sexta-feira, 9 de julho de 2010

MALTA RIJA

Logo o professor fora adoecer no ínício do ano. Marcar passo é que não,disseram os pais,mas para os miúdos seria isso uma grande festa. Que bom,poder mandriar um ano inteiro,que era a perspectiva.
Assim não aconteceu,pois em terra próxima davam um jeito. De camioneta,punham-se lá num instante. Era só levantarem-se um pouco mais cedo. Mas a coisa não ia ser pera doce. É que a região estava sujeita a cheias,e,naquele ano,elas repetiram-se para além do que era costume.
Com a estrada de molho,tinham de ir de barco,não daqueles a motor,mas dos que se movem a remos e vara. E assim,aquele pouco mais cedo alterou-se de tal modo,que,para chegarem a horas,tinham de se levantar antes das galinhas.
Mas o pior estava para vir e era simples adivinhá-lo. Próximo da partida,surgia uma corrente de respeito,fruto de uma vala funda,que servia de dreno à lezíria. Era um outro rio. Pobres dos remadores,que tinham de fazer uso de todos os músculos,senão lá ia o barco de escantilhão,
desgovernado. Depois,seguia-se uma floresta de estacas,as estacas de amoiroar,onde se encostavam as videiras,umas,a espreitar,e outras,submersas,de que era aconselhado fugir. Uma carga de trabalhos,para quem tinha de conduzir,e uma carga de sobressaltos,para os miúdos.
Para variar,por vezes,chovia,o que dava mais molho,não poupando ninguém. O que valia era aquela miudagem ser malta rija,incapaz de desistir. Teria essa aventura servido para a enrijar ainda mais.

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