Aquela grande quinta,em plena urbe,que ele via lá do seu quarto, de um lar para idosos,desafiava-o. Vivia agora ali,acompanhando a mulher,a precisar de cuidados médicos,pois,coitada dela,já não dizia coisa com coisa. Era a velhice,que a uns chega mais cedo. Ele,graças a Deus,apsar dos seus oitenta e dois anos,ainda estava rijo.
Havia de lá ir um dia. E calhara naquela tarde soalheira. Lembrava-lhe aquela quinta os seus começos. Abalara de lá,da sua aldeia,um moço ainda. Mas era a vida. Tivera de se fazer a ela,que lá na terra aquilo pouco dava.
Quase quarenta anos a percorrer essa Europa,como condutor de longo curso. O que ele vira,por onde andara. Podia dizer que fora a quase todos os cantos. Aquilo é que eram terras. Mas nunca se esquecera dos tais começos. Tinham-se-lhe entranhado,lá bem no fundo.
E ali se encontrava ele agora,coscuvilhando a grande quinta,que ele via lá do seu quarto. Lá estava a vinha,lá estavam os pomares,lá estava a terra de semeadura. Aqui devia estar trigo,que a terra parece estar a pedi-lo. Tem boa cor.
Bem,já matei as saudades. Tenho de me ir chegando,que a patroa está para lá sozinha. Ela,coitada,a bem dizer,já me não conhece. Mas faz-me ela companhia a mim,mesmo assim.
domingo, 18 de maio de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário