domingo, 11 de maio de 2008

PATROA

Entrou logo a matar,quando a porta se abriu. Antes de mais,quero ver cumpridos os meus sagrados direitos. E indicou-os,sem faltar um sequer,para que se soubesse,caso os ignorassem. Quanto aos deveres,ficaria para depois,que não era oportuno o momento. Valeu-lhe apanhá-los em fraqueza,se não veria a porta fechar-se.
Ao longo da caminhada,manteve-se sempre fiel à amostra. A cada passo,dava indicações seguras de que nela habitava um incontido gosto de ter e um outro de imitar. Hei-de possuir também um,deixava ela escapar ,diante de um tareco que não figurava lá no seu mostruário,ou então avisava que também tinha um,só que muito melhor
Podia dizer-se que estava com saudades de um futuro em que ela fosse patroa,como quase o fora em tempo a isso propício. Aquilo tinha sido mesmo um venha a nós. Naquela altura ,é que era aproveitar,que uma coisa assim,nem de encomenda. Tanto colheram,que arruinaram o negócio.
A pensar nisso constantemente,deixava,ás vezes,escapar um suspiro. Estivera por pouco,mas ainda não perdera a esperança. Eram os sagrados direitos a acenarem-lhe. Eles ainda,um dia,lhe haviam de trazer as sonhadas indemnizações,sem esquecer,claro,os juros. Tudo somado,daria para pôr alguém ao seu serviço.
Então se revelaria em toda a sua natureza. Esse alguém não teria o direito de ter direitos,pois para ela só havia duas espécies de gente,senhores e escravos. E ela não queria morrer sem ter sido uma senhora.

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