segunda-feira, 26 de julho de 2010

UM DISPARATE

Para equilibrar o barco,dois dos três quartos da casa eram alugados. Como se arranjaria aquela família? É que eles eram quatro. A dona da casa,uma senhora aí de uns cinquenta anos,solteira,fazendo não se sabia o quê,a sua mãe,muito velha e quase cega,e dois sobrinhos,um,adolescente,estudante, e o outro,para cima dos trinta,um desempregado crónico.
Lá se arranjariam,mas mal. A velhota era apanhada,com frequência,a pernoitar na casa de banho. O adolescente,porque dava em perseguir a moça que ocupava um dos quartos,era ,de vez em quando,ameaçado de expulsão. Não se admitiam poucas vergonhas lá em casa.
A moça também não se dava ao respeito. Hoje,com um,amanhã,com outro. Isto ia na linha do que ela,às vezes, dizia. Homem que não tem sete mulheres não é homem. Coitada dela,que já se lhe fora um rim. Era merecedora de melhor sorte.
O desempregado crónico,muito magro e muito pálido,andava,por vezes,em grande desespero. Um dia,ainda era capaz de fazer um disparate de todo o tamanho. Mas ficava-se por ali,sem especificar.

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