sábado, 14 de agosto de 2010

UM SOLUÇO,UM VAGIDO,UMA LÁGRIMA

Os Ulisses. Só com Ulisses é que se ganha o respeito de alguns,não se sabe quantos. Pobre Fialho,malharam nele,como gente grande, porque ele não fizera um romance,de lombada grossa. Se o Eça não tivesse criado os Maias, o que não se diria por detrás e mesmo à frente dele? Mas bastava que ele tivesse escrito O Suave Milagre,pelo menos para alguns,aquela meia dúzia de páginas escaldantes. É uma coisa pequenina,mas brilha como o mais reclamado diamante. Há bibliotecas onde esse pequeno-gigante conto figura como peça única,desligada de outras jóias rutilantes,como o José Matias ou as Singularidades De Uma Rapariga Loira.
Para alguns,não se sabe quantos,o que conta é a espessura,é o peso. Assim,é que é ter fôlego.Se calhar,não os lerão,que, para se chegar ao fim de uma coisa daquelas,custa. Sucedia isto,em certa disciplina. Quarenta,cinquenta páginas,ridículo. Para depois,na apreciação,só se olhar para as vírgulas e os pontos finais. O cerne,isso não interessava. É que não percebiam nada daquilo. Só eram entendidos em pesos e medidas e,claro,nas vírgulas e demais família.
Mas ainda se pode dizer mais alguma coisita sobre tão rico tema. É sobre as palavras que lá figuram,em escritos,grandes ou pequenos. Palavras caras,de domingo,dos antigos,porque,agora,a olhar para as indumentárias,já não há dias do Senhor,é que vale. São elas que medem a sua valia. Não leram o Eça,certamente,ou ,se o lessem,cascariam nele. Foge delas o Eça,como gato escaldado de água fria. E a ele, não lhe custaria nada usá-las, porque as saberia todas. Um escrito com palavras caras é que tem aceitação para alguns. São capazes de ir ao dicionário à procura delas, para as estampar lá, nos pobres, ou ricos, textos,que ficarão,muito provavelmente,incomodados com esses gongorismos. Ai,que se meteu o pé na poça. Mas ,se se entender,risca-se o gongorismo. Mas com tão estranhos termos,ninguém entende aquilo,se calhar,nem o autor,mas assim é que tem de ser,para fazer a distinção. A quem se destinará,pois,uma coisa daquelas? Ora,para quem servirá? Primeiro,para eles,para satisfação pessoal,depois,com certeza ,para os seus pares,que eles não hão-de supor que serão ímpares. Mas haverá quem suponha,pois este é um mundo muito rico,de enorme diversidade,a dar indicação clara da infinita capacidade,do infinito engenho de Quem o fez. E a esses,que lhes faça bom proveito.
Mas voltando aos Ulisses. Só uma coisa muito pequenina. É que o princípio e o fim estão tão próximos. Um quase nada os separa. Muitas vezes,um soluço,um vagido,uma lágrima. Para quê tanto gasto de papel,de tinta,de suor?

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