quarta-feira, 28 de maio de 2008

RONDA

O que é que se havia de fazer,se ele nascera já assim,um pacífico e também um fraquinho da tripa,e sabe-se lá mais de quê? Não deram com as mazelas,lá na inspecção,e o resultado foi ele ter de ir marcar passo. Mas o que eles teriam feito de melhor era tê-lo dado como incapaz.
E assim,lá no marcar passo,foi uma sucessão interminável de desastres. Dos primeiros,foi a ronda. Sabia lá ele bem o que isso era. Começara pela cavalariça. Um candieiro a petróleo dava uma luminosidade frouxa. Um pobre diabo dormitava,sentado num cesto de verga,um daqueles da vindima,virado . Acorda em sobressalto,ao ouvir o ranger das botas no empedrado . Levanta-se,ainda meio a dormir,e pôe-se,desajeitadamente,em sentido. Oiça lá,você gosta de dormir assim? Então,não era melhor estar ali deitado como os outros? Eram mais dois ou três,a ressonar. O rapaz mantinha-se mudo,certamente muito espantado,pelo que estava a ouvir. Bem,veja lá se tem juízo. Olhe que fica marreco.
Tinha muito ainda que andar. Três patamares,várias camaratas. As sentinelas no seu posto,bem alerta,pelo menos à passagem das botas,que faziam um barulho dos diabos,sobre as pedras e o saibro.
No outro dia,toda a minha gente sabia do sucedido.Mandara-se deitar um plantão à cavalariça. Foi um pratinho bem confeccionado. Uma
risota pegada. O comandante,boa pessoa,compreensivo,considerou o caso na perspectiva geral e gozou também.

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