julho de 2010

EÇA DE QUEIROZ E O BRASIL

"Eça de Queiroz nunca chegou a ir ao Brasil, mas, de uma ou outra forma, a sua vida sempre esteve ligada a este país. Desde a sua Ama nos primeiros anos da sua vida, até às suas colaborações com a Gazeta de Notícias e a Revista Moderna, passando pelos amigos brasileiros que encontrou em Londres e Paris, ou pelo impacte da sua obra no Brasil, tudo contribuiu para que, mesmo que não física, se criasse uma ligação indelével entre Eça, a sua obra e o Brasil.

A sua primeira ligação com o Brasil foi efectivamente a sua Ama, Ana Joaquina Leal de Barros, pernambucana. Mas na realidade, os laços com o Brasil já se podem encontrar antes do seu nascimento. Seus bisavós aí encontraram refúgio na época das lutas liberais, tendo seu avô paterno, Dr. Joaquim José de Queiroz e Almeida, nascido no Rio de Janeiro. Ainda no Brasil nasce também, em 1820, dois anos antes da independência, seu pai. Quando de lá voltaram, com eles trouxeram um casal de criados pretos, dando pelos nomes de Rosa e Mateus. Foram estes que mais tarde acarinharam Eça, e de quem este ouviu cantigas de embalar, mas também histórias misteriosas do Sertão."
...

In Fundação Eça de Queiroz - O Escritor,Eça e o Brasil
http://www.feq.pt/ecabrasil.aspx

UMA CAUTELA

A menina compadeceu-se dele,coitado,um velhote que já estava mais para a banda de lá. Contou o dinheirinho que ele ia receber por duas vezes,devagar. Então,quer que o ponha no envelope? Sim,um sim muito sumido.
Então,não quer ficar com uma cautela? Sim,um sim muito sumido. Tudo estragado. A não ser que a menina tivesse a certeza de que ele teria a sorte grande.

CAMPO CON SOJA



Do Flickr,por JosidelLusarreta

Título do autor

SOBRE NITRIFICAÇÃO E ACIDEZ DO SOLO

Como se sabe,o azoto amoniacal é nitrificado no solo por via microbilógica,em presença de oxigénio,formando-se,primeiro,nitrito,e,depois,nitrato. Em cada uma das fases, há libertação de íões hidrogénio,pelo que se trata de reacções acidificantes.
Acontece que a absorção pelas raízes de um anião,como o nitrato,tem, como contrapartida,a excreção de um oxidrilo,ou de um bicarbonato. Assim,a acidez resultante da nitrificação será tanto mais contrariada quanto mais nitrato for absorvido.

O PLANO

Os pais viviam lá para o norte,onde cultivavam umas courelas. Quando chovia,a água arrastava as partículas mais finas,a fracção nobre do solo,levando-a para o rio que corria próximo. A região que acabava por beneficiar com esses carrejos era a vasta leziria de um senhor rio,que ano após ano,por via de sucessivas inundações,se cobria de férteis nateiros. Por este andar,ficariam reduzidos a areia quase estéril. Seria a sua ruína.
Em vista de tal perspectiva,traçaram um plano que lhes pareceu trazer-lhes a salvação. Com algumas economias e a ajuda de familares, mandaram o filho estudar para doutor. O rapaz era inteligente e tirou o curso no devido tempo. Fizeram,então,uma reunião, para assentar ideias. Olha filho,o que prevíamos aconteceu. O melhor da nossa terra foi parar lá abaixo. A riqueza daqueles sítios é,em parte,fruto da nossa pobreza. Ninguém se importa com esta injustiça,de bradar aos céus,pelo que temos de ser nós a repará-la. Estou velho e nada posso fazer,mas tu és novo,tens qualidades,e arranjaste uma arma que te pode permitir recuperar o que é nosso,muito nosso,e até,talvez,acrescentá-lo. O filho entendeu,e prometeu fazer tudo para não os desiludir.
Com a benção dos pais,rumou ao sul. Instalou-se,e olhou em volta. Não descobriu o que era seu,mas não havia dúvida de que aquelas férteis planuras não tinham comparação com as encostas no osso lá dos seus sítios. E pareceu-lhe sentir um forte apelo vindo daquela riqueza. Não se fez rogado,que as circunstâncias pediam acção sem demoras. E assim,em pouco tempo,estava casado com a filha única de um abastado lavrador,cumprindo-se o plano habilmente urdido pelos atilados pais.

RESPEITO

Para alguém se dar ao respeito,tem de ser respeitador.

REALIDADE

Felicidade com lágrimas,é a realidade.

NEM PENSAR

Para dar cabo da vida,aparecia dinheiro. Para tratar dela,nem pensar.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

SOBRE A VIDA DAS ÁRVORES


Em solos muito meteorizados,em que os nutrientes não abundam,a vida das árvores não será nada fácil,a solicitar ajudas. É o que parece passar-se com carvalhos,como vem num estudo referido em Science Daily de 29 de Julho,2010. Essas ajudas,em relação,
por exemplo,ao ferro,são prestadas por bactérias da rizosfera.

In
http://www.sciencedaily.com/releases/2010/07/100729172332.htm

Imagem retirada de Science Daily,29 de Julho,2010

SANTARÉM,RIO TEJO,PONTE DOM LUIS



Panoramio,de artur jorge agostinh...

Título do autor

UM TUDO NADA

Era um sossego,uma paz,uma serenidade,naquela tarde,naquele lugar. Houvera outros tempos assim,em mais lugares,e em mais tempos também. Tão diferente fora a tarde anterior ali. É que por lá tinha passado uma multidão ruidosa,que um espectáculo de ensurdecer esperava. Não tivesse passado por lá essa multidão,esta tarde,naquele lugar,teria sido uma serenidade,uma paz,um sossego. Um tudo nada tudo isto perturbara,um tudo nada fugidio,tão ao contrário da permanência,ou duma aparência dela,de quase tudo por onde essa multidão ruidosa passara. Tal como em muitos outros tempos,noutros lugares,tal como à beira mar. As ondas vêm e vão,indiferentes,quer estejam lá a vê-las multidões,ou ninguém.

CARAPAU DE GATO

Eram mãe e filho,um filho já homem,mas a precisar de amparo,como se fosse ainda uma criança. Ela estava mais acabada,mais achacada,mais trôpega. Tinha de se sentar,ali,acolá,onde calhava,a recobrar forças.
Aquela manhã era uma manhã especial,uma manhã de compras. Entraram os dois,mas foi só ela a abastecer-se. Ele pouco se demorou. Preferiu ficar lá fora,à espera do seu anjo da guarda.
Ela trazia muito pouco. O que mais se notava era um peixinho,ligeiramente maior do que um carapau de gato,quando o havia. Estava aquilo a pedir um milagre,mas quem seria capaz de o fazer,num tempo a eles tão avesso?
Um milagre a seguir a outro,o daquele peixinho,quando vivo,a circular com mestria no seu meio. Mas,no que a ele dizia respeito,por ali se ficou.

SOLIDÃO

Morava neles uma tal solidão, que era de admirar o não correrem todos para se abraçar.

CESTO SEM FUNDO

Querer acabar com uma coisa,ou dizê-lo,estando a produzi-la,é como querer encher um cesto sem fundo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

COMO ALIMENTAR UM MUNDO FAMINTO

É o título dum artigo(How to feed a hungry world) que vem na Nature de 29 de Julho de 2010. Na perspectiva de uma população de 9100 milhões em 2050,tudo dependerá,
segundo o artigo,de uma série de medidas, que vão desde sementes de alta tecnologia a práticas agrícolas de baixa tecnologia.

In http://www.nature.com/nature/journal/v466/n7306/full/466531a.html

DECLÍNEO GLOBAL DE FITOPLANCTON

É o que vem num estudo publicado na Nature,de 29 de Julho de 2010. Trata-se de uma quebra média anual de cerca de 1%,atribuída a alterações climáticas,com muito prováveis reflexos na vida dos oceanos e na economia do CO2.

In http://www.nature.com/nature/journal/v466/n7306/edsumm/e100729-03.html

É O QUE ME VALE

A senhora,já de oitenta anos,merecia um elogio. E foi o que se fez. É que acabara de facilitar a vida a alguns de menos idade. Tem aí uma cabecinha de invejar. Tomaram-na muitos,velhos e novos.
Pois é. O pior é o que me espera lá em casa. O meu marido está taralhouco,sem dizer coisa com coisa. Só me atrapalha a vida. Mas a minha desgraça não se fica por aqui,embora esta já me chegasse.
Vejam lá os trabalhos em que estou metida. Para além do velho,ainda tenho a meu cargo um filho de cinquenta anos que endoidou de todo. Não sei porque Deus me destinou este fardo.
O que é que se havia de dizer ,perante desdita tamanha,para a confortar? Um ainda se atreveu. Para a compensar,Deus deu-lhe tino e vigor para dar conta de tais trabalhos. É o que me vale.

MUITO POÉTICO

Um pastorinho,ou uma pastorinha,tanto faz,uma criança de meia dúzia de anos. Que lindo,não é? De arripiar. Ao frio,à chuva,aos ventos,aos perigos,sujeita aos lobos maus. Muito poético.

GRANDES E PEQUENOS

Havia pequenos que eram devorados por grandes,e,ao contrário,pequenos que davam conta de grandes,e,até,pequenos que sustentavam grandes.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

"MADE IN CHINA"- MAS POR QUANTO TEMPO?

For the past decade and more, China has been the manufacturing workshop of the world. But rising labor costs may cast a shadow on the future of the 'Made in China' strategy.

In ( chinadaily.com.cn )
Atualizado em: 2010/07/19 16:39

UM DESLUMBRAMENTO

Nunca se fizera naquela terra uma recepção assim. Parecia ser a visitante uma rainha. Não o era,de facto,mas isso não tinha importância. Para os que a tinham visto lá nas fitas,e tantas foram,era como se isso realmente se passasse. Não se tinham a ela submetido?
A manhã estava radiosa,como a querer colaborar. Ninguém quisera ficar em casa. Altas autoridades civis,e,segundo alguns,também religiosas,fizeram questão de estarem presentes,a render-lhes homenagem,na primeira fila,como lhes competia.
Veio num carro de muita classe,a condizer com tão excelsa figura. Não saiu logo,pois as rainhas,as deusas,devem fazer-se esperar. Cuidou,com vagares,da cara,dos olhos,de um azul mais que celeste,dos cabelos,da cor do oiro,do oiro mais fino. Gastou nisso longos minutos,uma eternidade,assim a todos pareceu. Finalmente,lá se dignou sair.
E foi um deslumbramento. Consta que houve desmaios,mais entre os homens,que julgariam estarem sonhando. E foi um triunfo. Nunca se vira um preito assim. Ficou ele,para sempre,gravado nas memórias lá da terra.

PREVISÃO DE SUBIDA DE TEMPERATURAS MÁXIMAS EM ESPANHA

Las temperaturas máximas subirán en España hasta 6 grados este siglo
Madrid tendría el clima de Sevilla, que pasaría a ser como Tucson (Arizona)
EL PAÍS - Madrid - 28/07/2010
España soportará entre tres y seis grados más de temperatura máxima a partir de dentro de 60 años, concretamente para el periodo 2071-2100, como consecuencia del cambio climático. Así lo indican las nuevas proyecciones regionalizadas de la Agencia Estatal de Meteorología (Aemet), que también señalan una tendencia a la reducción de precipitaciones. El aumento de la temperatura es respecto a los valores de referencia del periodo 1961-1990 y se ha calculado para un escenario de aumento de emisiones intermedio (ni máximo ni mínimo) concreto, lo que quiere decir que está sujeto a la incertidumbre derivada de la ignorancia sobre cómo van a evolucionar de aquí a 2070 las emisiones mundiales de los gases de efecto invernadero.
...

DESAFIO

Pois haviam de ter um melhor,que assim é que se sentiam bem.
Era a vida um desafio sem pausas.

SACRIFÍCIO

Dali não havia a esperar nada,a não ser sacrifícios,como se o sacrifício fosse a regra de vida.

terça-feira, 27 de julho de 2010

PAÍSES EMERGENTES ACHAM DIFÍCIL ACORDO CLIMÁTICO EM CANCÚN

Por Brian Ellsworth
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Será difícil definir um novo tratado climático de cumprimento compulsório na próxima conferência da ONU no México, disseram nesta segunda-feira delegados de nações em desenvolvimento, gerando novas dúvidas sobre a perspectiva de um acordo climático neste ano.

Reunidos no Rio de Janeiro, os ministros de Meio Ambiente de Brasil, África do Sul, Índia e China --conhecidos conjuntamente sob a sigla Basic-- disseram que os países desenvolvidos não têm se empenhado suficientemente em reduzir suas emissões de gases do efeito estufa ou ajudar os países em desenvolvimento a fazerem isso.
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In Reuters Brasil,26 de Julho,2010

http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE66P0L120100726

O POBRE RABEQUISTA



José Rodrigues,1828-1887
http://purl.pt/5765/1/

Biblioteca Nacional de Portugal - Biblioteca Ncaional Digital

TOME LÁ

Naquela vez,não dera resultado. Mas era necessário que noutra vez acontecesse. No chão,via-se um maço de notas,e perto estava um pobre a quem elas fariam muito jeito. Devem ser suas,tome lá. Ele,coitado,olhou para as notas como para uma aparição.Estiveram quase a ser dele. É que um desembaraçado,lestamente,interpôs-se. São minhas,deixeí-as cair.
Na próxima ocasião,será de outra maneira. Escolher-se-á uma altura em que ele esteja só,o que sucede algumas vezes,ainda que o local seja muito concorrido. Olhe,devem ser suas,tome lá. Passe bem.

PARA DEPOIS

A verdade não vem toda de uma vez. Vem aos poucochinhos,e fica sempre muita coisa para depois.

MUITO DIFERENTE

Trabalhar para ser o primeiro,é uma coisa. Ser o primeiro porque trabalhou,é outra coisa muito diferente.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SINTRA,PORTUGAL - FONTE MOURISCA



Do Flickr,por jaime.silva

Título do autor

UM DISPARATE

Para equilibrar o barco,dois dos três quartos da casa eram alugados. Como se arranjaria aquela família? É que eles eram quatro. A dona da casa,uma senhora aí de uns cinquenta anos,solteira,fazendo não se sabia o quê,a sua mãe,muito velha e quase cega,e dois sobrinhos,um,adolescente,estudante, e o outro,para cima dos trinta,um desempregado crónico.
Lá se arranjariam,mas mal. A velhota era apanhada,com frequência,a pernoitar na casa de banho. O adolescente,porque dava em perseguir a moça que ocupava um dos quartos,era ,de vez em quando,ameaçado de expulsão. Não se admitiam poucas vergonhas lá em casa.
A moça também não se dava ao respeito. Hoje,com um,amanhã,com outro. Isto ia na linha do que ela,às vezes, dizia. Homem que não tem sete mulheres não é homem. Coitada dela,que já se lhe fora um rim. Era merecedora de melhor sorte.
O desempregado crónico,muito magro e muito pálido,andava,por vezes,em grande desespero. Um dia,ainda era capaz de fazer um disparate de todo o tamanho. Mas ficava-se por ali,sem especificar.

FONTE

Água,era quanto a queriam,só que tinham de ir à fonte.

COBRAS

Eram maus como as cobras. Coitadas das cobras,que culpa não tinham.

MUITA SORTE

Coitado do velhote,já não devia estar bom da cabeça. É que,volta não volta,era apanhado a falar para as paredes.Tiveste muita sorte,pá,tiveste muita sorte,pois podias andar a pedir esmola e a dormir debaixo das pontes. Tiveste muita sorte,pá.

domingo, 25 de julho de 2010

CHICAGO SKYSCRAPER



Do Flickr,por celikins

Título do autor

FORA DE SERVIÇO

Demorara,mas,finalmente,lá fizeram obras. Tratou-se de desentaipar parte da porta de um prédio dado,há já uns anos,como incapaz. Está lá,agora,uma janela. Quer isto dizer que o humilde corredor de entrada virou a quarto,pronto a ser habitado. Era,de facto,o que estava ali a exigir,pois um incêndio pusera fora de serviço todo o segundo andar. Não tardará que as duas janelas do rés-do-chão sejam repostas. Um arbusto,que,entretanto,se fizera árvore de muitos braços,sob a protecção de tão velhinha mansão,continuará a ter vida facilitada,pois um tal biombo fará ali muito jeito.

MUITA HONRA

Tinha lá andado,sim senhor,e com muita honra,fiquem sabendo. E se for preciso voltar lá,é só dizer,que eu largarei tudo o que estiver a fazer,com grande alívio.

O SEU DINHEIRINHO

Aquilo não podia continuar assim. Podia dizer-se que era dinheiro deitado à rua,era dinheiro que estava fazendo muita falta,era dinheiro que saía de bolsos. A saúde tinha de ser tratada de outra maneira. Enfim,trocando a coisa por miúdos,quem da saúde tratar quisesse,teria de ser com o seu dinheirinho,mesmo que o não tivesse,porque os últimos tostões tinham sido gastos no pão.

sábado, 24 de julho de 2010

CARTOGRAFIA PLANETÁRIA DA ALTURA DAS FLORESTAS

"La carte, publiée dans les Geophysical Research Letters, montre que les plus hautes forêts se situent au nord-ouest de l’Amérique du Nord, sur la côte Pacifique, ainsi que dans certaines régions d’Asie du Sud-Est. Les forêts de conifères des régions tempérées et humides, où poussent les pins de Douglas, les séquoias ou les sapins du Canada, dépassent les 40 mètres de haut. La canopée des forêts de conifères des régions boréales, situées plus au nord, se limite à une vingtaine de mètres."

In Sciences et Avenir,12 de Julho,2010 - Forêts:première carte planetaire des variations de la canopée.
http://www.sciencesetavenir.fr/actualite/fondamental/20100721.OBS7470/forets-premiere-carte-planetaire-des-variations-de-la-canopee.html

Segundo o artigo,esta carta facilita o estudo do ciclo do carbono à escala planetária.

WATERMELONS



Do Flickr,por foreversouls

Título do autor

É DE COMER MELANCIA

Como se sabe, o pigmento que dá a cor vermelha à melancia é o licopeno,o mesmo pigmento do tomate. Para além de ser um percursor da vitamina A,sendo redutor,é um antioxidante. Assim,é de comer melancia.

UMA DESCULPA

Viera pôr o lixo no contentor,ali perto da sua porta. Era o que fazia todas as noites. Mas naquela,aconteceu o inesperado. Ao levantar a tampa,desequilibrou-se,e caiu,ficando imobilizado entre o caixote e o passeio.
Foi assim que um vizinho o veio encontrar. De princípio,àquela luz frouxa,não quis acreditar,mas atentando melhor foram-se-lhe as dúvidas. Mas é o senhor José. Vou já levantá-lo. É o levantas. Embora para o magrote,aquele corpo sem forças pesava como se de chumbo fosse. Teve de ir pedir ajuda.
O senhor José estava muito envergonhado e abatido. Não era,de facto,para menos. Vejam lá a que cheguei,quase também feito lixo. Não queria contar à mulher o que lhe sucedera,para não lhe dar mais ralações. Vou inventar uma desculpa para a demora. Peço-lhes que façam também o mesmo. É como se nada tivesse acontecido.
Servira-lhe isto de emenda. Dali em diante,deixaria de cumprir o que vinha indicado lá no contentor. De dia,passa mais gente,e assim,se vier a repetir-se o que hoje me aconteceu,não ficarei tanto tempo no chão. Para o que uma pessoa estava guardada.

FARINHA E FARELO

Eram uns mãos largas com a farinha,mas muito poupadinhos com o farelo.

BRINCALHÃO

Querer o comando,para,depois,andar a brincar,só de um brincalhão.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

CANADA ARCTIC AIR VIEW



Do Flickr,por CanadaGood

Título do autor

CO2 PREOCUPA

O degelo do Oceano Ártico não permitirá uma muito maior retenção de CO2,por se encontrar já muito saturado,é o que vem num artigo da Science,que a Nature de 22 de Julho, 2010,refere.

In http://www.nature.com/news/2010/100722/full/news.2010.372.html

Um maior aquecimento pode levar a uma antecipada libertação de CO2 nos sedimentos dos lagos,é o que vem num estudo publicado na Nature de 22 de Julho,2010, e referido na Science Daily de 21 de Julho,2010.

In http://www.sciencedaily.com/releases/2010/07/100721132625.htm

DE SUA LAVRA

Eram quatro a opinar. Três,lá disseram de sua justiça,com simplicidade,como a dar a sua humilde contribuição para uma obra que se afigurava de alta complexidade. Chegou a vez de se ouvir o outro,que se guardara para o fim.
Podia ter feito o ponto da situação,à maneira de um professor,que talvez fosse ou desejasse ser,e acrescentar mais alguma coisa de sua ciência. Mas não. Tudo quanto escutara soara-lle a velho. O cerne da questão não tinha sido beliscado,nem de longe,nem de perto. Era isso mais uma confirmaçãode que só ele via claro,de que só dele viria a resposta certa.
Outro iluminado. Estaria convencido de que tinha uma missão a cumprir e de que a sua mensagem era única,inteiramente de sua lavra.

MESMO MUITO MAL

Isso não se fazia. Gente de qualidade,quer dizer,de quantidade,não devia ser incomodada. Fizera mal,mesmo muito mal. Não era assim que ele tinha sempre procedido.

DA FAMÍLIA

Um só que fosse,de mão estendida,a pedir esmola,era de doer,de envergonhar. É que fazia parte da família.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

BARRAGEM DAS TRÊS GARGANTAS



In( chinadaily.com.cn )
Atualizado em: 2010/07/19 16:05




In ( chinadaily.com.cn )
Atualizado em: 2010/07/20 17:43

MARMOTAS DE PARABÉNS

Nem tudo corre mal com as alterações climáticas. Que o digam as marmotas,que se estão
a dar muito bem com elas,como mostra um estudo publicado na Science,e de que Science Daily de 21 de Julho,de 2010,se faz eco.

In http://www.sciencedaily.com/releases/2010/07/100721132641.htm

JEAN-FRANÇOIS MILLET



Web Gallery of Art

MAIS FRACAS PERNAS

Lá de onde ele viera nunca vira uma tal bicha. É que se tratava,sobretudo,de velhos. Depois,o tempo ameaçava chuva. Que estão eles aqui a fazer com um tempo assim?
Aquela é uma casa de gente rica e hoje,sábado,é dia de esmola. Consta que é a porta que rende mais. A criada traz sempre uma saca de moedas. Sabendo disso,formam-se bichas como a que está vendo. Chegam a dar a volta ao quarteirão.
Já reparou nos cajados? É o arrimo de quase todos. Não podendo trabalhar,só lhes resta andar de mão estendida,mesmo que lhes custe abandonar a casinha.
Se estiver para isso,vá por essas ruas,que há-de encontrar mais. Alguns vão de uma bicha para outra. Os que ainda se podem mexer com algum desembaraço ficam a ganhar. É,afinal,a luta pela vida. Claudicam primeiro os que tiverem mais fracas armas. Neste caso,mais fracas pernas.

A CEGUEIRA

Não bastava a cegueira. Tinham de andar também a pedir.

REBENTAR

A economia sempre a inchar,sempre a crescer,é coisa de rebentar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

ARROZAL



Do Flickr,por Paulão Fessel

Título do autor

TRANSFORMAÇÕES EM AMBIENTE REDUTOR

Como se sabe,um ambiente redutor,isto é,um ambiente pobre em oxigénio,é caracterizado por cedência de electrões ou de átomos de hidrogénio. Quando se trata de solos,são várias as transformações que podem ocorrer,atingindo,entre outros,directamente,o ferro,o azoto,o carbono e o enxofre,e indirectamente,o fósforo.
No caso do ferro,a forma trivalente passa a bivalente,o azoto de nitratos, ou de nitritos,passa a óxidos,e mesmo a azoto molecular,o enxofre de sulfatos passa a sulfuretos,com reflexos negativos,no que toca à sua solubilidade,o carbono de compostos diversos passa a metano,o fósforo que estava ligado ao ferro trivalente,à maneira de um precipitado,torna-se solúvel por estar associado ao ferro bivalente.
Tudo isto, e mais alguma coisa, acontece com a cultura do arroz, quando feita em condições de submersão. Essa mais alguma coisa é,entre outros efeitos, o aumento de oxidrilos,proveniente,
pelo menos,em parte,da alteração de valência do ferro . É a isto que se chama uma autocalagem,por ter um efeito idêntico ao de uma correcção da acidez do solo por correctivos da família da cal. Assim,esta cultura pode dispensar calagem,se feita em solos ácidos, tem a sua vida muito facilitada quanto às necessidades em fósforo,e, ao contrário,um tanto dificultada quanto às necessidades em azoto e enxofre.

PADRÃO DE EFICÁCIA

O empedrado do passeio debaixo de certa varanda de primeiro andar estava negro,de um negro sujo. Tinha sido isso obra de uma muito rara e teimosa rega canina,quer dizer,
uma espécie de água mole,que não furou,mas impregnou. Tal prodígio merecia continuidade,pelo que lá permanece,como um padrão de eficácia.

FUTURO E PRESENTE

O presente parecia não ter solução,pelo que se investia no futuro.

BASTA UMA VEZ

Acreditaria numa outra vida,certamente,o faraó. Um dia,havia de ressuscitar. E logo ali,à sua muito poderosa mão,queria ele ter todas as coisas que lhe embelezaram a sua rica vida.
Para além de jóias,muitas jóias,ou outras coisas de igual valor,de todas as cores e feitios,um barco devia estar pronto para ele,imediatamente,poder passear no seu saudoso Nilo.
E para um barco do faraó,só uma gigantesca pirâmide servia. Não era isso dificuldade que o faraó não resolvesse. Os escravos que necessários fossem,bem depressa ele os arranjaria,dentro ou fora de portas. De resto,para o faraó,não havia porta a que ele não chamasse sua. E se , acaso,encontrasse uma cerrada,o que não era de admitir,um simples safanão dos seus chegaria para a porta ficar escancarada. Algumas,até,se abririam por si,à simples lembrança de que o faraó viria aí.
Como não haveria de querer voltar o faraó? Tinha sido a sua vida,uma vida cheia de prazeres,uma vida de invejar. Só se ele fosse parvo,e parvo é que ele não deveria ser. Fosse ele um dos seus muitos escravos,nessa é que ele não cairia. Livra,pensaria ele. Para sofrer o que eu sofri,basta uma vez.

CÉU

"Vozes de burro não chegam ao céu". Não chegam? Mas que céu este.

CASA DE TODOS

Onde é que se já vira uma coisa daquelas? Querer arrumar a casa de todos,tendo a sua tão desarrumada.

terça-feira, 20 de julho de 2010

CLUBE

Ora a minha vida,pensaria o moço de mais de trinta anos,depois de algum tempo a ouvir coisas em que não estava interessado. E procurou dar um outro rumo à conversa. Pode saber-se a que clube pertence?

TUDO NA MESMA

Para o caso,não é preciso saber em que país residia a senhora. O que interessa saber é que esse país era um mestre em inovação. Ah,sim? Pois lá onde moro está sempre tudo na mesma.

TELHADOS E PAVIMENTOS CLAROS

Mais uma medida para contrariar os efeitos das emissões de CO2. Na perspectiva dessas emissões continuarem,ou, até, crescerem,então,vá de utilizar o albedo favorável das cores claras. É o que vem em http://www.sciencedaily.com/releases/2010/07/100719162945.htm,20 de Julho de 2010.

AR DA FARTURA

Vinha de lá consulado por uns tempos. Possuíra aquilo por um dia ou dois,as searas a perder de vista,as muitas cabeças de gado,os olivais bem tratados. Interessara-se menos pelo pomar,onde as laranjas permaneciam nas árvores tempo demasiado,a ponto de ficarem sem sumo.Jantava-se ao som de orquestra afinada, de cigarras e de grilos, e respirava-se,sobretudo,de noite,o ar da fartura. O cozinheiro,que servia também à mesa,de luzidia calva ,parecia um ganhão acabado de vir do trabalho,todo encardido de suor e de poeira. O avental dava mostras de não ter substituto. Nele apoiava um grande pão,que cortava em fatias grossas,com uma faca de matar porcos. Dava-lhe o sono depois daquela estafadeira e a loiça ficava por lavar.De madrugada,acordava ao som de ruidosa azáfama na cozinha. Além de água sempre a correr,os pratos e os talheres davam em imitar o cozinheiro ,que gostava de conversar com ele mesmo. O casarão parecia uma caixa de ressonância. As cigarras e os grilos mais próximos ,de tão assustados,emudeciam.Levantava-se cedo,para alongar o período de carregamento da bateria. Não se podia desperdiçar,de facto, aquelas raras ocasiões,que valiam ouro. Faria como alguns,ainda que em muito diferente escala,que iam temporadas para longe,de modo a equilibrarem as finanças.

SENTIDO

Lutar pela vida,sem,do mesmo modo,lutar pela sua qualidade,não faz sentido.

UM IRMÃO

Que famílias aquelas. Para darem conta de um irmão,aliavam-se a um inimigo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

MAIS UM RELATÓRIO SOBRE CO2 E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Trata-se de um relatório do Concelho Nacional de Investigação dos Estados Unidos. Entre outras coisas,refere que a actual concentração de CO2, cerca de 390 partes por milhão,em volume,a mais alta,pelo menos,dos últimos 800.000 anos,pode duplicar ou triplicar,pelos finais do século,e dá indicações de quebras de precipitação por subida de um grau Celsius,em diferentes regiões do planeta.

In http://www.nationalacademies.org/morenews/20100716.html

PÉROLAS



Do blogue OLHARES DA NATUREZA,de ARMANDO GASPAR

Título do autor

MAIS ENCORPADO

Um,o branco,é de bica aberta,o outro,o tinto,de curtimenta. É,assim,mais encorpado o tinto,ou seja,tem mais substância.

FIDELIDADE

O vinho,o seu fiel amigo,não o larga. Ele também corresponde,nunca o rejeitando. Bate-lhe à porta,mal desperta,e não se esquece dele ao deitar.
Alegra-lhe o coração esta teimosa,nunca esmorecida,fidelidade. Ainda há dias o mostrou,abraçando e beijando,efusivamente,em plena rua,uma velhota,que,pelos vistos,não se fez esquiva. E canta,canta muito,ainda que em surdina,para não incomodar.
Aquece-o também. Não teme,pois,os frios.Qualquer buraquito lhe serve para pernoitar. Vai mudando,sabe-se lá porquê. E conserva-o,que anda nisto há muitos anos.

CRIANCINHAS

Não sabia bem porquê,mas os olhos de que ele mais gostava eram os das criancinhas.

DEMORADAMENTE

O que eles conheciam,era de muito admirar. Parecia terem vivido,demoradamente,em toda a parte.

domingo, 18 de julho de 2010

RESERVAS MUNDIAIS DE CARVÃO MINERAL

Segundo o World Coal Institute,os países com maiores reservas de carvão mineral,em
2009,eram os Estados Unidos (28,9 %),a Federação Russa (19%) e a China(13,9 %).

SAW THE SEEDS OF SOLIDARITY

Tem havido uma grande azáfama na Rathausplatz de Viena. Trata-se,agora,da desmontagem das estruturas para um evento no ãmbito do SAW THE SEEDS OF SOLIDARITY,na perspectiva da Sida.Viu-se muita gente,certamente,disposta a semear.

DE GRAVATA

Faltavam cinco minutos para as sete da manhã,de Domingo,18 de Julho de 2010,
em Times Square. Era tempo do Friday's abrir a porta,que a freguesia já rondava. De sentinela,
um mostrador com postais ilustrados. Pombos faziam pela vida,alheios ao passar de gente,e ao forte ruído de carros,mais concretamente,de táxis amarelos. Uma avantajada camioneta estacionara,para receber turistas em calções,com sacos e saquetas. O condutor,de gravata,atendia-os,solícito. Uma família estava mal informada. Não,não é aqui,é ali mais adiante.

O ASSOBIO

O senhor,um homem alto,já com muitos anos em cima,caminhava avenida abaixo,rente ao passeio,um passeio muito estreito e de piso muito irregular. Uma varinha de invisual acompanhava-o. Ia tão satisfeito,que até assobiava.
Então,para onde vai? Precisa de ajuda? Carros iam e vinham,que aquela avenida é um eixo lá do bairro. Agradeceu,que era pessoa delicada. Vou fazer compras,pois a minha mulher resolveu partir uma perna. Está para lá,quase sem se poder mexer. E quase se ria,em vez de chorar. Pois a ajuda,de facto, muito pouco interveio,que ele conhecia bem todos os cantos da casa. O assobio é que ele não largava. Seria,também,um dos seus auxiliares,que isto de sons tem muito que se lhe diga. Como era de prever,teve as compras muito facilitadas. Apenas as pagou. Enquanto esperou por elas,manteve sempre a boa disposição,como se a vida lhe corresse às mil maravilhas,conversando alegremente,e,claro,nos intervalos,mostrando o seu peculiar dote de exímio assobiador.
De regresso,ao encontro da sua companheira de muitos anos,que estava para lá,quase sem se poder mexer,desejou bom negócio, e lá foi ,sòzinho,avenida acima,com carros e carrões,sempre a passarem,e ele,rente ao passeio,que o empedrado era de estatelar o melhor equilibrista.

BOA VIDA

Acreditava numa outra vida,sim senhor,mas só para repetir a boa vida que tinha levado até ali.

ACUMULAR

Não sabendo como se comportaria o dia de amanhã,então,vá de acumular.

sábado, 17 de julho de 2010

SOBRE O CAMPO BRANCO

Nas imediações de Castro Verde,há uma vasta zona de solos xistosos,de tons claros,o que contrasta com as cores avermelhada ou parda de zonas vizinhas,tendo sido,por isso,designada, desde há muito, por Campo Branco.
A cor característica resulta do facto dessa zona,pela sua topografia relativamente plana,estar sujeita a condições de redução. Tendo o ferro forte representação nos solos, era de esperar que tal acontecesse. É que o ferro,possuindo diferentes estados de oxidação,é muito sensível a ambientes de escassez de oxigénio. Quando trivalente,há tendência para os tons serem avermelhados ou amarelados,quando bivalente,por efeito de redução,é a cor esbranquiçada que prevalece.
Sendo o manganês um elemento que muito frequentemente anda associado ao ferro,e tendo ele também diferentes estados de oxidação,é de esperar,também,que ele intervenha.

DIA MUITO DIFERENTE

O que pode fazer um quase nada. Trazia a senhora,já com muitas primaveras,as mãos muito ocupadas. Fora abastecer-se e estava esperando a sua vez,na bicha da caixa. Faça favor de passar à frente.
Os artigos eram modestos,como modesto era o seu ar,modesto e preocupado. A gentileza tocara-a,a ponto de lhe modificar o ar. A sua cara desanuviou-se. Não esperaria isto de um desconhecido. Tivera uma atenção com ela,gesto a que não estaria habituada. E sentiu necessidade de retribuir,agradecendo mais de uma vez . Não era caso para tanto,mas, lá no seu entendimento,tinha esse estatuto.
Não seria exagero pensar que aquele dia teria sido para ela um dia muito diferente,um dia,talvez,de festa. Era ,também, como se o tivesse ganho,ainda que muitos achassem desprezível o pago.
Também não seria exagero pensar que durante algum tempo,porventura dias,aquele inesperado gesto lhe fosse tornar a vida mais leve. É que alguém,um desconhecido,desinteressadamente,se tinha preocupado com ela.

FESTA E PRANTO

O começo, fora uma festa e o final, um pranto. A bem dizer,nada mais acontecera.

DOENTES E VITÓRIAS

Eram daqueles que só faziam visitas a doentes,ou para contar vitórias.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

ASAS RÓSEAS

Era aquele um poiso a exigir que se ficasse ali,mas a pressa não deixava. Fazia ainda frio,mas era por ser cedo e por se estar lá no cimo. A um lado do terreiro,erguia-se o castelo. Parecia ele uma emanação de todos aqueles pedregulhos que em volta se viam. As ruas eram de lajedo,talvez do tempo dos romanos. No topo de uma delas,aninhava-se uma capelinha,de ar também vetusto, e gelado. Fazia falta lá dentro uma lareira.
Um rebanho de ovelhas passava por ali. Tinham de ir para mais longe,que a erva,em redor, ainda escasseava. O pastor levava na sacola alguma coisa de comer. Se lhe apetecesse mais,castanhas não haviam de faltar. À entrada da aldeia,o chão estava coberto delas. Davam-nas três castanheiros que ali faziam sentinela. Perto,encontrava-se o guardião de todo aquele tesouro,um velhote muito desdentado,que envergava, à maneira de capa e capuz,uma saca de plástico de cor rosa.
Por muitos quilómetros,que a estrada percorria o alto de um gigante anfiteatro,aquelas asas róseas não deixaram de bater ,apelando e despedindo-se. Se se lá voltasse,em qualquer altura,era capaz de o velhote ainda lá se encontrar,que ele tinha todo o aspecto de ser uma das muitas pedras que por lá se perfilavam,pedras de muitos séculos.

COMPORTAMENTOS

Feitas as contas,fora a cobiça,o lucro,o interesse,que determinara quase todos os comportamentos.

COSTAS

A menina da caixa dera um fundo suspiro. Então,está cansadinha? Doem-me as costas.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

EXTRAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA NO MUNDO

"OSLO (Reuters) - A extração ilegal de madeira caiu 22 por cento no mundo na última década, mas continua sendo preocupante do Brasil à Indonésia, segundo um estudo publicado na quinta-feira pela entidade britânica Chatham House.
...
Segundo o estudo, a redução significou a preservação de 17 milhões de hectares de florestas, área equivalente à do Uruguai. A manutenção das florestas é também um importante antídoto contra o aquecimento global."

In Reuters Brasil,15 de Julho de 2010

A MAIOR RIQUEZA

Sem excepção,os estudantes universitários ,naquela terra e naquela época,recebiam uma bolsa. Não havia,assim,razão para se rirem uns dos outros. Eram todos tratados por igual,quer fossem pobres,ricos ou remediados.
A benesse não seria por aí além,pois,às vezes,quando da subida do tabaco,protestavam ruidosamente,vindo para a rua. Talvez fossem demasiado exigentes,visto terem boa,variada e abundante comida em refeitórios,por preço módico,mesmo ali ao pé da porta. O alojamento também estava muito facilitado.
Isto significava,certamente,uma grossa fatia do orçamento lá da terra. Mas lá pensariam que valia a pena. Assim o entendia um velho reformado,quando confrontado com o destino do seu rico dinheirinho. Sabe,a maior riqueza de uma terra está nas cabecinhas que lá há. É preciso cuidar bem delas.
Pelos números que apareciam nos jornais,parece que os estudantes não brincavam em serviço. O insucesso rondava os cinco por cento. Mas mesmo assim,achavam que se estava deitando dinheiro à rua,pelo que havia de se saber porquê.

DAMA DE BRANCO

Não era vestimenta de um dia,mas de sempre. Não era para aparecer,apenas, aqui,ou ali. Era para andar assim em toda a parte. Dos pés à cabeça,toda de branco,de um branco sem mácula. A Dama de Branco.

MUITO DIFÍCEL

Quem não estiver bem,mude-se. É fácil dizê-lo,mas muito difícil consegui-lo,a maior parte das vezes.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

PARA AS VIAGENS

Durante muitos anos, esteve ele sentado, por largas horas, junto a uma janela. Foi melhor assim do que permanecer na sua cama. Aqui, veria,apenas,a bem dizer,o tecto.
Sentado,por detrás da sua janela, era muito outra a paisagem,uma paisagem rica. Nela,salientava-se um cipreste,uma ponte e uma imagem.
Nem de propósito. O cipreste,era um sinal da sua segunda morada. A imagem,o símbolo da moragem definitiva. A ponte,era para as viagens. Isto,só de encomenda.

OS VIZINHOS

Os únicos culpados eram os outros,sobretudo,os vizinhos. Sem eles,não haveria questões,quezílias,mal entendidos,tensões,lutas,essas coisas assim,seria uma tranquilidade,uma paz.

PRODÍGIOS

Cada vez era mais possível o impossível. Estava-se num tempo de prodígios.

terça-feira, 13 de julho de 2010

ESCASSEZ DE ÁGUA NA CHINA

É o tema de um artigo "CHINA FACES UP TO GROUNDWATER CRISIS",que vem em Nature News,de 13 de Julho de 2010.

http://www.nature.com/news/2010/100713/full/466308a.html

RESTOS DE ENERGIA

Uma,desceu a meia dúzia de degraus apoiada numa bengala, e em duas pernas e mais dois braços emprestados. Outra,subiu os mesmos degraus com a ajuda de uma canadiana e uns restos de energia. Dois observaram como se nada daquilo lhes dissesse respeito.

LÁ EM CASA

Andavam pelas ruas de mãos dadas,mas lá em casa era cada um em seu canto.

DAR

Sem receber energia,não se pode ter energia,é evidente. Poderá isto siginificar que se recebe para dar?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

CASA CHEIA

Não é bem uma piscina ,mas para quem quiser ver uma naquele magnífico tanque festivo não exagerará muito. E chamar-lhe imperial,só se tiver a mania das grandezas. Mas como a Praça onde ele está é a do Império,então uma forte razão terá para assim lhe chamar.
Como quer que seja,houve alguém que,há tempos,dele fez uso para umas ricas abluções. Não chegou a nele nadar e mergulhar,mas das escusas disto nada constou. Teria sido por isso que não se equipou como conviria.
Vestia um roupão branco que arrastava pelo tapete de relva envolvente. Na cabeça,trazia um boné à marinheiro,branco também. Um estendal de coisas o acompanhava,bem uma dúzia de sacos e de saquetas,uma grande e vermelha toalha de banho,e,acima de tudo,um balde de cor rosa.
Depois de se paramentar,encheu o balde com água fesca do tanque e passou a tratar da higiene dos pés. Não o fez de uma vez só. De vez em quando,palmilhava,energicamente,para lá e para cá,o tal tapete de relva.
Um espectáculo. Ali,naquela cosmoplita Praça,admiradores não lhe faltaram. Pode dizer-se que teve casa cheia.

UMA COISA DESSAS

Não,ele era lá capaz de fazer uma coisa dessas,isso lhe garanto.

PRIMEIROS

Para toda a gente andar satisfeita,quer dizer,ser o mundo um mar de rosas,
só quando ninguém for o segundo,ou seja,quando todos forem os primeiros.

domingo, 11 de julho de 2010

DE SOBREAVISO

As leguminosas, que tanto apreciam cálcio, tendem a criar condições favoráveis à redução deste nutriente nos solos. É que, fixando elas azoto do ar na forma de amoníaco,este,ao transformar-se,primeiro,em azoto nitroso,e ,a seguir,em azoto nítrico,dá lugar,em cada passo, a mais acidez no solo,o que significa libertação de cálcio para a solução,e, portanto, menores reservas de cálcio disponível. Assim,tem de se estar de sobreaviso,indo em ajuda das leguminosas,que tão meritório papel desempenham na fixação de azoto atmosférico,fazendo calagens adequadas.

ERA ...

Era um sintoma de nostalgia dum futuro,de coisa desconhecida,que não havia meio de vir. Era um cansaço da rotina costumeira,do novo sempre velho. Era um desconforto pelo que tardava em aparecer à luz do dia. Era um entardecer sem esperança. Era uma tristeza por ter de partir de mãos vazias. Era o ter andado muito,sem ter saído do mesmo canto. Era uma espera defraudada,sabendo-se que tinha de ser assim. Era o ser rua,e ser,afinal,o mundo. Era como se o fim não precisasse do princípio. Era o crescer para ficar velho. Era o ter ficado melhor em casa,sentadinho no sofá. Era o novo feito máscara,para esconder o velho. Era o velho que não havia meio de dar lugar ao novo. Era a alegria da esperança,já com laivos de tristeza. Era...

ESTRATÉGIA

Era rico,muito rico,mas quem o não conhecesse,parecer-lhe-ia ir ali um pobrezinho,daqueles de pedir. Não passava isso,porém,de uma estratégia. Quem se atreveria a bater a uma porta daquelas?

O COSTUME

Por cerca de duas horas,as ruas da cidade despovoaram-se. Parecia estar-se à espera de uma coisa de outro mundo,talvez transcendente.Seguiu-se,logo depois,a vida costumeira. Afinal,acontecera o costume,nada mais.

sábado, 10 de julho de 2010

AS PROMESSAS - JOSÉ MALHOA



Museu José Malhoa

PROMESSA

O director tinha lá os seus gostos. E um deles era o seguinte. Os seus colaboradores,antes de publicarem os seus trabalhos,deviam apresentá-los em público,para serem discutidos. Quer dizer,fechavam as sessões com um debate. Para esse director,o ideal seria que não passasse uma semana sem uma sessão. Compreende-se. Era uma prova de que a sua casa estava bem viva.
Apresentar era simples,o pior era o resto. E está-se mesmo a ver porquê. É que há gente que se pela por ver os outros atrapalhados,pregando-lhes rasteiras. Ninguém gosta de ser rasteirado e,assim,as ofertas,às vezes ,escasseavam. Quando isso sucedia, era ele mesmo que dava o corpo ao manifesto,pois era homem de muitos recursos,era homem para muitas batalhas.
Mas o director insistia,batendo a todas as portas,mesmo àquelas que se tinham aberto de véspera. E foi o que aconteceu a um jovem. Ainda não tinha aquecido a lugar e lá estava o director a informá-lo do seu gosto. Tanto bateu,que o jovem não teve outro remédio,se não dizer que sim. Entre mortos e feridos,alguém há-de escapar.
Como era a primeira vez que se via em tais assados,achou que não lhe ficaria mal ler o que tinha a dizer. E lá escreveu o arrasoado. Mas não se veio a servir dele. Cumpriria uma promessa,que não é altura de revelar,caso dispensasse a cábula. E foi o que fez. Cumpriu-a.

DINHEIRO

Sempre apressado,muito atarefado,não perdia um minuto,que tempo é dinheiro.

DOUTORES

Era um pobre muito sabido,pois só pedia a doutores. Era,pelo menos,a palavra de que se servia,nas abordagens.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

SKAGIT COUNTY FLOODING



Do Flickr,por WSDOT

Título do autor

MALTA RIJA

Logo o professor fora adoecer no ínício do ano. Marcar passo é que não,disseram os pais,mas para os miúdos seria isso uma grande festa. Que bom,poder mandriar um ano inteiro,que era a perspectiva.
Assim não aconteceu,pois em terra próxima davam um jeito. De camioneta,punham-se lá num instante. Era só levantarem-se um pouco mais cedo. Mas a coisa não ia ser pera doce. É que a região estava sujeita a cheias,e,naquele ano,elas repetiram-se para além do que era costume.
Com a estrada de molho,tinham de ir de barco,não daqueles a motor,mas dos que se movem a remos e vara. E assim,aquele pouco mais cedo alterou-se de tal modo,que,para chegarem a horas,tinham de se levantar antes das galinhas.
Mas o pior estava para vir e era simples adivinhá-lo. Próximo da partida,surgia uma corrente de respeito,fruto de uma vala funda,que servia de dreno à lezíria. Era um outro rio. Pobres dos remadores,que tinham de fazer uso de todos os músculos,senão lá ia o barco de escantilhão,
desgovernado. Depois,seguia-se uma floresta de estacas,as estacas de amoiroar,onde se encostavam as videiras,umas,a espreitar,e outras,submersas,de que era aconselhado fugir. Uma carga de trabalhos,para quem tinha de conduzir,e uma carga de sobressaltos,para os miúdos.
Para variar,por vezes,chovia,o que dava mais molho,não poupando ninguém. O que valia era aquela miudagem ser malta rija,incapaz de desistir. Teria essa aventura servido para a enrijar ainda mais.

EXAGERADO

Se apenas fazia uma coisa, era homem de uma nota só. Se fazia duas,era um exagerado.

EMPREGOS

Depois de passar por muitos empregos,acabou por arranjar um em que nada era preciso fazer.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

SEQUOIAS



Do Flickr,por Nicola Corboy

Título do autor

VIRADO DO AVESSO

Olha quem é. Você por aqui? Estava-se muito longe de o encontrar ali,naquela vila modesta,muito afastada da sua terra,onde servia às mesas,em café de bairro.
Alto,magrizela,olheirento,lembrando sucessivas noites perdidas na rambóia,linguagem a resvalar para o obsceno,não inspirava grandes simpatias. Toleravam-no. Não seria inteiramente responsável pela vida que levava,pois não tivera,em mais novo,as ajudas necessárias.
A estranheza do encontro tinha outras causas. É que aquela cara já não era a mesma. Perdera o ar de ave noctívaga. Continuava magro,mas as cores eram muito diferentes,de vida regrada.
Então,o que é que faz andar por aqui de bicicleta? Ando por aí,de terra em terra,pregando. Sabe,estudei e escolheram-me para esta missão.
O olhar era franco,olhos nos olhos,sem desvios. Como se transformara. Não era para acreditar. Parecia ter sido virado do avesso. Era,naquela altura,um outro.

COSTAS

Nem um adeus,nem um fique bem. Mal viam que dali nada levavam,voltavam,desabridamente,as costas.

IGNORÂNCIA EXTREMA

Tinha sido um tempo de ignorância extrema,por ninguém saber o que queria.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ALEMANHA PODE TER 100% DE ENERGIA RENOVÁVEL ATÉ 2050

BERLIM (Reuters) - A Alemanha irá produzir toda a sua eletricidade com fontes de energia renovável até 2050 e se tornar a primeira grande nação industrial a eliminar a dependência sobre combustíveis fósseis, disse a Agencia Federal do Meio Ambiente nesta quarta-feira.

In http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE6660ES20100707
7/7/2010

TUDO É FOI

Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
já todo o mundo é diferente.

Já outro ar me rodeia;
outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.

Outras árvores se floriram;
outro vento as despenteia,
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.

Momento,tempo esgotado,
fluidez sem transparência,
presença,espectro da ausência,
cadáver desenterrado.

Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.


ANTÓNIO GEDEÃO

Poesias Completas
(1956-1967)
Portugália
1978

NO SEU CANTINHO

Não sabia para onde havia de ir,o que o trazia muito ralado. É que estar muito tempo no mesmo cantinho não deve fazer bem à saúde. Já andara por vários cantos,mas não fora feliz. Eram todos de fugir,e quanto mais depressa ,melhor,que os males pegavam-se. Para aqueles males não havia ainda vacinas eficazes,constando, até ,que seria muito difícil inventá-las. E assim,apsar da ralação quanto à saúde,lá continuava no seu cantinho.
Mas,de vez em quando,ainda que o não desejasse,dava-se com ele a lembrar um ou outro canto por onde andara. E a lembrar-se,também,dos motivos que o levaram a deles debandar. Desses cantos,havia meia dúzia que nunca mais esqueceria,pois tinham deixado marcas para ficar.
Um,era uma caixinha de surpresas,em particular nas veredas nobres. Eram alçapões por todo o lado,pelo que os olhos deviam ir bem abertos.
Pode dizer-se que esse tinha um gémeo. Não lhe ficava atrás. Ao virar de cada esquina,lá se abria um buraco. Não se sabe como não fora parar ao hospital.
Mas havia outro que pedia meças a estes dois. É que as armadilhas não tinham aspecto disso,estavam bem disfarçadas. De uma não se livrara e tivera de baixar à enfermaria.
Um outro ,ainda, batia-os a todos. Era um campeão. Ria-se dos hospitais e das enfermarias. Isso eram cuidados a mais e uma sangria de dinheiro. Se não tivesse saído de lá a correr ,só o teriam encontrado na vala comum.
Os dois restantes eram muito parecidos. As ruas eram frequentadas por gente estranha,de difícil classificação. Talvez fossem parentes de fantasmas. Como quer que fosse,aquilo era gente que metia medo.
Sendo assim,não tendo exagerado ou fantasiado,o que muitas vezes sucede,por variadíssimas razões,o homem parecia ter razão. O melhor fora mesmo ficar lá no seu cantinho. Não estaria livre,porém,de alçapões,buracos,valas comuns,fantasmas,porque nunca se sabe para o que se está guardado.

TÁBUA DE SALVAÇÃO

Da penúltima vez,parecia um náufrago,da última,exultava,agarrado a uma tábua de salvação.

NADA

Não era para ter ficado triste por nada ter recebido,quando ele também nada dera.

terça-feira, 6 de julho de 2010

FRUTAS E VEGETAIS



De Science Daily,24 de Junho,2009

DIETA MEDITERRÂNICA

Num estudo sobre dietas,da Universidade de Harvard,EUA,noticiado em Science Daily,24 de Junho de 2009, concluiu-se que a dieta mediterrânica pode levar a uma vida mais longa,por via,sobretudo,de um consumo moderado de álcool,de um baixo consumo de carnes e de um alto consumo de vegetais,frutas,azeite e legumes.

CANTOS DA CASA

Afinal,o ouro negro,de ouro,só tem o nome. É que se pode derramar, incontidamente, no mar,talvez por conhecer bem os cantos da casa,pois foi do mar que ele veio. Quando tal acontece,parece isso castigo,por se ter ido acordar quem estava dormindo um descansado sono de milhões de anos.

FAZER FIGURA

Viera para a cidade ainda era ele um moço novo,mas tivera de ser, para alivar os pais,que não sabiam para onde se voltar. De início,passou tratos de polé,o que já não era novidade para ele. Com a ajuda deste e daquele,e também dalguma sorte,lá conseguiu ter loja sua.
De vez em quando,visitava a santa terrinha,não só para mostrar que já não era o labrego que de lá saíra,mas,sobretudo,para ver se uns quintais de que ele se enamorara ainda lá estavam. Um dia,deviam ser dele.
E assim foi acontecendo, a pouco e pouco. É que lá na cidade fazia vida de pobre,pois todas as poupanças reservava-as ele para lhes pôr a sua marca. E logo que chegava,postava-se num alto, para os poder ver a todos.
Certa vez,viram-no numa partida para férias. Ia a pé,pela avenida,levando uma grande mala, das antigas. A mulher caminhava à frente,um pouco mais leve. Podia ter chamado um táxi para os levar ao comboio,mas nem pensar nisso. Isso era para gente rica ou desgovernada.
Era lá,na santa terrinha,que ele tinha de mostrar quanto valia,não ali,na cidade. Ali,era para forrar,para passar mal. Para ,depois,ir lá gastar,à vista de todos. Era lá que estavam alguns da sua criação. Era lá que ele tinha de fazer figura.

SEM UM QUEIXUME

Os burros deixaram muitas saudades. Tudo faziam,sem um queixume.

NECESSIDADE

A reciclagem não é coisa de agora. Desde há muito tempo que do velho se faz novo. Quando a necessidade aperta,não há outro remédio.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

PAINÉIS SOLARES



Do Flickr,por Lance Cheung

NEGÓCIO DE SOL

Por via de um certo negócio,de um negócio de Sol,os títulos da Iberdrola Renováveis treparam. Parece ser isso efeito do Hack The Planet.

HACK THE PLANET

Trata-se de um livro(Cornelia Dean,The New York Times,June 28,2010),que dá conta de propostas para contrariar o aquecimento global. Quer dizer,acredita-se na teoria que atribue esse aquecimento ao efeito de gases de estufa,resultantes da combustão de materiais fósseis. Propõe-se,
por um lado,aumentar a capacidade dos oceanos de removerem anidrido carbónico da atmosfera,por via do fitoplacton,fertilizando os oceanos com ferro,e por outro,acrescer a reflexão da radiação solar,pulverizando a atmosfera com aerosóis à base de sulfatos.
Parece tudo isto querer significar,pelo menos, que não se está disposto a prescindir,em larga escala, do uso desses materiais fósseis.

MAIS UM DIA

A preocupação pelo dia de amanhã,é sinal,pelo menos,de que se tem certo mais um dia.

OS ANÉIS

Vão-se os anéis,mas não se vão os dedos. Pois há quem faça o contrário. Podiam lá ficar sem os ricos anéis.

domingo, 4 de julho de 2010

LISBOA - BAIXA



Galeria de Perz_

QUALIDADE E QUANTIDADE

Pode dizer-se que agricultura orgânica é agricultura de qualidade. Ora,não é de qualidade,mas de quantidade,que mais de mil milhões de pessoas,que fome padecem, deste vário mundo, está à espera. Ora,também não é a qualidade que mais preocupa cerca de metade da população mundial que tem no arroz a base do seu sustento. O mesmo se aplica ao trigo,ao milho,à soja,e a outros bens da mesma família,indispensáveis á produção de alimento e de energia para uma grande parte das gentes que povoam a Terra. Sendo assim,a agricultura orgânica serve apenas a uma minoria que já está bem sevida.

VERDES ANOS

A força daquele quadro. Uma mãe,muito jovem e muito magra,dava sinais de que estaria para muito breve mais um rebento. Um tanto inclinada,aconchegava no regaço o do meio,enquanto arrastava o mais velhinho com a mão livre.
Desajeitadamente,mostrou um saco de plástico,suspenso do braço que protegia o bebé,à menina da caixa do supermercado. Não poderiam ser compras por aí além,pois não se via ajuda. O marido andaria mourejando,provavelmente a pensar na mulher e nos filhos,que deixara sozinhos.
A cara era de resignação. Já se teria enchido dela,para melhor poder suportar a vida que lhe coubera. A coragem e a esperança não a teriam,também, ainda abandonado. Os seus verdes anos seriam garantia de algumas reservas de ambas. Com elas e a resignação,e com os filhos,lá se diluiu na multidão que enchia o vasto espaço comercial.

A MARÉ

Pois onde me vê,já quase andei a pedir esmola. O que é preciso é a gente aproveitar a maré.

POR MENOS

Nem mais um tostão,que não falta para aí quem queira fazer o mesmo por menos.

sábado, 3 de julho de 2010

PUT CHOCOLATE PUDDING ON THE TOP SHELF!!



Do Flickr,por RIPizzo

Título do autor.

A PROPÓSITO DE POLIFENÓIS

Como é sabido,os polifenóis são substâncias que têm na sua estrutura dois ou mais anéis benzénicos. Constituem uma numerosa família em que se incluem taninos,lenhinas e flavonóides. Fazem parte dos flavonóides as antocianinas,pigmentos azuis,roxos e vermelhos,e as antoxantinas,pigmentos amarelos.
Como fenóis que são,cedem, fàcilmente,hidrogénio,pelo que são redutores,ou seja,antioxidantes.Esta qualidade valoriza,assim, os alimentos e bebidas que os contenham,como frutas,vegetais,chocolate,chá e vinho tinto.
Devido ao seu carácter ácido,ainda que fraco,a sua presença na matéria orgânica,sobretudo,no humus,a fracção mais resistente á degradação microbiológica,
dá aos solos maior capacidade de retenção de nutrientes.

CILADA

Lá num país distante,vivia um rei que não era má pessoa,mas com uma mania que desagradava a muitos . Era exigente. Queria que trabalhassem. Um grupinho,que se entretinha mais em brincadeiras do que com coisas sérias,não suportando tal querer,resolveu armar-lhe uma cilada.
O plano era simples. Montaram no seu gabinete um dispositivo de escuta. E com uma palavra ali e outra além, cozinharam uma montagem que indicava ser intenção do rei lesar o povo. Isto,afinal,não era mais do que a confirmação de antigas suspeitas. E eram tais coisas que constavam numa folhinha que chegou a todos os cantos do reino.
O tal grupinho tinha uma grande aceitação no povo,pois as suas brincadeiras entretinham-no agradavelmente. E aconteceu o que desejavam. O movimento de repúdio foi de tal ordem que o pobre do monarca teve de abdicar.

LADRAR

Não podendo ladrar,arranjou um cão.

NADA E APENAS

Uns,só contam vitórias,outros,derrotas,e ainda há os que nada contam,e também os que apenas contam o que lhes vem à cabeça.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

PAPEL RECICLADO

"Cerca de 50 kg de papel reciclado evitam o corte de uma árvore e, portanto,
evitaria a necessidade de novas áreas para o plantio, que poderiam estar sendo
utilizadas para a produção de alimento ou manutenção de floresta nativa, e que
estariam sendo utilizada para o seqüestro de carbono atmosférico."

In O papel nosso de cada dia,EMBRAPA-Meio Ambiente"
José Maria Gusman Ferraz
http://www.cnpma.embrapa.br/down_hp/408.pdf

JOSEFA DE ÓBIDOS,1630-1684



In Seis Séculos de Pintura Portuguesa

A COMIDINHA

O que por ali havia ,de confortar olhos e alma. Parque frondoso,recantos misteriosos,a portentosa catedral,igrejas várias,ruas de remota traça,largos,onde, à noite,o silêncio falava. Não fora para isso que ele pusera as já cansadas pernas ao caminho. Seria muito melhor ter ficado lá em casa,a ver televisão,sobretudo,os jogos de futebol,e,claro,as telenovelas dos seus encantos. Queria ele lá saber de coisas que não entravam nas conversas com os amigos. E,além disso,coisas velhas,a cheirar a mofo.
O que o movera,o que o fazia andar alvoroçado,logo que chegara,quase não sabendo para onde se voltar,fora, simplesmente,a comidinha. Mas o trabalhão que aquilo lhe dava,ainda que o não sentisse,pois fazia-o por gosto. É que ele não abancava em qualquer mesa. Só depois de uma aturada investigação é que se decidia.
E assim permaneceu,nunca se deixando levar por algumas lembranças. Os outros que se divertissem lá à sua maneira,e que lhes fizesse bom proveito.

O POBRE

Ainda bem que o encontro,pois quero mostrar-lhe o que consegui arranjar. Sabe,já não sou o pobre que conheceu.

À JANELA

Mal um companheiro ia desta para melhor,punha-se logo à janela,pois não havia meio de ela perder o medo aos ladrões.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

PEDRO ÁLVARES CABRAL DESCOBRE O BRASIL



Maurício José do Carmo Sendim,1786-1870

Biblioteca Nacional de Portugal - Biblioteca Nacional Digital

A PROPÓSITO DO DODÓ OU UMA MESA REDONDA

Os portugueses estão,seguramente,entre os últimos ocidentais que conviveram com o dodó. E isto,porque foram os primeiros a pôr pé,nos começos do século dezasseis, na ilha onde ele vivia. Ah esses portugueses valentes,que estiveram em quase toda a parte,antes de muitos outros. Até se deram ao luxo de dispensar ofertas. Batessem a outra porta. Um nunca mais acabar de feitos. Era para ter ficado derreado,de tanto vasculhar.
Com tudo isto relacionado,contou alguém uma história também de espantar,como tantas outras. O barquinho era como os demais,uma casquinha de noz. Lá partiu,lá foi pelo caminho do costume,já muito sabido,lá chegou à Índia,lá foi ao Japão. Aí parou um pouco,a pensar. Volto para trás,como tantos,que a família está lá à espera e raladinha de cuidados e de saudades, lavada em lágrimas,que a gente nunca mais chega? E se eu imitasse o Magalhães,não pelos mesmos sítios,que estou cá muito para cima? Sim,se eu o imitasse? Nem é tarde,nem é cedo. É já,pois pode ser que me arrependa.
E lá foi,Pacífico acima,meteu-se pelo estreito de Bering ,bordejou toda a Sibéria,espreitando aqui e ali,talvez para as embocaduras do Lena,do Jenissei,do Obi,passou ao largo da Lapónia,acompanhou a costa da Noruega,enfiando-se por um ou outro fiorde,atravessou o Mar do Norte,foi dizendo adeus há Albion,à França,à Espanha e,finalmente,veio bater às portas do Porto. Teria sido assim? Foi muito capaz de ser. Para o que eles fizeram,era isto uma brincadeira de criança.
Era,de facto,para ter ficado exausto. Agora,façam vocês o resto,os espanhóis,os holandeses,os ingleses,os franceses,os belgas. Agora,vou dormir,que bem mereço. E isto tudo com pouco mais de um milhão de lusos. Merecia a soneca e muito mais. Pode ser que, um dia,receba o prémio. Quem sabe? Talvez um Quinto Império,que não o de Vieira ou de Pessoa,um mais ajustado às necessidades de hoje e de amanhã,um Quinto Império que não fosse Império,mas a casa comum,de uma família unida,à volta da mesma mesa,uma mesa redonda...

RICA VIDA

Só tinha pena de,um dia,perder a rica vida que levara até ali.

EM SONHOS

Não há quem o veja. Tem viajado muito? Sim,em sonhos.