terça-feira, 17 de agosto de 2010

UMA ESPESSA NÉVOA

O Homem das castanhas. Alto,forte,bonacheirão,de grande cabeça,de olhos congestionados. As castanhas eram assadas em fornos de padaria. Estavam sempre quentinhas,que ele tinha artes. Envolvia-as com sacas de linhagem e folhas de papel de jornal.
Circulava com a cesta suspensa dos seus largos ombros. Os miúdos gostavam dele e ainda mais das castanhas. Para os cativar,que a concorrência era grande,não só da sua mercadoria,mas de várias outras,como tremoços,pevides,alfarrobas,ou reconhecido pela preferência, dava sempre mais uma. Deixava saudades.

O Macaquinho. Esguio,de cabeça pequenina,de andar bamboleante,com as mãos quase a tocar no chão. Era um artista com a bola,pelo que a rapaziada disputava-o. Grupo em que ele entrasse tinha quase certa a vitória. De repente,sumiu-se,para nunca mais ser visto. Pobre do Macaquinho,que tanta falta ficou fazendo.

Uma espessa névoa os envolve,mas ainda se conseguem distinguir. Parecem espectros a desfilar,a acenar,a dizer que vão voltar.

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