quarta-feira, 18 de junho de 2008

ESPADELADA

Afinal,ainda havia espadeladeiras. Seriam umas vinte,algumas vestidas a rigor,recriando tempos passados. Fizeram roda,cantando com alma,sob a batuta do regente,todo senhor das suas funções.
O terreiro apinhou-se,que a noite colaborava. Alguns procuraram janelas e escadas,pois a muralha dos que se tinham adiantado não facilitava a visão do espectáculo. O linho era batido como mandavam as boas regras em espadeladores de cortiça.
O tomento impregnava os ares,fazendo debandar os mais fracos,aí uma meia dúzia,se tanto. Causava espanto ver tanta gente capaz de suportar a investida daquela multidão de resíduos, de forte poder infiltrante. Os que estavam em pior situação eram as obreiras,mas elas não davam mostras de se afligirem,espadelando por tempos sem fim.
A toada do canto acompanhava o ritmo do trabalho,também sem desfalecimentos. Nada entupia aquelas gargantas,parecendo que um filtro invisível as protegia. O mesmo não acontecera,pelo menos,à viaturas que por ali se arrumaram. Por muitos dias ainda se descobriram farrapos de linho nos seus interiores.
Fora com gente desta que se fizera um país que dera novos mundos ao mundo.

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