quinta-feira, 1 de maio de 2008

TALVEZ PARA VIENA

Aquilo parece uma prisão. São grades por todo o lado. Até cadeado tem. Para além delas,há paredes a ruirem,há janelas escancaradas,há tectos a desabarem,há árvores,há ervinhas,há gatos. Eles que não se fossem lá enfiar,eles que se arranjassem. O que lhes vale são umas almas piegas,como era a daquela senhora que,naquela altura,lhes andava a encher as gavetas.
Admirava como conseguira entrar,pois era para o pesado e o cabelo branqueara todo. Pois fora como uma brincadeira de criança. Com a força dos seus fortes braços,afastara dois ferros do gradeamento,que,depois,à saída,compusera.
A senhora trouxera sacos,trouxera água,trouxera luvas. Não houve gaveta que ela enjeitasse.
A senhora trata bem destes gatinhos. Gosto muito deles,destes e de todos. São uns queridos. Mal abriu a boca,viu-se logo que era de muito longe. E esclareceu. Dos arredores de Viena.
Afinal,uma cidadã do mundo. Não houvera canto que ela não vasculhasse. Onde mais se demorara fora em África. Conhecia muito bem a Austrália. Achava o português de Portugal muito difícil,ao contrário do português brasileiro. Concordara que o alemão era muito complicado.
Cumprido o seu gosto,saiu por onde entrara,como uma jovem,e lá foi,talvez para Viena.

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