quarta-feira, 28 de maio de 2008

VOZES E RISADAS

Tinham nascido ali. Por ali tinham andado,primeiro,às costas das mães,depois,com as da sua idade,em grupos,nas brincadeiras de sempre. Ele não as via,mas sabia que andavam por lá,escondidas pelo capim alto,detrás das árvores,no meio dos esparsos milharais. Acompanhavam-no,nas deambulações com o Armando,primo de todas elas,incapazes ou interditas de se mostrarem.
O mata-bicho vinha ter com ele,que o trabalho obrigava a madrugar. O Armando encarregava-se das sobras,numa acção de partilha. Ouvia-lhes as vozes e as risadas,e chegava-lhe o aroma de maçarocas assadas.
A tarefa recomeçava,de uma cova para outra. Que andaria aquele a fazer? Para que diabo seria aquilo? Coisa esquisita. O homem devia ser bruxo. Como tal,só longe dele. Era capaz de as encantar,como fizera com o primo,que não queria outra companhia. Ter-lhe-iam recomendado,certamente,que tivessem muito cuidado com ele.

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