domingo, 22 de junho de 2008

ATÉ CANTAVA

O fragor daquela nascente queria dizer alguma coisa de muito bom sobre o que se estava passando em demais lugares. Ainda há bem pouco tempo era só um tímido fio que dela brotava,embora isso quase apontasse para um milagre,tantos tinham sido os meses em que não viera do céu água que se visse. Apenas uns míseros borrifos,ali e acolá.
Mas naquela altura,não. Podia dizer-se que até cantava,e forte,pois se ouvia a sua voz ao longe. E era ver aquela água correndo por caleiras,dia e noite,sem descanso. Estava ali a fazer muita falta uma albufeira.
Queria dizer que o manancial que lhe dava vida se revitalizara. Queria dizer que a terra em seu redor ,e ,porventura,de afastados sítios,que o sitema de vasos comunicantes é uma realidade,se saturara,dispensando água que estava a mais,e que seria muita.
Tendo água caído em abundância por muitas bandas,não seria muito ousado pensar que coisa similar estivesse ocorrendo nelas. E que muitas nascentes tivessem readquirido a sua função,alimentando ribeiros e estes rios.
Parecia ser este regresso a uma vida plena,depois de tanto tempo de angústia e de perdas vultosas,um caso para ser noticiado com júbilo. Mas não,casos destes pouco interessavam.

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