domingo, 15 de junho de 2008

DE MÃO DADA

Mal se reformara,fora-se-lhe a mulher. O resto da família tinha mais que fazer. Uma tristeza. Para afogar as mágoas e entreter os ócios,fizera-se consumidor de sessões musicais. Não falhava uma,quase se pode dizer. Saltava de uma para outra,num frenesim,olhando para o relógio,não fosse perder uma nota.
Mas a mulher perseguia-o. E era um carpir permanente. Amigos e conhecidos de qualquer data tinham de o animar. Parecia ser companhia para sempre,até ao último suspiro,mesmo até à eternidade.
E um dia,alguém o viu de mão dada com uma dama,assim como num namoro recente. Não quis acreditar,estaria sonhando. Deveria ser um familiar,uma irmã,talvez,seria a única explicação. Mas noutro dia,ficou tudo esclarecido.
Então,arranjou um cão para se defender dos larápios? É o cão da minha mulher. De tanto pensar nela,cheio de saudades,dera-se o milagre. Ela tinha ressuscitado e aproximava-se,ligeiramente.

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