Aquela latrina de loja em centro histórico de cidade,há uns largos anos,não passava de um acanhado cubículo. O que lá se via não destoava. Um buraco,fragmentos rectangulares de jornal,espetados num arame ferrugento e,nos fundos,um receptáculo triangular para os receber.
Quando os recortes se aproximavam do tecto,vinha pessoal especializado. Traziam grandes sacas de linhagem. E,sem luvas,vá de as encher,calcando.
Um pouco mais adiante,no tempo,a latrina de um terceiro andar de rua nobre,de urbe ainda mais nobre,era um buraco na parede de uma sala,onde se passava roupa a ferro. Lá morava um director de escola,com uma filha que se entretinha o santo dia a massacrar o piano.
Avançando,mas apenas uns escassos anos,a latrina de uma pensão muito concorrida,em vila sede de concelho,era lá fora no quintal. Dois jarros dos grandes,a um canto,esperavam que os despejassem e os fossem encher. Era isso que cada um fazia,indo ao poço,ali ao lado. Fazia-se bicha disciplinada,de homens e de mulheres.
Ainda há quem se queixe,e com razão. Mas naqueles recuados tempos,pouca gente se queixaria. Era assim.
sábado, 17 de maio de 2008
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