terça-feira, 31 de agosto de 2010

UM LONGO CAMINHO PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR

Isto deixa as áreas rurais isoladas...A Revolução Verde do passado século... Falta de meios...
Kofi Annan...o pequeno agricultor nada só...

UMA DAS MAIORES AMEAÇAS MUNDIAIS

Num novo livro...

ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS

Mais um aviso sobre as consequências da acidificação dos oceanos.

INSÓNIA ALENTEJANA

Pátria pequena,deixa-me dormir,...

GENOMA DA FORMIGA

O seu conhecimento,entre outras coisas,
irá permitir saber mais sobre longevidade,
a pensar,certamente,nos humanos.

O MEU ALENTEJO

Meio-dia. O sol a prumo cai ardente,...

CHÃO SAGRADO

São apenas uns palmos de terra....

GANHO

Ele nunca dizia quanto ganhava,mas estava sempre interessado em saber o ganho de outros.

UM DIA

Eles sabem que não o podem levar consigo,mas talvez,um dia,quem sabe?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

BENEFÍCIOS,RISCOS E CUSTOS DA GEOENGENHARIA NA ESTRATOSFERA

Injecting sulfate aerosol...

AS SUJAS

Não suportavam ver uma camisa lavada num pobre.
E,assim,quando o viam com uma,lembravam-lhe,com todas as letras,
ou seja,à má cara,como eram as sujas.

SENHORA NAGONIA!

Georges! anda ver meu país de Marinheiros,...

GENOMA DA MAÇÃ

Cientistas de cinco países...

FOTOGRAFIAS DE RONAN MICHAUX - I

Ponte 25 de Abril.

GELO NO OCEANO ÁRCTICO

Uma expedição científica chinesa no Oceano Árctico.

ÁRVORES MONUMENTAIS DE PORTUGAL

Devido ao clima propício,...

UM MODO DE ESTAR - IV

Admirar. Aprender. Respeitar. Ter paciência. Desculpar. Crer.

PEDRINHAS DE CALÇADA

De que país seriam aqueles moços?...

FRAQUEZA

Ser bom,pode ser prova de fraqueza.

AMIGO

Ele fora amigo de toda a gente,mas, quando precisou ,não encontrou um amigo.

domingo, 29 de agosto de 2010

LAGO WINDERMERE - CUMBRIA

O maior lago natural de Inglaterra.

DE TARDE

Naquele "pic-nic" de burguesas,...

O SUAVE MILAGRE

Nesse tempo Jesus...

CÂNTICO NEGRO

"Vem por aqui" -...

UMA INTERVENÇÃO DE GEOENGENHARIA

Um vazio deixado pela extracção de material fóssil,vai ser utilizado para armazenar outro material fóssil. Trata-se,assim,de uma intervenção de geoengenharia.

ENGORDAR

Ainda bem que as portas eram estreitas. Assim,não podiam engordar.

ENGENHO

A necessidade é a mãe do engenho,e sabe-se lá mais de quê.

sábado, 28 de agosto de 2010

LABRADOR

Flickr,por Crazy Souza

Título do autor

SURPRESAS DA SEMANA

São 21,as Surpresas da Semana,no blogue Maria Pudim.

UMA NOVIDADE OPORTUNA

Uma nova bactéria dá conta da mancha de petróleo que se derramou no Golfo do México,
como vem em Science et Avenir,26 de Agosto,2010. Uma novidade oportuna,não resta dúvida.

UM MODO DE ESTAR - III

Poupar. Ajudar. Não estar sempre a pensar no mesmo. Observar. Trabalhar. Compadecer-se.

PROVÉRBIOS

São muitos os provérbios que por aí correm,fruto de continuada observação de factos da vida,e de cada um. Os seus autores não se terão excluido,certamente,que anda quase tudo ao mesmo.Terá sido uma forma de se aliviarem,de se desculparem,de distribuir o mal pelas muitas aldeias.

FIO DAS MEADAS

Uma espessa névoa os envolve ,mas ainda se conseguem distinguir. Parecem espectros a desfilar,a acenar,a dizer que vão voltar.
O Lojista. Davam-se,apsar de idades um tanto afastadas,e das ocupações. Um,andava no liceu,o outro, era dono de uma loja. O ponto de cruzamento residia no gosto pelos romances.
O lojista lia muito,mastigando lentamente os enredos,de modo a não perder o mínimo fio das meadas. Pode dizer-se que os vivia,quase como fazendo parte deles,metendo-se na pele de uma ou outra personagem. Não se limitava a seguir as narrações. Raciocinava,criticava,opinava. Era isto estimulante,pois havia divergências,uma delas do tamanho de uma crença. Todos os sábados, fazia uma visita muito especial. Era metódico. A certa hora,avisava e convidava,sabendo,de antemão,a resposta. Não vou por aí,à maneira de Jose Régio. Discreto,não avançava comentários,ao contrário de muitos,que se desdobravam em argumentos e pormenores.

CONFERIR A CAIXA

Ele não o confessava,mas tinha todo o ar de quem gastava muito tempo a conferir a caixa.

DE MALA AVIADA

Não aqueciam lugar,pois estavamm sempre de mala aviada para partirem para outro.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PREÇO DO TRIGO

Apsar das quebras de produção de trigo na Rússia,na Ucrânia e no Casaquistão,por via da seca,não se prevê subida significativa do seu preço,dado o elevado nível das reservas. É o que vem em Bloomberg,Commodity Futures,27 de Agosto,2010.

AGOSTO PASSA

AS VINDIMAS
Agosto passa. É o mês de sazão dos grandes frutos,em que as debulhas terminam,os pêssegos turgescem,abeberam os figos e,enfim,se decide a abundância ou a escassez das nossas vindimas....
Aí vêm agora em plena exuberância as verduras brunidas da paisagem vinhateira,cujos metálicos pâmpanos ascendem por cima dos arvoredos e valados,na estesia dos seus viços bravios,pendendo os cachos ingurgitados de sucos,cuja diversa tintura já começou a acentuar-se. Lebres,corvos.codornizes,pardais,tudo agora se abate sobre a vinha esbagoada em topázios,ametistas e rubis....

FIALHO DE ALMEIDA
O País das Uvas
Círculo de Leitores
1981

GENOMA DO TRIGO

Cientistas do Reino Unido conseguiram decifrar 95% do genoma do trigo. Espera-se que tal avanço ajude a obtenção de novas variedades mais produtivas e mais resistentes às doenças e adversas condições climáticas,que tão vitais se mostram,na dupla perspectiva de crescentes necessidades e de surto de secas não desejadas.

É uma notícia que vem em Daily Telegraph,27 de Agosto,2010.

CASO ARRUMADO

Já agora,continuemos a supor. Suponhamos,então,dois estados da criação,que toda a gente,até uma criança,acharia serem muito diferentes. Um,muito triste,um vale de lágrimas. O outro,ao contrário,um muito alegre,bem disposto,só sorrisos.
O de beiço caído seria assim. De negro vestido,muito tapado,até a cara,a maior parte do tempo recolhido em casa,olheirento,dos jejuns,dos sacrifícios,das ralações. E aqui nas ralações,havia uma pausa para as apresentar. E eram as doenças,e era o não ter dinheiro para levar uma vida decente,e era o desemprego por anos a fio,e eram as dívidas sempre a crescer,e eram os silícios para amachucar corpo e alma,e eram as escaramuças por dá cá aquela palha,e eram as invejas por aquele ter mais do que eu, e eram menos invejas por o outro saber mais umas coisas,enfim,porque há que terminar,que a paciência esgotou-se,não porque não houvese mais,mas porque a paciência tem um limite,por falta dela,por se esgotar.
O outro,o outro estado,há que lembrá-lo,pois já podia haver esquecimento do que se estava para aqui a falar,o da alegria,o dos olhos brilhantes,por nem a lembrança de uma lagrimazinha sequer ocorrer. E ese estado seria como se vai mostrar.
De cores garridas enfarpelado,por não se fabricarem outras e já não haver em armazém as do vale de lágrimas. Deve,de vez em quando ser lembrado este,não se vá esquecê-lo,por causa das comparações,para não haver confusões. Além das cores,havia muito mais marcas,que o distinguiam do outro,o do vale de lágrimas,que, o mais depressa possível,deve ser mandado passear,que não é cá preciso para nada. Para lágrimas,bastam as do passado,bastam as dos meninos pequeninos,que,até,já se olvidaram. E que marcas seriam? É necessário mesmo pô-las a desfilar? Parece que não. Era um estado ao invés do outro,que DEUS,ou o BIG BANG, não deve querer. Não foi para isso que ELE fez o mundo. Cabe lá na cabeça de alguém,no seu perfeito juízo,que DEUS,ou o BIG BANG, tivesse ido lá ao Nada,para se ver aquilo que se está vendo,e que é,com umas ligeiras diferenças,tal como o que já foi visto nesse passado de má memória,de pôr os cabelos em pé,mesmo a um careca? Não cabe,e se cabe,não deve perder um segundo sequer para bater à porta do médico. DEUS,OU O BIG BANG, queira que ele lá esteja,porque,então,era caso arrumado.

"DRY WATER"

Mais um instrumento de geoengenharia,a "dry water"(água e sílica),anunciado como sendo capaz,entre outras funções, de absorver e armazenar CO2. É o que vem em Science Daily,25 de Julho,2010. O anúncio foi feito por ocasião do 240th Meeting of the American Chemical Society.

UMA FORTUNA

Uma espessa névoa os envolve ,mas ainda se conseguem distinguir. Parecem espectros a desfilar,a acenar,a dizer que vão voltar.
O Menino. A loja do senhor Maia tentava-o. Os rebuçados,as bolachas,os chocolates não lhe saíam da cabecita. E assim,todos os tostões conseguidos iam parar sempre à mesma gaveta.
Um dia,o padrinho contemplou o menino com uma fortuna,que lhe transtornou o juízo. Sem pedir conselho a ninguém,logo que apanhou a porta aberta,escapuliu-se,e ali vais ele,direitinho,quase a correr,ao encontro do balcão dos seus sonhos. Lá chegado,poisou nele,a custo,que o balcão era mais alto do que ele,a moeda que os seus bolsos jamais tinham visto.
Quando o senhor Maia o atendeu,apontou para um frasco com a sua paixão na altura,umas bolachinhas coroadas de estrelas de várias cores. O senhor Maia,resmungando,muito desconfiado,lá aviou a encomenda.
Com um pacote dos grandes em cada mão,bem encostados ao corpito,não se espalhassem as queridas bolachinhas pelo chão,voltou para casa,em triunfo. Foi isso sol de pouca dura,que a mãe não consentia esbanjamentos. O senhor Maia já esperava. Teve o menino de se contentar com um miserável pacotito. Para aprender.

RICOS TERES

O pavor que ia naqueles olhos,só de pensar que ,um dia,poderia ficar sem os seus ricos teres.

MUITA ESMOLA

Acabando as esmolas em dinheiro,ou coisa equivalente,há ainda muita esmola para dar.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

GEOENGENHARIA

A combustão de materiais fósseis não dá mostras de abrandar,pelo que é de esperar crescente aumento do teor de CO2 do ar,com reflexos vários,como é bem sabido. A procura de novas jazidas persiste,inclusivamente,em zonas que o degelo tem permitido,como na Gronelândia.
Para contrariar esse acréscimo de emissões de CO2,têm sido propostas,como se sabe,também, algumas intervenções de geoengenharia,como seja a fertilização dos oceanos com ferro,a captação de CO2 das muitas combustões,o seu enterramento,árvores artificiais,o injectar sulfatos na estratosdera,o uso de telhados e pavimentos de cores claras.

TRISTÃO DA CUNHA

Um arquipélago perdido no Atlântico Sul,a oeste do Cabo da Boa Esperança,que o navegador portugês Tristão da Cunha achou,em rota para a Índia,em 1506.

COISAS LIGEIRAS E SÉRIAS

Num jornal,logo na primeira página,a abrir,com letra grossa,a provocar:"As pessoas gostam que faça de má". E na terceira,em desenvolvimento deste gostar,a letra mais grossa :"A Catarina irrita-me". Na segunda,em CINEMA:O Sabor do Amor. No miolo,põem-se as notícias,digamos,de maior interesse social. Parece que o despertar dos leitores para coisas sérias tem de ser preparado com coisas ligeiras. Será assim?

UMA SENHORA

Viera muito novinha para aquela vida,pois lá em casa é que ela não podia ficar. As bocas eram muitas. Bem lhes custou, a ela e à mãe,o separarem-se. Aquilo foi uma choradeira de pôr a chorar também as pedras lá da casa e da calçada. Mas que se havia mais de fazer,se não se lhes abria outra saída? Aliviava o pesado fardo dos pobres pais e seria até capaz de mandar-lhes algum dinheiro. Não seria muito,mas faria jeito.
Serviu algumas senhoras,sempre na mira de forrar mais uns patacos,que as mesadas eram curtas,pela muita competição. Não fora só ela mais a mãe a carpirem,pois tiveram larga companhia. O dinheiro também não abundava em muitas famílias. Com o tempo,lá conseguiu enfiar no mealheiro o suficiente para o enxoval. Não era o que eles queriam,mas sempre dava para começar.
E um dia,quem é que ela havia de encontrar? Mas é o menino. Tão crescido que ele está,quase não o reconhecia. Gostava muito que viesse a minha casa. É mesmo ali. Pouco mais tinha do que um quarto,mas estava bem recheada. O prazer que ela colheu a mostrar o armário dos vestidos,a abarrotar. E a bateria de sapatos debaixo da cama? Ela era,também,naquela altura, uma senhora. Para que constasse.

SEM INTERVALO

Era um jogo sem termo,e um desafio sem intervalo.

SER E TER

No seu alto entender,nunca se excediam,pois achavam que tudo podiam ser e ter.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ENERGIA HÍDRICA

Com a construção da segunda maior barragem hidroeléctrica do mundo,a seguir à das Três Gargantas,a China passará a ser o maior produtor mundial de energia hídrica.

In China Daily,25 de Agosto,2010.

REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE DIÓXIDO DE CARBONO EM PORTUGAL

O recurso a energias renováveis, em Portugal,reduziu as emissões de dióxido de carbono em 36%. É uma notícia de Point Carbon,de 24 de Agosto de 2010.

http://www.pointcarbon.com/news/1.1468695

SEM AVISO PRÉVIO

Era uma vasta área,quase plana. Quer dizer,a água que lá caísse,só podia sair dali,a
bem dizer,na vertical. E assim,quando chovia demais,as plantas que por lá faziam pela vida,uma boa parte das vezes,searas de trigo,viam-se e desejavam-se para respirar,mostrando cara muito amarelinha.Em terreno lavrado,todo o cuidado era pouco,
pois,sem aviso prévio,havia o risco de se ir por ali abaixo.

INGRATIDÃO

Que alívio. Morrera o sujeito que lhe dera uma ajuda quase vital,uma coisa assim sem importância. É que ele temia que o outro fosse de cobrar,que uma vez por outra,ou mesmo,a cada passo,tal feito lhe estivesse a lembrar. O que lhe estava doendo muito,pois chegaria lá pelos seus próprio pés,sem ter necessidade de estar a dever favores,e muito menos àquele que,finalmente,se finara.
Podia,a partir desta tão desejada altura,dormir descansado ,para sempre,pois não mais se teria de preocupar com uma coisa destas,que o trazia muito amarfanhado. Que alívio. E assim,descansado,dormiu algum tempo. Mas, não se sabe porquê,desatou a pensar em que mais alguém podia saber do sucedido,uma vergonha,para ele e para a famíla. Podia ter sido segredado à mulher,a um filho,a um amigo,e até a um inimigo,sabe-se lá.
Apressou-se,por isso, a fazer um inventário de todas essas possibilidades e ficou alerta. É que só sossegaria de vez,quando os visse todos também no outro mundo. E esse dia veio.
Finalmente,chegara o momento em que podia ter sempre sonhos lindos. Pois é. O raio daquela memória que não havia meio de claudicar. É que o pobre,que,por acaso,estava,agora, rico,passou a ser massacrado com aquela sua mão estendida,lá muito para trás no tempo,gesto que acontece a tanta gente,má ou boa. Situação mais que intolerável,tão assim,que acabou por desejar a sua própria morte,que aquilo era um inferno. Mas a morte fê-lo esperar um ror de tempo,só para o castigar,por tanta ingratidão.

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO

Ora,diga-me lá o menino,por sinal,um menino já crescidinho,com barba â vista,diga-me lá o que é o cloreto de sódio. Então,o cloreto de sódio é um material de construção.

MENOS UM

 volta cá te espero. Mas era melhor que não voltasse,que ficasse por lá,pois era menos um "inimigo".

terça-feira, 24 de agosto de 2010

NOVA EXPERIMENTAÇÃO DE VIDEIRAS TRANSGÉNICAS

Trata-se de videiras destruídas em Colmar,França,que o governo está prestes a financiar. Eram videiras transgénicas,resistentes ao virus do nó-curto,obtidas no INRA,Instituto Nacional de Investigação Agronómica.

In Science et Avenir,24 de Agosto,2010

MENOS CONVERSA DE CAFÉ

E mais ciência,é o que se lia há dias acerca de uma hipotética tragédia,a lembrar histórias apocalípticas,caso o metano, que as regiões geladas guardam, resolvesse libertar-se. É que,como se sabe,o metano é um muito potente gás de efeito de estufa. Seria isso,pois,mau,muito mau. Enfim,há que esperar que tal não venha acontecer,que a atmosfera,com o seu escudo de radicais livres,vá dando conta de algum metano que se vá desprendendo,lá de regiões polares,ou de outras fontes não tão frias.

NATAL

Parte do nome de província oriental da África do Sul. Vasco da Gama,no seu navegar para a Índia,chegou lá, no dia de Natal de 1497.

DAR BAIXA

Dava jeito aquele biscate,pois sempre eram uns cobres a somar a outros cobres. Tratava-se de fazer de advogado de defesa de gente apanhada com a boca na botija. Podiam recorrer os infractores,ou assim julgados,na esperança de apanhar uma pena mais leve ou mesmo serem mandados em paz,para ganharem juízo.
E era aqui que ele entrava. Mas como provar que farinha de trigo não ficara convivendo com farinha de milho,que no leite não se tinha dissolvido carbonato de sódio,que óleo de amendoim não marcava presença em azeite de primeira,que vinho branco não fora convertido em tinto,como por milagre,isto,só para referir algumas maldades?
Uma valente carga de trabalhos,de aflições,de risos amarelos,e sabe-se lá mais o quê. Lá conseguiu,porém, atenuar os castigos e até um perdão.
Mas ele,coitado,não tinha estômago,nem coração, para suportar uma coisa daquelas. Teve,assim,de desistir,dar baixa,com muita mágoa,está-se mesmo a ver porquê.

DESOLAÇÃO

Eram quilómetros e mais quilómetros de terra parda,calcinada. Não cruzava os ares uma ave,nem se ouvia a cegarrega das cigarras. Só de lá longe em longe, é que se via uma casa,que mais parecia um casebre. Quem poderia,de facto, ali morar? Certamente, gente muito pobre,que aquela desolação não dava para mais.

AS COSTAS

Quando pensam que estão a perder,lá no seu recto entendimento,dão o encontro por terminado,alegando que os esperam lá em casa,ou então,o que é pior,disparam,quer dizer,vão-se embora,dando,desabridamente,as costas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

UM MODO DE ESTAR - II

Não se exaltar.Ver as coisas pelo lado positivo. Não dizer mal dos outros. Perdoar. Contentar-se com pouco. Sorrir.

NOME BEM ESCOLHIDO

Flores é o nome de uma ilha da Indonésia. Dada a sua vizinhança com Timor,é de crer que tenham sido os portugueses a baptizá-la. O ter perdurado,significa,pelo menos,
que o nome foi bem escolhido,e,mais ainda,que,apsar das canseiras,ainda tinham disposição para pensar em flores.

A SAÚDE E A POLÍTICA

A revista Newsweek trazia, há dias,uma classificação algo surpreendente para muitos. É que,num conjunto de cem países,Portugal figurava entre os trinta primeiros,mais concretamente,na vigésima sétima posição. Para isso,tinha contribuído,muito positivamente,a saúde e a política.

O MAIS DESEJADO

Uma espessa névoa os envolve,mas ainda se conseguem distinguir. Parecem espectros a desfilar,a acenar, a dizer que vão voltar.
O Artista. Desenhava e pintava primorosamente,de maneira espontânea,sem escola. Um dom. Todo entregue à sua vocação,como que comandado por ela,não cuidava de mais nada. Não estudou,por horror aos livros. Não se empregou,por horror ao patrão. Ele era um artista,e,
portanto,a sociedade tinha obrigação de o sustentar. Alguns tinham disso alguma compreensão,pelo que lhe faziam encomendas. Era,sobretudo,pelo retrato que mais o procuravam.
Era alto,elegante,e uma cabeleira farta,ondulada,a puxar para o loiro,coroava-o. Julgava-se,de resto,um Adónis,adorado pelas mulheres. Tudo isto se conjugava para ele gostar de fazer vida de grande senhor. Mas,coitado dele,teve de refrear muito este seu jeito. Havia,porém,uns dias em que ele,de alguma maneira,o podia praticar. Tratava-se dos dias de pagamento das encomendas. Esbanjava nessas ocasiões. Escolhia a melhor pastelaria e banqueteava-se. O lugar em que se sentava ficava por detrás da montra a abarrotar de coisas boas. E assim,dizia ele,que,naqueles dias,era o homem mais desejado lá da terra.

TEMPERATURAS

Tudo pode acontecer,tanto mais tratando-se de temperaturas. Podendo elas dar origem a compensações, no caso de se exceder certo limite,é de crer que se chegue ao ponto de anunciar menos do que o previsto.

CRIANÇAS

Queriam ficar sempre jovens,pelo que nunca deixavam de ser crianças.

domingo, 22 de agosto de 2010

UMA ANTIGA MARCA PORTUGUESA NO CANADÁ

Trata-se de Labrador,designação,como se sabe,de uma região do extremo nordeste do Canadá,mais concretamente,da parte continental da província da Terra Nova. Deriva ela de Lavrador,nome pelo qual era conhecido o navegador português João Fernandes,que
terá visitado esta região no começo do século XVI.

CONTINUIDADE



Do blogue OLHARES DA NATUREZA,de ARMANDO GASPAR

AMIEIRA DO TEJO

UM MODO DE ESTAR - I

Pensar nos outros. Falar com toda a gente. Empregar palavras simples,que todos entendam. Confiar. Tolerar. Ter esperança.

UMA SEMENTINHA DE RÍCINO

Era caso para esconder,para silenciar,que casos destes contam actos de estarrecer,mas
actos que se perpetuam. Uma sementinha de rícino veio instalar-se,um dia,numa estreita nesga de terra,um mísero intervalo entre duas pedrinhas de calçada. Um tanto ao lado,mas em plena terra,bem adubada por um esgoto subjacente,dava mostras do que valia, uma bem nutrida nespereira.
Da sementinha,brotou um arbusto,que bem depressa se fez árvore. E é ver a pobre nespereira a definhar de dia para dia,e o rícino a crescer a olhos vistos,de que é responsável,certamente,o muito azoto que o esgoto lhe traz. Já está â altura de um primeiro andar e já faz sombra à infeliz nespereira,que se estará lastimando pela sorte que lhe coube.

CIMENTO ARMADO

É de ficar aterrado com as barbaridades,as violências,as loucuras que enchem,a transbodar, o muito estendido passado do homem,parecendo todas elas terem caído em saco roto,a atentar na sua frequente repetição,e,até,na sua ignorância,como não tivessem tido lugar,ou fossem coisas de somenos.
Os tratos a que o pobre ser tem sido sujeito. É de admirar como ainda há homem,como ainda está inteiro,como não se escaqueirou já todo,não ficando osso sobre osso. É de cimento bem armado este homem,para a tanto abalo resistir.

MESMO LUGAR

Só descansariam,quando dessem a volta toda. Quer dizer,não saíam do mesmo lugar.

sábado, 21 de agosto de 2010

DECLÍNIO DA PRODUTIVIDADE GLOBAL


Um outro olhar sobre o estudo na Science,20 de Agosto:Vol 329.no.5994,pp.940-943,vem,
agora,em Science Daily,de 21 de Agosto,2010. Segundo dados de satélite da NASA,seca regional tem dado origem a um declínio da produtividade global das plantas.

Imagem da NASA,de 2003,retirada de Science Daily,de 21 de Agosto,2010. A cor vermelha afecta regiões de produtividade reduzida,e a cor verde,regiões de produtividade aumentada.

TUDO

Para eles,o limite era tudo.

GULA

A gula era tanta,que nunca saboreavam o que comiam de cada vez.

ACERCA DOS ADUBOS POTÁSSICOS

Como se sabe,o potássio,à semelhança do azoto e do fósforo,é um dos nutrientes de que as plantas mais precisam. A sua falta é suprida com a aplicação de adubos,sendo os mais utilizados o cloreto e o sulfato de potássio. Estes adubos são obtidos a partir de jazidas sedimentares espalhadas pelo globo,sendo os maiores fornecedores o Canadá,a Rússia,a Bielorússia,a Alemanha,Israel e a Jordânia,que,no conjunto,contribuem com noventa por cento da produção total. As duas maiores empresas exportadoras são a Canpotex,do Canadá,e a Bielorussia Potash,que agrupa os fornecedores da Europa oriental. Tal como qualquer outro bem,os seus preços estão sujeitos às contigências do mercado,tendo passado por um tempo aúreo em 2007-2008,
estando,agora,mais em conta,e ainda bem,como é evidente.

O VALE ERA VERDE

Aquela paisagem,novíssima para ele,encantara-o,seduzira-o. Não sabia para onde se virar,pois em muitos quadros ela se desdobrava,todos de ficar a eles preso. Era o amplo vale que a seus pés se abria. Era o vagaroso rio,a serpentear,que mansamente o cortava. Era a galeria de palmeiras e bananeiras que o alegrava. As bananeiras cresciam ao Deus-dará,com os pés-mães e os filhotes criando densas cortinas. As palmeiras,esguias,procuravam o céu. Eram os palácios de mergulhões,que não desejariam outro poleiro,pois, além de quartos,tinham mesa e roupa lavada,tudo de borla. Podia dizer-se que o vale era verde. Até o rio verde era,de reflexos e de constituição. Havia ainda um outro verde,um verde mais carregado,de outras palmeiras,não tão elegantes,ordenadas,muito apaparicadas. Eram nelas que os exímios trepeiros mostravam as suas habilidades,quando os cachos estavam a pedir que os fossem lá colher. A noite caía quase a pique. E o verde passava a tons violáceos,tudo muito a correr,que era urgente ir descansar. Era nesta altura que os embondeiros,que o punham especado,muito respeitador e um tanto temeroso,na sua frente,pareciam fantasmas de muitos braços. E os seus frutos,de pedúnculos compridos,lembravam ratazanas que eles usariam para mais amedrontar. Mas mal o sol acordava,de novo o vale se pintava de verde,de um verde mais verde. E os fantasmas e as ratazanas iam dormir.

DESLISE

Como se sabe,não há totais perfeições,mas há uns,ou umas,que andam lá por perto,o que não agrada mesmo nada a outros,ou outras. Assim,quando aqueles,ou aquelas,cometem
um deslise,estes,ou estas,não mais o esquecem,estando,quando convém,a lembrá-lo.

FORTES E FRACOS

Que mania aquela. Para se fazerem fortes,abusavam dos fracos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

UM NOVO BIOCOMBUSTÍVEL

Trata-se do Ecosse,um sub-produto da fabricação do uisque. Os seus autores são cientistas escoceses. Um aspecto simpático deste invento é a dispensa de mais matéria prima original.

In Science et Avenir,de 20 de Agosto,2010.

ACUMULAÇÃO DE PLÁSTICO NO ATLÂNTICO NORTE



Imagem retirada de Science Daily,de 19 de Agosto,de 2010.


Em sucessivas colheitas,de 1986 a 2008,mais de 60% do material de plástico colhido em águas superficiais do Atlântico Norte tem dimensões milimétricas,sendo este um dos resultados de um estudo publicado em Online August 19, 2010
Science DOI: 10.1126/science.1192321,e que Science Daily,de 19 de Agosto,de 2010, refere.

BIOMASSA TERRESTRE

A biomassa terrestre é uma medida do sequestro do carbono,como vem em Science 20 August 2010:Vol.329. no.5994,pp.940-943. Assim,as suas variações reflectem a eficácia da remoção do dióxido de carbono e a competição entre alimentos e produção de biocombustíveis,como se acrescenta.

CABO DA BOA ESPERANÇA

Há nomes que resistem ao dobrar dos anos,e das vicissitudes,como o do Cabo da Boa Esperança. Neste caso,deve ter dominado o ser da Esperança,que em todos habita.

MANTA DE RETALHOS

Olhe que esse terreno não lhe vai servir para o ensaio,e quem o escolheu não sabe o que anda a fazer. É que um rebanho de ovelhas andou por ele tratando da sua vida. Havia,de facto,alguns vestígios sólidos da sua passagem. Dos líquidos,a análise logo os acusou.
As ovelhas tinham privilegiado certos sítios,pelo que aquilo era uma manta de retalhos. Onde se tinham mais demorado,os teores de potássio eram muito mais altos.
Serviu este caso para se ter mais cuidados na selecção de locais para ensaios,para os quais se exige a maior uniformidade.

PRODUTIVIDADE

A falta de produtividade tornara-se quase em lei. Assim,quem a infringia era mal visto.

A DIFAMAÇÃO

A difamação rendia,pelo que abusavam dela.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

UMA SUGESTÃO PORTUGUESA EM NOVA IORQUE

Queens,como se sabe, é o nome de uma das divisões administrativas de Nova Iorque,e a rainha, é Catarina de Bragança(1638-1705),filha de D.João IV e de D.Luísa de Gusmão. Não deu descendência a seu marido,Carlos II de Inglaterra,mas este,em compensação,
deixou,segundo se lê,muitos descendentes. Queens,pois,uma sugestão portuguesa em Nova Iorque.

ASSOCIAÇÕES DE RAIZES E DE FUNGOS

Como se sabe,as micorrizas são associações de raizes e de fungos. Pelas raizes,os fungos recebem sintetizados,como hidratos de carbono. Pelas hifas dos fungos,chegam às raizes o que se encontra dissolvido na água,reforçando-as. Por outro lado,os fungos, pelo seu próprio metabolismo, geram substâncias que podem favorecer a solubilidade de nutrientes,como no caso do fósforo.
Ora, associando-se estes fungos micorrízicos a cerca de noventa por cento das espécies,tudo quanto se faça para o esclarecimento dessa frutuosa relação é bemvimdo. E é dessa natureza o trabalho que vem em Nature Communications 1,de 27 de Julho de 2010,com o título - Mechanisms underlying beneficial plant-fungus interactions in mycorrhyzal symbiosis.

NATUREZA SELVAGEM

Porque ficara impressionado o homem com aqueles registos? Talvez tivesse sido a sucessão de montes pintados de cores violáceas. Mas também o lajedo rochoso,o verde dos prados,o mato florido,a promessa de silêncio. E algumas vezes as gentes. Rudes,talhadas a machado,como o passador.Era este a imagem de um sobrevivente de muitas calamidades e contratempos. Porventura, o modelo de todos os que conseguem,apsar de tantos reveses,ficar à tona. Parece,por vezes,ir submergir para sempre. Mas com um golpe de rins,um salto mais atrevido,uma marcha mais veloz,lá surge ele com maior determinação para viver.Era uma irradiação da natureza selvagem que o rodeava,de onde ele brotara,como que espontaneamente. Muito aprendera com ela. Vira nascer e morrer. Vira armadilhas e cercos. E vira que nem todos se deixaram prender. Certas vezes,fora a sorte que o lograra,outras,a vontade de continuar,de teimar,como ele.Como que fora levado a isso. Aquela beleza rude,dominante,quer ser vista,apreciada,gozada. E só aceita gente forte,corajosa,destemida. É capaz de aborrecer os fracos,os desinteressados,os apáticos,os abúlicos.

TONALIDADES

Numa cor,há várias tonalidades. Pois há quem não as queira distinguir,pondo-as todas no mesmo saco,só por embirração.

MAIS EXACTAMENTE

Aquela brilhante cabeça,tal como o resto,em boa verdade,não eram dele,mas lá a ia utilizando em seu proveito,enquanto podia,mais exactamente,enquanto lhe era permitido.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

FIXAÇÃO E LIBERTAÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO

Como se sabe,pela fotossíntese, as plantas portadoras de clorofila fixam dióxido de carbono atmosférico,uma parte da qual regressa à atmosfera por via da respiração. A outra parte,maior ou menor,fica retida na forma das mais diversas substâncias orgânicas nos tecidos das plantas. Essa parte ir-se-á libertando na medida da sua decomposição microbiológica,resistindo menos as plantas de vida curta,como as ervinhas,mas muito mais,pela sua longevidade,as árvores. A campeã dessa resistência é a muita matéria orgânica que se foi depositando,ao longo de milhões de anos,nos fundos dos oceanos,e sofrendo sucessivas alterações,transformando-se em carvão mineral,petróleo e gás natural. A resistência acaba,tem o seu triste fim,quando esses materiais fósseis são combustados.

CRÓNICAS RECEITAS

Para o mesmo mal,um mal que se eterniza,as receitas não têm mudado. É isto uma clara evidência de que não têm sido aviadas ou que são necessárias outras. Assim,nada feito. Ainda se pensara que água mole em pedra dura acabasse de a furar. Pura ilusão. O que se tem visto são apenas umas ligeiras mossas,nada mais.
Não haverá volta a dar-lhe? A disposição é só representar? Está bem à vista que muitos o fazem primorosamente,em qualquer palco,na rua mesmo. Talvez por isso muitos teatros tenham ficado às moscas. Para quê lá ir se se tem espectáculo de borla a cada passo,alheio ou próprio? Uma fartura.
Parece, assim,que as receitas estão desajustadas. Têm de surgir outras,mais de acordo com a actual natureza. Mas pode acontecer que,entretanto,todos se transformem em anjos,para quem as crónicas receitas seriam destinadas.

EU PAGO TUDO

Era capaz de ser paixão,mas também podia ser capricho,ou ser nada. Era homem,de facto,para quase tudo. O que quer que fosse,estava associado ,porém,a uma grande distracção. E isso podia acarretar desastres. E foi o que aconteceu,pelo menos,duas vezes.
A paixão,capricho,ou lá o que era,dizia respeito a touradas. Era,ou supunha-se que era,um aficcionado. Ia numa delas sicrano e beltrano,um par de fama. Não podia faltar,só que era já muito tarde. Oh Manel,quero já aqui o carro. Olha que tenho de chegar a tempo. E o condutor tinha de ir a mata-cavalos,com ele sempre a pressionar.
De uma das vezes,foi um pobre que foi desta para melhor. Talvez até lhe tivesse agradecido. Ia a atravessar a estrada. Ora o que me havia de suceder? Isto só a mim. Mas eu não posso ficar aqui.
Oh senhor guarda,eu pago tudo,mas, pela sua rica saúde,deixe-me ir. Não se sabe se foi,mas é muito provável que tivesse ido,pois no carro apenas se notava uma amolgadela sem importância.
Da outra vez,tratou-se de um rebanho de carneiros,uma muralha de respeito. O carro também ficou com muito para contar. E ele ficou muito triste por não poder estar presente.

SERVOS INCAPAZES

Era um senhor incapaz de despedir servos incapazes,talvez por terem sido os servos a contratrarem-se.

SEGUIDORES

Diziam-se seguidores de um mestre que não seguiam.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

ONDAS DO MAR PODERÃO FORNECER ENERGIA À AUSTRÁLIA

In Ruters Brasil

terça-feira, 17 de agosto de 2010 14:37 BRT Por David Fogarty
CINGAPURA (Reuters) - As ondas que arrebentam na costa sul da Austrália contêm energia suficiente para fornecer três vezes a energia necessária ao país, afirmaram cientistas na terça-feira em um estudo que ressalta a escala da energia verde australiana.

Publicada no último número da revista Renewable and Sustainable Energy, a pesquisa vem a público enquanto o país se esforça para se desprender de anos de uso de carvão -- que é barato, mas polui muito - e colocar um preço nas emissões de carbono.
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MIL FLORES







Do blogue OLHARES DA NATUREZA,de ARMANDO GASPAR

Título do autor

NÃO HAVIA ENGANO

As rosas vermelhsas estavam cansadas,queriam ir dormir. Aquele canto,que fora um encanto,já não era o mesmo de há uns tempos atrás. Mas havia ainda muito Maio pela frente,havia ainda muita promessa a cumprir-se.
E assim,logo ali ao lado,já se tinha desdobrado uma vasta,uma densa mancha,de tonalidade amarela,de um amarelo torrado. Quase se tinha ganho com a troca. Quase. Porque não há quem suplante aquelas rosas vermelhas.
A compor o quadro,viera,também,não muito longe,outra ajuda. As flores aí eram róseas. Mas a ajuda não se ficou por aqui. Uma tira larga de malmequeres brancos quis dar a sua contribuição. E lá mais para diante,os jacarandás já se estavam a preparar para entrar em cena.
Estava-se em Maio,não havia engano.

UMA ESPESSA NÉVOA

O Homem das castanhas. Alto,forte,bonacheirão,de grande cabeça,de olhos congestionados. As castanhas eram assadas em fornos de padaria. Estavam sempre quentinhas,que ele tinha artes. Envolvia-as com sacas de linhagem e folhas de papel de jornal.
Circulava com a cesta suspensa dos seus largos ombros. Os miúdos gostavam dele e ainda mais das castanhas. Para os cativar,que a concorrência era grande,não só da sua mercadoria,mas de várias outras,como tremoços,pevides,alfarrobas,ou reconhecido pela preferência, dava sempre mais uma. Deixava saudades.

O Macaquinho. Esguio,de cabeça pequenina,de andar bamboleante,com as mãos quase a tocar no chão. Era um artista com a bola,pelo que a rapaziada disputava-o. Grupo em que ele entrasse tinha quase certa a vitória. De repente,sumiu-se,para nunca mais ser visto. Pobre do Macaquinho,que tanta falta ficou fazendo.

Uma espessa névoa os envolve,mas ainda se conseguem distinguir. Parecem espectros a desfilar,a acenar,a dizer que vão voltar.

CONFORMAR

Não gostavam do que viam,mas tinham de se conformar,pois não havia por onde escolher.

PARECIA OUTRA

A terra estava muito diferente,até parecia outra,mas as pessoas que lá viviam não tinham mudado.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ENERGIAS ALTERNATIVAS NA REVISTA SCIENCE

A edição de 13 de Agosto de 2010 traz uma secção dedicada a energias alternativas,onde se analisam alguns dos seus prós e contras,que nada é perfeito. Dos contras,fazem parte danos a edifícios históricos,agressões à paisagem e à vida selvagem,incentivar de abalos de terra,poluição de aquíferos,encargos pecuniários pesados,enfim,maldades de que as clássicas energias estão isentas. É só ir lá desencantá-las,nos fundos em que se encontravam,e ainda encontram,não se sabe por quanto mais tempo,e já está.

NOVA DESTRUIÇÃO DE VIDEIRAS TRANSGÉNICAS EM FRANÇA

Trata-se de videiras resistentes ao virus do nó-curto,obtidas no INRA,Instituto Nacional de Investigação Agronómica,França.

In Science et Avenir,de 16 de Agosto,de 2010.
http://www.sciencesetavenir.fr/actualite/nature-environnement/20100816.OBS8556/nouvelle-attaque-contre-la-vigne-ogm-de-colmar.html

OUTRA MORADA

"It's time to abandon Earth". Vindo de quem vem,Stephen Hawking,uma ideia destas pode querer significar que isto aqui não tem solução,já deu o que tinha a dar,e que muita gente anda muito incomodada com a vizinhança.
Assim,o que há a fazer é procurar outra morada onde não cheguem os maus cheiros que por cá se sentem. A selecção dos habitantes do novo condomínio será fácil, pois as viagens irão ficar um bocadinho carotas.

CONTAS DE SACO

Vinham de grandes distâncias,à pata,e para lá chegar,ao mercado,tinham de vencer ladeira íngreme. Traziam, à cabeça,cestinhos de verga,cobertos com panos brancos. Branco era também o que lá dentro se encontrava. Queijinhos frescos,de cabra e de ovelha. Expunham-nos em sítio certo,reservado. A concorrência era grande,para gáudio do consumidor.
Não ganhariam para as solas,não contando com o estirão da caminhada,rematada com um final a trepar,com o tempo dela e o da venda. Contas de saco. Mesmo assim,valer-lhes-ia a pena. Sempre eram umas moeditas,uma fortuna. E,depois,talvez o mais importante,vinham até à cidade.

DE MOLHO

Lembravam palafitas as casas de madeira dos pescadores da beira-rio. Os desvãos serviam de armazéns dos apetrechos da faina e de galinheiro. Em anos de cheia alta,a água punha tudo aquilo de molho. De fronte,ficavam os ancoradouros dos barcos,a remos, e também a vara,para travessias de pouco calado.
Tinham bancas no mercado,em lugar à parte. Nada de misturas com o peixe do alto. Lá figuravam,consoante a época,o barbo,a enguia,o sável. Pena era que a maioria tivesse tanta espinha.

O FIM

"Vivera de leve",na esperança de que o fim não lhe pesasse.

DIVERTIR

Procurava divertir,divertindo-se.

domingo, 15 de agosto de 2010

A COR DOS OCEANOS PODE AFECTAR A FORMAÇÃO DE FURACÕES


É a conclusão de um estudo publicado em Geophysical Research Letters,a que Science Daily,de 14 de Agosto,de 2010,se refere. A cor dos oceanos está relacionada com a quantidade de fitoplancton,que,como se sabe,é portador de clorofila.

In http://www.sciencedaily.com/releases/2010/08/100813121916.htm

Imagem da NASA, retirada de Science Daily.

VOLTA AO MUNDO

O carro avariara. Fiquem aqui,que eu vou procurar quem nos acuda.
Aqui,era uma estrada de lá passar um,uma vez por outra. Já estava cansado,quando alguém lhe deu um número de telefone. Pode ser que atenda. Estava com sorte. São só uns minutos. Vá ter com a família.
Era um homem de uns cinquenta anos. Viera de táxi,o seu táxi. Já se vai ver. Viu e deu logo com a mazela. Fiquem aqui,que ainda hoje hão-de chegar a casa. É só ir à minha oficina. Veio e pôs o carro a andar. Como ficou agora,vai ter carro para fazer a volta ao mundo.
Era também um homem muito conversador,cheio de certezas,de convicções. Um ateu consumado,de grandes bigodes.
Então,quanto é? Lá disse quanto era. Mas isso não é nada,nem dá para a gasolina. E os gastos na oficina,e os clientes que perdeu? Contas eram contas e a dele era aquela,uma simples lembrança.

COISA RARA

Ter passado por uma situação de naufrágio,e,depois,passar a maltratar o salvador, não será coisa rara.

MUITO AGRADECIDO

Num mundo de tanta miséria,quem da miséria se livrou devia estar muito agradecido.

sábado, 14 de agosto de 2010

AS UNIVERSIDADES AMERICANAS DOMINAM

Numa classificação da Universidade de Comunicações de Xangai,em 2010,as universidades americanas ocupam os três primeiros lugares. Trata-se das universidades de Harvard,Berkley e Stanford,ocupando Harvard o primeiro lugar por oito anos consecutivos. A Alemanha melhorou e a França estagnou,segundo a mesma fonte.


In Sciences et Avenir,14 de Agosto de 2010
http://www.sciencesetavenir.fr/depeche/sciences/20100812.AFP5573/classement-de-shanghai-des-universites-domination-ecrasante-des-etats-unis-la-france-stagne.html

VIA PRINCIPAL



Do blogue OLHARES DA NATUREZA,de ARMANDO GASPAR

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UM SOLUÇO,UM VAGIDO,UMA LÁGRIMA

Os Ulisses. Só com Ulisses é que se ganha o respeito de alguns,não se sabe quantos. Pobre Fialho,malharam nele,como gente grande, porque ele não fizera um romance,de lombada grossa. Se o Eça não tivesse criado os Maias, o que não se diria por detrás e mesmo à frente dele? Mas bastava que ele tivesse escrito O Suave Milagre,pelo menos para alguns,aquela meia dúzia de páginas escaldantes. É uma coisa pequenina,mas brilha como o mais reclamado diamante. Há bibliotecas onde esse pequeno-gigante conto figura como peça única,desligada de outras jóias rutilantes,como o José Matias ou as Singularidades De Uma Rapariga Loira.
Para alguns,não se sabe quantos,o que conta é a espessura,é o peso. Assim,é que é ter fôlego.Se calhar,não os lerão,que, para se chegar ao fim de uma coisa daquelas,custa. Sucedia isto,em certa disciplina. Quarenta,cinquenta páginas,ridículo. Para depois,na apreciação,só se olhar para as vírgulas e os pontos finais. O cerne,isso não interessava. É que não percebiam nada daquilo. Só eram entendidos em pesos e medidas e,claro,nas vírgulas e demais família.
Mas ainda se pode dizer mais alguma coisita sobre tão rico tema. É sobre as palavras que lá figuram,em escritos,grandes ou pequenos. Palavras caras,de domingo,dos antigos,porque,agora,a olhar para as indumentárias,já não há dias do Senhor,é que vale. São elas que medem a sua valia. Não leram o Eça,certamente,ou ,se o lessem,cascariam nele. Foge delas o Eça,como gato escaldado de água fria. E a ele, não lhe custaria nada usá-las, porque as saberia todas. Um escrito com palavras caras é que tem aceitação para alguns. São capazes de ir ao dicionário à procura delas, para as estampar lá, nos pobres, ou ricos, textos,que ficarão,muito provavelmente,incomodados com esses gongorismos. Ai,que se meteu o pé na poça. Mas ,se se entender,risca-se o gongorismo. Mas com tão estranhos termos,ninguém entende aquilo,se calhar,nem o autor,mas assim é que tem de ser,para fazer a distinção. A quem se destinará,pois,uma coisa daquelas? Ora,para quem servirá? Primeiro,para eles,para satisfação pessoal,depois,com certeza ,para os seus pares,que eles não hão-de supor que serão ímpares. Mas haverá quem suponha,pois este é um mundo muito rico,de enorme diversidade,a dar indicação clara da infinita capacidade,do infinito engenho de Quem o fez. E a esses,que lhes faça bom proveito.
Mas voltando aos Ulisses. Só uma coisa muito pequenina. É que o princípio e o fim estão tão próximos. Um quase nada os separa. Muitas vezes,um soluço,um vagido,uma lágrima. Para quê tanto gasto de papel,de tinta,de suor?

PALAVRAS

Palavras era a única coisa,a bem dizer,que ele sabia fazer,pelo que,sem ninguém a ouvi-lo,ou a lê-lo,morreria de fome.

DAR

Tanto que se tem para dar,ainda que não se seja rico.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

BIOCHAR

Biochar,um produto derivado da pirólise de biomassa,é proposto como uma solução para mitigar as emissões de dióxido de carbono. Conta-se por muitos anos a sua longevidade,mas sem comparação com a dos materiais fósseis,que esses,sim,mantidos no seu sono de milhões de anos,são os ideais sequestradores de carbono. Assim,não será de grande monta o seu efeito mitigador,se a queima dos materias fósseis continuar como até aqui.

In Nature Communications,de 10 de Agosto de 2010
http://www.nature.com/ncomms/journal/v1/n5/full/ncomms1053.html

e em Science Daily,de 12 de Agosto de 2010
http://www.sciencedaily.com/releases/2010/08/100812172059.htm

TÃO SIMPLES COMO ISSO

Sonhara ele,há tempos,com planetas,todos do mesmo sistema. Não se lembrava da estrela,mas isso era o menos. É que tinha sido um sonho que muitíssimo o impressionara,de tal maneira,que não resistiu a contá-lo.
Em todos eles havia gente,que lá se ia entretendo,umas vezes melhor,outras pior,mas vivendo e morrendo quando a vez chegava. Certo dia,deu em aparecer num deles uma doença nova,que acabou por se instalar noutros. Era uma doença terrível,sem cura. Foi o extermínio total nesses planetas.
Num dos poucos planetas ainda não atingidos por esse mal do diabo,ciente do que estava acontecendo nos vizinhos,não havia sábio que não se tivesse posto ao trabalho para engendrar um modo de escapar daquele triste fim. E daquelas muitas e excelentes cabeças uma unânime solução brotou. Tinham de se livrar o mais depressa que pudessem de todos os outros planetas,de todos,dos ainda vivos e dos mortos.
Então,trabalhando dia e noite,sem tréguas,os melhores sábios inventaram um raio de altíssimo poder destruidor,mesmo a distâncias infinitas. E,sem perda de tempo,pois já tinham perdido muito,como a experimentá-lo,apontaram-no aos planetas já sem vida. Aquilo foi um ar que lhes deu,como já esperavam. Deixaram de lá estar ou em qualquer outro lugar. Sem hesitações,dirigiram-no aos restantes,onde ainda se mexia.
Enfim,sós. Lavrou por lá uma tranquilidade nunca experimentada,mas,infelizmente,de curta duração. É que o melhor sábio,de todos os outros melhores,descobriu,talvez por acaso,que a doença fatal tinha como única causa a multiplicidade dos quereres. Tão simples como isso.
E agora? Apenas havia uma saída. Que todos fossem um só.

UM SACO

A velhinha ia a sair de casa,e o velhinho parou,para a deixar passar. Quer que lhe leve um saco? Oh,não,minha boa senhora,muito obrigado.

AO SERVIÇO

Era a liberdade de expressão ao serviço da intriga,da ligeireza,do desprezo,talvez do ódio pelo outro.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

TER OU NÃO TER

O tema era da maior actualidade,não lhe restava a mais ligeira dúvida. Por ser assim,não resistiu a apresentá-lo. Tratava-se da recta pronúncia da palavra euro. Um tema,como bem se vê,muito sério e de transcendente importância. O orador estava bem documentado.
É assim e não de outra maneira,como a de muitos bárbaros que por aí andam a estragar o ambiente. Uns verdadeiros assassinos da sagrada língua de Camões. Se ele fosse vivo,estaria aqui em meu lugar. Era dele esse direito e,sobretudo,o seu dever. Não se pode brincar com a língua. Mas não era preciso,pois tudo quanto ele dissesse,estou eu aqui dizendo. Nada iria acrescentar.
A entrega,o entusiasmo,o calor posto na defesa da sua causa foram tais ,que o suor corria-lhe,abundante,pelas faces ,tintas de vemelho vivo. Houve até alguém que receou ir dar-se tragédia. É que lhe pareceu ver,em dado momento,o orador cambalear. Outro alguém asseverou ter dado conta de chispas de furor,quando ele fulminou os bárbaros ignorantes.
Num canto,um assistente ia ouvindo e contagiando-se daquela braseira. E,a certa altura,não se conteve. A tampa saltara, com estrondo. Aquilo estava a ser demais. Um sujeito a preocupar-se com a recta pronúncia do euro,quando a tanta gente euros faltavam. Não era uma questão de ser ou não ser,mas de ter ou não ter. E o que importava,de longe,era ter euros,quaisquer que fossem as suas roupagens.
Escusado será dizer que o orador nadava em euros.

UM GIGANTE LENÇOL DE PLÁSTICO

Pouco passava das cinco da madrugada em Times Square,quando quatro homens estenderam,
metódica e rapidamente,a toda a largura do largo passeio,frente ao Friday's,uma pesada faixa de plástico branco,com dizeres a negro e vermelho. Tendo sido feita a experiência,voltaram a dobrar,com igual presteza,o gigante lençol. Entretanto,ia passando gente,que teve de utilizar,sem protestos,a rua já muito movimentada, em especial,por táxis amarelos. Un pouco mais tarde,sob a orientação de alguém,que parecia ser quem ali mandava,foi o gigante lençol içado por um enorme gancho,de maneira,certamente,a revestir parte do edifício.

AGRURAS

Podia dizer-se que não havia salas que chegassem. O contínuo,coitado,via-se e desejava-se para encontrar uma disponível. Assim,era a que calhava,hoje,uma,amanhã,outra. Mas ele não se importava,até agradecia. Gostaria,até,de as ter percorrido todas. É que não havia uma em que ele não tivesse passado agruras. Mas naquela altura,não,era muito diferente. Naquela altura,aparentemente,eram outros,os que estavam ali à sua frente,a passá-las.

O ALVO

Como não tinha nada de especial em que se reparasse,sempre que saía de casa,acompanhava-o o seu muito especial cão,que era o alvo de toda a gente.

CADA CANTO

Volta,não volta,lá ia ele fazer uma viagem,mas nunca levava mala com mudas de roupa. É que ele tinha muitas em cada canto.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O RESTO É CONVERSA

A aula prática daquele dia dizia respeito à análise da composição de alguns adubos azotados. Estavam no laboratório aí uma dúzia de alunos.
Um deles,mostrara,desde o início,que se encontrava ali só porque não lhe apetecera ficar lá fora. Sempre se estava ali,também,mais quentinho. A sua cara era de riso,de gozo,de provocação.
Não está a gostar do assunto? Olhe que lhe pode vir a ser útil na sua vida profissional. A mim? Está muito enganado. E não só a mim.
A mim,o que me interessa,e a mais gente,é saber se os agricultores podem ou não podem comprar os adubos. O resto á coversa.

TINHAM ARTES

Mais uma vez ali estava ele a mostrar-se tal qual era, sem disfarces. Mas é assim que deve ser. Para quê disfarces? Não vale a pena usá-los ,pois são tantos os indícios do que é,que o não é soa logo a falso.
Por onde tinha andado que há tempos que não se viam ? Então o que é que ele tinha para dizer sobre o que ía por aí? Andara lá por fora há já umas largas semanas, e as coisas passaram-lhe ao largo. Não estivera cá. E aqui,neste cá,na maneira como fora dito,no desprezo que este cá lhe merecia,começara o destapar-se. O cá era sítio de um mundo terceiro ou quarto,de que ele não fazia parte.
Acabara mesmo de regressar de uma grande volta com um amigo fixe. E já ouvira para aí umas coisas,sim. Mesmo há pouco,no rádio do carro. Eram coisas sem importância para ele. Estava muito para lá delas.
Andara pelo Mediterrâneo,pelo Mar do Norte. Aquilo é que é um iate. Mas também custara ao amigo um bom dinheiro. Milhares,muitos milhares,ali revelados. Uma quantia sem importância. O amigo não cuidava dessas coisas,e ele também. Isso era só para os pelintras,para os que não tinham amigos assim,que sabiam livrar-se dessas coisas. Tinham artes.

COMBOIO À PORTA

Era uma terra nem pequena,nem grande,uma terra asim assim,que ficava lá para o cabo do mundo,mas com comboio à porta. Nessa terra,havia três pessoas importantes,o comerciante João,o médico e o engenheiro.
O senhor João ia,uma vez por outra, à capital,para se actualizar. Aquilo era um contar de novidades de estarrecer,no café central,à noite,depois dos trabalhos. Certa vez,o senhor João contou também uma aventura. Oh senhor João,se a sua mulher calha a saber,coitada dela? Não tem dúvida. Ela sabe muito bem que é só dela que eu gosto,ela está sempre em primeiro lugar.
O médico não tinha mãos a medir,mas não na sua profissão. Como a gente lá da terra raramente estava doente e ele não era de se encostar às paredes,arranjara outros interesses. Ele era agente disto e daquilo, era agricultor,ele era,acima de tudo,mecânico de viaturas. A terra era ponto obrigatório de passagem de tractores e de camionetas,que,frequentemente,tinham as suas mazelas,a necessitar de tratamento. E o médico intervinha,a dar uma ajudinha. Chegava a estender-se no chão,a examinar eixos e cambotas,ficando numa lástima.
O engenheiro era o responsável de uma grande obra. Por tal motivo e por estar muito interessado em encarecer o seu complexo trabalho,era ele que pontificava. A grande obra iria custar metade do que estava previsto. É que ele sabia poupar. Hoje meti nos cofres da empresa um dinheirão,era a sua expressão favorita. Quem eram os ouvintes para daquilo duvidar? Mas parecia haver ali economias a mais,alguém teria feito mal as contas.

VISITAS

O que ia por ali,nem parecia a mesma casa,sempre em desalinho.É que no dia seguinte havia visitas.

VIDA FÁCIL

Num mundo de incertezas,os cépticos de serviço têm vida fácil.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

CONCLUSÕES PREOCUPANTES SOBRE PRODUÇÕES DE ARROZ

Como se sabe,cerca de metade da população mundial,e,sobretudo,mais de mil milhões que fome padecem,têm no arroz a base do seu sustento. Assim,são preocupantes as conclusões de um estudo que vem em Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America,de 9 de Agosto de 2010,a que se refere Science Dsily,de 9 de Agosto de 2010.
É que,por efeito de alterações de temperatura,de dia e de noite,as produções de arroz têm diminuído.

In http://www.sciencedaily.com/releases/2010/08/100809161138.htm

UMA VISITA À POLÍCIA

Foram seis longos meses em Newcastle Upon Tyne,condado de Northumberland,Reino Unido,mais pròpriamente,no Departamento de Solos,da Escola de Agricultura,da Universidade.
Foram seis estirados meses,numa cidade onde o Consul Eça de Queirós passara cerca de quatro anos,numa cidade "penetrada dum frio húmido",de que ele deu conta numa carta ao seu "querido Ramalho".
Foram seis dilatados meses,das nove às cinco,num laboratório,a procurar saber mais coisas sobre o potássio dos solos,na perspectiva das plantas,em que se incluíram períodos largos num gabinete de constante temperatura,que esta,como se sabe,é factor importante.
Foram seis valiosos meses,que quase não estiveram para acontecer,por via de um zeloso funcionário de alfândega,nada disposto a deixar um qualquer ir viver à custa do erário público,mas que lá acabou,mercê duma carta,por abrir a porta, com a séria advertência de uma visita à polícia,mal lá chegasse.

CENAS

Ela assomou à janela e deu com os olhos nele. Para que estavas mirando aquela velha? Eu bem vi,não te faças estranho. Todas te servem,não resta dúvida,pois vais atrás de uma qualquer.
Ele ria-se. A cara mostrava um ar de sábado,e era mesmo sábado. O dia preferido para as caçadas. Não mudas,que eu já perdi a esperança. O que ela havia de fazer? Andava outra vez de barriga a avolumar. Não te chego? Precisas de outras? O que eu tenho aturado só eu sei. E tudo isto, em voz alta,com a rua cheia,que era dia de compras para a semana.
Aproximava-se a hora de encerrar a loja. Ele já estava bem escanhoado,quase pronto para largar. Só teria pena de o não fazer à sexta-feira,como acontecia com tantos. O diabo daquele ofício obrigava-o a mais uma manhã de grades. Sentir-se-ia roubado,mas tinha de ser.
Não se sabia porquê,mas o patrão confiava nele e tinha de estar até ao fecho das portas. Sacrificava-se,mas ganhava mais uns patacos,que bem lhe serviam para sustentar a família,talvez mal,e para os devaneios. E isto é que interessava.
A filharada era uma seca e a mulher,coitada,perdera a graça. Ela,quando o visse sair,faria ,com certeza, outra cena,provavelmente,mais rica de gestos e de palavras. Mas de nada lhe valeria,que o seu homem era assim. E muita sorte tinha ela de o ver de volta. Estava preso ao emprego. Onde iria arranjar outro como aquele? Quase patrão e ali mesmo ao pé de casa. A vizinhança teria entretém por muitos anos.

CEPTICISMO ORGULHOSO

Barricavam-se nas incertezas,para exaltarem o seu cepticismo orgulhoso.

MUITA ÁGUA

Era um barco que metia muita água,mas que lá ia navegando.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

QUATRO MESES DE OLHAR TEMEROSO E SÔFREGO

Mas o que se estava a ver era quase tudo água. Secaria depressa. Pois é,mas os crocodilos andariam por perto,e também as pacaças,as gibóias,e outros que tais,e,claro,os mosquitos,que se riam de todos.
Muita água foi secando,é certo,e ràpidamente,pelo que não houve tempo para descansar.
E foram quatro meses a devassar paredes de covas de um metro de fundo,quanto a espessura de camadas,textura,e mais outras coisas assim. E foram quatro meses a olhar em volta,um olhar temoroso,mas também sôfrego,para nada escapar,que a novidade era muita.
E não mais foi esquecido o Rio Longa,o manso Rio Longa,de águas verdes,o seu amplo verde vale,a serpentear por entre galerias de palmeiras e de densos tufos de bananeiras,os morros amarelos das cercanias,revestidos de embondeiros,dos senhores embondeiros.

AVENTURAS

Num pulo,por entre silvas e valados,punham-se lá,na horta do Taré. Os miúdos encontravam ali o paraíso. Um regatozinho,nascido de um olho de água,semeava,no seu caminho,meis dúzia de bebedouros,onde pardais e pintassilgos vinham molhar os bicos. Cegos e surdos,por via da canícula,não davam conta dos perigos. Num repente,caíam-lhes em cima redes e era o seu fim.
Não se ficavam por aqui as aventuras. Quase ali a dois passos,estendia-se uma longa fila de amoreiras. E quando a altura chegava,não queriam saber de avisos e iam colher,lá nos altos,folhas para matar a fome aos bichos da seda. Se davam com frutos,não os enjeitavam,mas as camisas contavam o que tinha acontecido.
Depois,um pouco mais adiante,havia muitas túberas para desenterrar. A maior parte do trabalho era feito por porcos,que eles contratavam,mas sem nada lhes pagar. Mal os pobres as descobriam,enxotavam-nos,sem dó nem piedade,apsar dos seus muitos protestos. Para os espargos silvestres,tinham eles de fazer tudo.
Mas a maior,era,sem dúvida,o rabisco. Um mar de vinhas estava lá para receber a visita final. Navegavam,descuidados,pois sabiam que não se arriscavam a uma chumbada de sal. Os guardas tinham entrado de férias.
Havia ainda o vaguear por elas ,quando as cheias recuavam,à cata de algum tesouro que as águas tivessem deixado. Saía-lhes cara esta,pois as botas ficavam a pedir outras.

PROJECTO PILOTO

Para começar,ia ser um projecto piloto,depois,logo se veria.

AR DE DESAFIO

Uns, fazem porque têm de fazer,outros,fazem sempre com ar de desafio,querendo mostrar que são melhores,ou,até,os melhores.

domingo, 8 de agosto de 2010

NOVA HIPÓTESE SOBRE O COMEÇO DA VIDA

A Vida pode ter começado em espaço protegido, entre folhas do mineral mica , nos oceanos , de acordo com uma nova hipótese. A sua autora é a cientista Helen Hansma, da Universidade da Califórnia,Santa Barbara,que a apresentou numa reunião anual da American Society for Cell Biology,em 2007. Esta hipótese,segundo Science Daily,de 6 de Agosto de 2010,vem totalmente descrita no Journal of Theoretical Biology,de 7 de Setembro de 2010(Possible origin of life between mica sheets).

DOIS ANOS INESQUECÍVEIS

Foram dois anos de cartografia de solos,a sondar-lhes as entranhas,até ao osso,ou seja,até à rocha,granítica,xistosa,arenítica,calcária,a maior parte das vezes. Não ficou canto por bisbilhotar,numa larga faixa,desde Alcácer do Sal até Elvas,com mais demoras em Évora,Viana do Alentejo,Reguengos de Monsaraz,Vila Viçosa e Monforte.
Foram dois anos a varrer plainos,a subir montes e vales,revestidos de searas, ou à espera delas,a bater à porta de "montes",e não só,a passar arame farpado,que a fotografia aérea,base do trabalho,não registara.
Foram dois anos de jipe,de caixa aberta,que o calor era muito,ou trancada,por causa das intempéries,jipe,que, lá de vez em quando,sem,ou com aviso prévio, se recusava a cumprir a sua obrigação,pelas mais diferentes mazelas.
Foram dois anos de botas,e não só,cobertas de pó,ou de lama,ao sol,à chuva,que o jipe estava longe,valendo,nas emergências,a copa de um chaparro amigo,ou o aconchego de um casebre.
Foram dois anos de ricas e variadas conversas, com donos,ou feitores, dos mais diversos teres,com jornaleiros e pastores.
Foram dois anos de inesperados encontros com perdizes,e perdigotos,rolas,cizões,
abibes,lebres e coelhos,pombos bravos,corvos,abetardas,carraças, touros.
Foram dois anos inesquecíveis.

O MESMO E SEMPRE

Nada aprendiam,pois faziam todos o mesmo,e sempre.

VITAL

A identidade pode ser um escolho,quando é vital o um por todos.

sábado, 7 de agosto de 2010

O METANO ESPREITA

Como se sabe,há bactérias metanogénicas,isto é,bactérias,que, em meio anaeróbio,
produzem metano a partir de matéria orgânica. Por outro lado,há bactérias metanotróficas,ou seja,bactérias que,em meio aeróbio,se alimentam de metano. Ora,é isto que se passa nos mares,onde coexistem os dois meios,pelo que a sua contribuição para o metano atmosférico é relativamente reduzida.O caso mudará de figura quando o metano que o "permafrost" retem começar a libertar-se,e o metano de jazidas fósseis encontrar fendas na crosta submersa por onde se escapar. Nessa altura,é de pedir às bactérias metanotróficas que se multipliquem mais do que o costume e que passem a comer muito mais metano,que o escudo de radicais livres da atmosfera é capaz de não dar conta do recado.

VIGÉSIMA QUINTA HORA

Que aventuras podem acontecer a um simples,quando é apanhado pelas malhas apertadas de uma guerra. Depois de várias peripécias,algumas quase inacreditáveis,é feito prisioneiro e integrado numa numerosa leva de irmãos na desgraça. Vão ter sobre os seus pobres corpos,em particular braços e pernas,a pesada tarefa de abrir uma vala. Parecia uma vala de rega ou de enxugo,tanto faz. O esforço é penoso,mas não podem reclamar,que os guardas não estão ali para brincadeiras. De resto,se a obra se atrasar,as responsabilidades serão divididas por todos,mas mais por uns,é facil de adivinhar.
Os dias ali passados dão para muita coisa. Cansar,recordar a família,sem saber se está viva,pensar na miséria da vida,em como,de repente,um simplório ,que não fizera mal a ninguém ,se vê metido em tantos trabalhos e disparates,e também a habituar-se e até a orgulhar-se,veja-se lá.
A vala era larga,profunda,extensa. Lá de cima,os olhos perdiam-se no horizonte e a vala lá ia ter também. Que grande obra,sim senhor. Lá na minha aldeia,uma coisa destas dava um jeitão ,se viesse cheia de água,pois as terras agradecem serem molhadas, quando as sementeiras se estão a perder. Talvez eu aqui viesse aprender.
A minha mulher devia ficar satisfeita se isto visse,pois uma parte desta grande obra a mim se deve. Quando esta maldita guerra terminar,hei-de cá trazê-la. Ela olhará para mim e encher-se-á de orgulho.
Quase valera a pena tanta servidão. São assim os simples. Conseguem transformar o mal em bem.Mereciam,não resta dúvida,outro tratamento.

De um filme,com o mesmo título,em que a estrela foi Anthony Quinn.

HISTÓRIA

Era como se não houvesse História,pois não lhe ligavam.

FAZER DE CONTA

A única coisa que faziam bem era o fazer de conta.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

TELHADOS VERDES



Inhttp://www.esa.org/esablog/research/green-roofs-not-just-for-looks/

A SETE ASAS

O que estava ali de boa comidinha. É o que meia dúzia de melros iriam dizendo para o vizinho do lado ,enquanto saltavam de um para outro ramo da grande amoreira. Já lá teriam ido ,mais do que uma vez,até,mas não se cansariam de o repetir. As cordas das apetitosas bolinhas,só vistas. Os mais velhos não se lembrariam de uma coisa assim.
Eles,que, ao menor ruído,fugiam a sete asas,agora,encontravam-se ali como em casa sua. Pareciam grudados. E,se calhar,alguns estariam,que aquele sumo semelhava açúcar em ponto. Os que andariam mais alheios seriam os filhotes,por aquilo ser para eles uma grande novidade. Os pais tê-los-iam informado do que iriam papar,mas o que estavam a ver e,sobretudo,a comer,excederia tudo o que tinham imaginado.
As folhas mal se viam,tal a carga das gostosas bolinhas. Nem todas estavam capazes,o que se notava logo pela cor,mas com o tempo lá ficariam prontas para o bico. Iriam ter fartura para muitos dias.

MISÉRIA

Eram pessoas,e não coelhos. A multiplicarem-se assim,não mais sairiam da miséria.

ELOGIOS

Não foi muito difícil convencê-lo. É que ele não resistia a dois ou três elogios.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

UMA AJUDINHA

Se um pobre interpela,ou deveria interpelar,o que aconteceria se se atendesse aos muitos milhões de pobres que vão por aí,nesses muitos cantos desse vasto mundo? É que um pobre é gente. E é pobre sabe-se lá porquê,se tantas são as portas de onde eles podem sair. E se interpela,ou deveria interpelar,isso quer dizer que se pode pensar em querer acabar com a pobreza. Como? Talvez todos juntos,os não pobres,pudessem dar uma ajudinha,que a coisa não parece fácil,mas é muito triste,e não fica bem a esses não pobres. É que eles,os pobres,são pessoas,fazem parte da família,por assim dizer.

VIRAGEM HISTÓRICA

Não passavam aquelas rixas de umas brincadeiras. Pulavam,gritavam,gesticulavam,arreganhavam os dentes,arranhanhavam-se e pouco mais. Acabavam os contendores de ocasião por voltarem aos seus cantos,aos seus territórios,esfalfados,de cabeça baixa.
Andavam por lá, mais uns tempos,a remoer. Para a próxima vez,a vitória estaria certa. A próxima vez chegava e a sensaboria repetia-se. Era uma grande e dupla tristeza,sem remédio à vista.
Certo dia,um dia,aparentemente,como muitos outros do seu longo passado,aconteceu viragem histórica. Coisa do acaso,ou não,sabe-se lá. Andava ele,talvez um chefe,talvez um simples peão,por aqui,por ali,a fazer pela vida,no rasto de algum bichinho que lhe matasse a fome,quando dá com um monte de ossos de um pobre animal,que morrera de velho.
Não seria aquilo novidade,mas ,desta vez,deu-lhe para tocar ali,tocar acolá,assim como a divertir-se. E de repente,pegou num fémur,ou numa tíbia,tanto faz,um osso comprido,enfim. Com ele na mão,talvez a direita,levantou o peludo braço,bem acima da sua cabeça desgrenhada. Assim esteve uns segundos,suspenso. Depois,como movido por uma ideia nova,descarregou-o,com força,no monte dos ossos.
Estilhaços voaram à sua volta,como numa explosão. E uma nova ideia brotou. Parecia estar encontrado o remédio para aquela tristeza em que se andara envolvido tempos largos.
No próximo recontro,o remédio foi usado. Que rico remédio. O inimigo,coitado dele,quase não deu luta. Fugiu,espavorido,mas disposto a desforra. Teria aprendido a lição.
Para a vez seguinte se veria. Viria também brandindo ossos,ossos compridos,que era coisa que não faltaria por lá. Só que não lhes teria ocorrido usá-los. Não eram para ali uns atrasados empedernidos.

Continho inspirado num documentário televisivo.

TONTOS

Com tantas voltas que já tinham dado,era de muito admirar o não estarem tontos.

O PAI

Não lhes valendo os irmãos,só lhes restava o pai.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

BILIONÁRIOS DOS ESTADOS UNIDOS DISPOSTOS A DAR METADE DA SUA FORTUNA PARA CARIDADE

By Michelle Nichols

NEW YORK | Wed Aug 4, 2010 3:18pm EDT

NEW YORK (Reuters) - Dozens of U.S. billionaires pledged on Wednesday to give at least 50 percent of their fortunes to charity as part of a philanthropic campaign by two of the world's richest men -- Warren Buffett and Bill Gates.
...

In http://www.reuters.com/article/idUSTRE6733F520100804

FAO REDUZ PREVISÃO PARA A PRODUÇÃO GLOBAL DE TRIGO EM 2010

MILÃO (Reuters) - A oferta mundial de trigo pode diminuir no próximo ano se a severa seca na Rússia persistir, informou nesta quarta-feira a FAO, ao reduzir a projeção da safra global do cereal para 651 milhões de toneladas em 2010, contra previsão anterior de 676 milhões.
Temores de uma nova crise global de alimentos similar a de 2007/08 não se justificam no momento, com os estoques mundiais suficientes para cobrir uma esperada escassez de produção após dois anos consecutivos de safras recordes, acrescentou a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, em inglês).

"Por outro lado, se a seca da Federação Russa continuar, isso pode trazer problemas para o plantio de inverno no país, com implicações potencialmente sérias para a oferta mundial de trigo em 2011/12", completou a FAO.

(Reportagem de Svetlana Kovalyova)

In Reuters Brasil,4 de Agosto,2010

PALOMAR



Do Flickr,por Luis G.Cabello

Título do autor

PARÓDIA

Mais uma vez ficou bem claro que não se devem fazer julgamentos apressados. Era uma injustiça tremenda que se estava cometendo,de bradar aos céus. É que a pomba só pudera pôr um ovo,e não dois,como contava,vá-se lá saber porquê. Esteve,pois,adiando o passo do aquecimento. Mas não foi assim que isso foi interpretado. Pensou-se que ela era uma irresponsável,que só lhe interessava a paródia. E o pobre do ovo que ficasse para ali,abandonado. Qual não foi,portanto,a surpresa,quando a viram no ninho, a cumprir a sua obrigação. Chegara,simplesmente,a vez do segundo ovo e do arranque da fase crucial. De outra maneira,seria um grande transtorno,como era de ter pensado. De início,mostrou-se muito nervosa,talvez por ter ficado traumatizada com aquela espera. Ao menor ruído,deixava o seu posto. Mas acabou por ganhar confiança,reduzindo o tempo das ausências. Da última vez,foi só um ligeiro voo.

TALVEZ A UMA SÓ VOZ

Até os pombos querem mostrar de quanto são capazes. E foi o que aconteceu, ainda há pouco,nos ares de uma pacata e sossegada praça,invadidos,lá muito no alto,por um bando de gaivotas, em lúdicas evoluções. Os pombos,talvez a uma só voz,
largaram os seus poisos habituais,nos telhados,e lá deram um ar da sua muita graça,cruzando,também em bando,muito por baixo,e por momentos,os ares.

UM MESTRE

O velhote,muito curvadinho,de cabecita muito branca,não larga o telemóvel,sempre com ele na mão,por essas ruas e poisos. Então,tem enviado muitas mensagens? Isso é para o meu neto,que está ali um mestre,ninguém o bate.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

ONU E EQUADOR CRIAM FUNDO PARA PROTEGER AMAZÔNIA

QUITO (Reuters) - O Equador definiu nesta terça-feira a criação de um fundo administrado pela ONU para receber doações que compensem o país por uma futura suspensão da exploração de seu maior campo petrolífero, situado em pleno coração da selva amazônica, para proteger os recursos naturais.
O fundo será administrado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mas o Equador decidirá em quais projetos serão investidos os recursos doados. A previsão é de que nos primeiros 18 meses o valor chegue a 100 milhões de dólares.

O governo equatoriano está disposto a renunciar a cerca de 850 milhões de barris de petróleo do campo de Ihspingo-Tambococha-Tiputini (ITT), a "joia da coroa" do petróleo do país, mas em troca espera a compensação de pelo menos metade dos 7 bilhões de dólares que deixaria de receber.

O ITT fica no centro do Parque Nacional Yasuní, uma das reservas com maior biodiversidade do planeta, com cerca de 982 mil hectares.
...

In Reuters Brasil,3 de Agosto,2010
http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE6720MA20100803

ESTRATÉGIA DAS PLANTAS PARA OBTER RECURSOS

As plantas também têm capacidade para integrar informação sobre o local de nutrientes e de competidores,mostrando dispor de uma estratégia para obter recursos.

É o que vem em Science,June 25,2010, e também em Science Daily,June 25, 2010. Trata-se de conclusões de um estudo,Plants can integrate information about nutrients and neighbours, da Universidade de Alberta,no Canadá. Quem tal suporia?

http://www.sciencedaily.com/releases/2010/06/100624144057.htm

LINDO MENINO

Não se sabe o que é que o pobre do carneiro pensava das tropelias que lhe andavam a fazer. O que é certo é que durante meses,volta não volta,lá tinha de ir viajar ,mas regressava sempre,passado pouco tempo,a sua casa. Não eram longas as ausências,valia-lhe isso.
A coisa começou assim. Estava ele um dia,muito sossegado,aliás,como até ali,a deleitar-se com a tenra erva lá do prado,em companhia da família,quando lhe apareceu um sujeito que nunca tinha visto a olhar muito para ele. Já dera conta de ele andar ali às voltas,mas não lhe ligara muito. Mas desta vez,teve de o encarar,pois ele tocara-lhe.
O moço,pois aquele sujeito era muito mais novo do que os outros que ele via todos os dias,vestia uma bata branca. E sem mais nem menos,deu ordem para que o levassem para um carro. E ali vai ele, bem amarrado,para um local desconhecido. Lá chegado,conduziram-no a uma espécie de hospital,onde lhe fizeram não sabe ele o quê. Não teve dores,apenas uma ligeira impressão. Pareceu-lhe ter ficado com um buraco nas costelas.
Mas o que é que ele havia de fazer,se ninguém lhe acudiu,nem os tais que ele julgava serem seus protectores? Não sabe explicar o que sentia quando o levavam para aquele casarão. Porém,nunca lhe passou pela cabeça fugir. É que o diabo do moço,tal como outros que ele foi trazendo,um de cada vez,para o ajudar,tratavam-no com carinho,fazendo-lhe muitas festas e chamando-lhe lindo menino.
Teve de se conformar,que remédio. Mas tudo isso era para seu bem,só que se esqueceram de lhe dizer.

INVEJAR

Afinal,de quem gostavam eles,se estavam sempre a invejar o próximo?

DOIS LIMITES

A igualdade era uma utopia. Assim,era caso para fixar dois limites,um,à pobreza,o outro,à riqueza.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PRODUTOS AGRÍCOLAS E PETRÓLEO

Produtos agricolas já suplementam o petróleo em combustíveis e poderão vir a fazer o mesmo no que diz respeito a muitos outros produtos quimicos,
como plásticos. É o que vem em

Science 30 July 2010:
Vol. 329. no. 5991, pp. 522 - 523.

UMA ESPÉCIE DE PINHAL DE LEIRIA

A Mauritânia vai plantar 384.000 árvores para lutar contra o avanço do mar e das dunas.

In Science et Avenir,2 de Agosto,2010
http://www.sciencesetavenir.fr/depeche/nature-environnement/20100802.AFP5461/la-mauritanie-plante-a-nouakchott-384-000-arbres-pour-stopper-sable-et-mer.html

O MEDICAMENTO

O Mercado parece ser uma donzela acabada de despertar para uma vida excitante. Qualquer "coisinha" o perturba,o põe nervoso, o ruboriza ,o leva à fervura. São as inundações,as secas,as chuvas a mais ou a menos,as previsões,as greves,o danificar de oleodutos,as ameaças,os deficites,as reservas,o dólar,o petróleo,o crescer dos emergentes,os aproveitamentos.
Ainda há quem fique doente. Parece estar o Mercado a precisar de ir ao médico. Talvez ele acertasse com o medicamento para o acalmar,quem sabe.

MAIS UM FOGO

Ah,já sei de quem se trata,é o senhor Rui. Foi para um lar,deixou de vir aqui,uma sopinha de pobres. Afinal,confirmava-se a suspeita. O senhor Rui tivera de deixar o tecto,uma casa abandonada,entaipada, que o abrigara por uns meses. É que um fogo,mais um,tinha-lhe consumido o telhado,liquidando-a,parece que de vez.
Quer dizer,era capaz de o senhor Rui estar agradecido ao fogo. Alguém se compadecera mais,desta vez,e dera-lhe um tecto a valer. Os seus muitos anos também teriam ajudado.

ACOSTUMANDO

Ainda agora começara e já estava sofrendo. Era para se ir acostumando.

UM MONUMENTO

Tanto que ele ali sonhara e encantara. Era um lugar a respeitar,a perpetuar,por assim dizer,um monumento. Pois é. Feitas as contas,ali iria nascer mais um prédio de muitos andares,que o velho já não estava a render.

domingo, 1 de agosto de 2010

MONSARAZ,PORTUGAL



Do Flickr,por paula moya

Título do autor

NÚMEROS MÉDIOS

É um facto o acelerado desenvolvimento dos últimos tempos,que se acentuou quase a cada momento. Segundo alguns,deve-se isso muito menos a individuais cérebros do que a um colectivo cérebro,produto de uma quebra de fronteiras,de uma larga e fácil troca de ideias,de uma forma de hibridização,quase de sexualismo. E avançam,para o colocarem bem em evidência,com números,números médios,de tudo e de mais alguma coisa,de mortalidade,de ganhos,de nível de vida,de bem estar,números médios,que escondem outros números de arripiar,números que se perpetuam,que são uma mancha muito triste no lindo tapete dos números médios.

NO SEU QUARTO

Quando se queria desabafar,o melhor era fazê-lo no seu quarto,com a porta e todas as janelas fechadas,afinal,como já vinha sendo hábito desde há muito.

SOFRIMENTO

Fora uma vida de sofrimento,tendo em conta o muito que se tinha sofrido por não se ter o que outros tinham.