O lobo estava muito velho e achacado. Já não podia andar na sua vida como antigamente. Por sorte,tinha amealhado o suficiente para não trabalhar. Teria morrido de fome. De vez em quando,saía da sua toca para dar um passeio ou ir às compras. Acabara naquela altura de se abastecer e descansava um pouco,pois os sacos pesavam.
Quem é que havia de lhe aparecer? Uma ovelha,ainda activa,mas um tanto gasta,com quem,em tempos,tivera um caso. Lembrava-se bem dela,mas ela não o reconheceu. A ovelha era muito comunicativa e deu-lhe para parar e pôr-se ali à conversa.
Então,já está reformado?,assim como que a insinuar que gostaria de estar como ele. Já lhe custaria a andar para ali de um lado para outro,a fazer pela vida. Pode-se saber com quem estou a falar? Olhe,sou o lobo que quase a ia comendo numa tarde de inverno,há muito tempo. Mas iso era coisa passada,de resto sem consequências de maior. Tinha sido,até,uma mera brincadeira,só para aquecer. Ele ia lá fazer-lhe mal.
Tão confiada ficou a ovelha que lhe ofereceu a casa. Se lhe calar um dia,terei muito gosto em o ter lá. Moro ali adiante,quase no topo,por causa das vistas. Não se sabe porquê,mas ao lobo nunca calhou.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
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