sábado, 17 de maio de 2008

UMAS PALMINHAS

Por cerca de metade do preço,podia-se ir ao teatro ou ao circo,ficando bem instalado. Era isso possível com bilhetes de claque. Adquiriam-se em desvãos de escada,recantos discretos,tudo envolvido num certo ar de ilegalidade,de mistério. Gente de idade monopolizava o negócio. A concorrência aconselhava,obrigava,a não se guardar para tarde.
Eram,afinal,bilhetes de favor,a impor a obrigação de aplaudir,mesmo que não estivesse agradando. Para isso teriam sido inventados,supunha-se,pelo menos suporiam alguns. Era necessária uma falange de apoio,sobretudo nas horas más,para levantar o ânimo.
Haveria fiscais,mas não se dava por eles. Imaginavam-se só. Mas,de vez em quando,intervinham, discretamente. Agradecia umas palminhas,não custa nada. E lá se fazia o jeito,receando ser castigado em futuras ocasiões.

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