domingo, 18 de julho de 2010

O ASSOBIO

O senhor,um homem alto,já com muitos anos em cima,caminhava avenida abaixo,rente ao passeio,um passeio muito estreito e de piso muito irregular. Uma varinha de invisual acompanhava-o. Ia tão satisfeito,que até assobiava.
Então,para onde vai? Precisa de ajuda? Carros iam e vinham,que aquela avenida é um eixo lá do bairro. Agradeceu,que era pessoa delicada. Vou fazer compras,pois a minha mulher resolveu partir uma perna. Está para lá,quase sem se poder mexer. E quase se ria,em vez de chorar. Pois a ajuda,de facto, muito pouco interveio,que ele conhecia bem todos os cantos da casa. O assobio é que ele não largava. Seria,também,um dos seus auxiliares,que isto de sons tem muito que se lhe diga. Como era de prever,teve as compras muito facilitadas. Apenas as pagou. Enquanto esperou por elas,manteve sempre a boa disposição,como se a vida lhe corresse às mil maravilhas,conversando alegremente,e,claro,nos intervalos,mostrando o seu peculiar dote de exímio assobiador.
De regresso,ao encontro da sua companheira de muitos anos,que estava para lá,quase sem se poder mexer,desejou bom negócio, e lá foi ,sòzinho,avenida acima,com carros e carrões,sempre a passarem,e ele,rente ao passeio,que o empedrado era de estatelar o melhor equilibrista.

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