sábado, 17 de maio de 2008

UNS COBRES

O homem fizera há pouco cinquenta anos,mas parecia ter mais. Seria o resultado de muita coisa. A casa onde vivia tresandava a mofo. Não era,pois, aquele o lugar indicado para ele curar as constipações que,volta não volta,apanhava lá na fábrica. Logo lhe havia de ter calhado um serviço que o obrigava a suportar bruscas alterações no termómetro. Já pedira para o mudarem,mas era o mesmo que nada.
O salário não lhe dava para sustentar a família como devia ser. Assim,a mulher,coitada,um monte de doenças,procurava cobrir algumas faltas,batendo a portas que não se lhe fechavam. Enrugada,de olheiras fundas,quase arrastava a sacola com a colheita.
Os filhos só lhe davam apoquentações. Talvez do mais novo viesse a salvação,pois ajeitava-se com a bola. Uma das filhas trazia-o muito ralado. Andava na vida. Entregava à mãe algum dinheiro. Podia ser que encontrasse um homem que gostasse dela a valer e lhe desse um futuro decente.
Era para não se lhe ter feito muitas visitas,pois aquele quadro arrasava. Mas sempre se deixavam alguns cobres e palavras de esperança.

Sem comentários: