sábado, 10 de julho de 2010

PROMESSA

O director tinha lá os seus gostos. E um deles era o seguinte. Os seus colaboradores,antes de publicarem os seus trabalhos,deviam apresentá-los em público,para serem discutidos. Quer dizer,fechavam as sessões com um debate. Para esse director,o ideal seria que não passasse uma semana sem uma sessão. Compreende-se. Era uma prova de que a sua casa estava bem viva.
Apresentar era simples,o pior era o resto. E está-se mesmo a ver porquê. É que há gente que se pela por ver os outros atrapalhados,pregando-lhes rasteiras. Ninguém gosta de ser rasteirado e,assim,as ofertas,às vezes ,escasseavam. Quando isso sucedia, era ele mesmo que dava o corpo ao manifesto,pois era homem de muitos recursos,era homem para muitas batalhas.
Mas o director insistia,batendo a todas as portas,mesmo àquelas que se tinham aberto de véspera. E foi o que aconteceu a um jovem. Ainda não tinha aquecido a lugar e lá estava o director a informá-lo do seu gosto. Tanto bateu,que o jovem não teve outro remédio,se não dizer que sim. Entre mortos e feridos,alguém há-de escapar.
Como era a primeira vez que se via em tais assados,achou que não lhe ficaria mal ler o que tinha a dizer. E lá escreveu o arrasoado. Mas não se veio a servir dele. Cumpriria uma promessa,que não é altura de revelar,caso dispensasse a cábula. E foi o que fez. Cumpriu-a.

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