sábado, 24 de julho de 2010

UMA DESCULPA

Viera pôr o lixo no contentor,ali perto da sua porta. Era o que fazia todas as noites. Mas naquela,aconteceu o inesperado. Ao levantar a tampa,desequilibrou-se,e caiu,ficando imobilizado entre o caixote e o passeio.
Foi assim que um vizinho o veio encontrar. De princípio,àquela luz frouxa,não quis acreditar,mas atentando melhor foram-se-lhe as dúvidas. Mas é o senhor José. Vou já levantá-lo. É o levantas. Embora para o magrote,aquele corpo sem forças pesava como se de chumbo fosse. Teve de ir pedir ajuda.
O senhor José estava muito envergonhado e abatido. Não era,de facto,para menos. Vejam lá a que cheguei,quase também feito lixo. Não queria contar à mulher o que lhe sucedera,para não lhe dar mais ralações. Vou inventar uma desculpa para a demora. Peço-lhes que façam também o mesmo. É como se nada tivesse acontecido.
Servira-lhe isto de emenda. Dali em diante,deixaria de cumprir o que vinha indicado lá no contentor. De dia,passa mais gente,e assim,se vier a repetir-se o que hoje me aconteceu,não ficarei tanto tempo no chão. Para o que uma pessoa estava guardada.

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