quarta-feira, 11 de agosto de 2010

TINHAM ARTES

Mais uma vez ali estava ele a mostrar-se tal qual era, sem disfarces. Mas é assim que deve ser. Para quê disfarces? Não vale a pena usá-los ,pois são tantos os indícios do que é,que o não é soa logo a falso.
Por onde tinha andado que há tempos que não se viam ? Então o que é que ele tinha para dizer sobre o que ía por aí? Andara lá por fora há já umas largas semanas, e as coisas passaram-lhe ao largo. Não estivera cá. E aqui,neste cá,na maneira como fora dito,no desprezo que este cá lhe merecia,começara o destapar-se. O cá era sítio de um mundo terceiro ou quarto,de que ele não fazia parte.
Acabara mesmo de regressar de uma grande volta com um amigo fixe. E já ouvira para aí umas coisas,sim. Mesmo há pouco,no rádio do carro. Eram coisas sem importância para ele. Estava muito para lá delas.
Andara pelo Mediterrâneo,pelo Mar do Norte. Aquilo é que é um iate. Mas também custara ao amigo um bom dinheiro. Milhares,muitos milhares,ali revelados. Uma quantia sem importância. O amigo não cuidava dessas coisas,e ele também. Isso era só para os pelintras,para os que não tinham amigos assim,que sabiam livrar-se dessas coisas. Tinham artes.

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