sexta-feira, 13 de junho de 2008

QUARTO OU QUINTO

O marido morrera,deixando-a muito bem amparada. Sem filhos e com saúde para dar e vender,iria ser o resto da sua já longa vida um agradável descanso. Acontecia,porém,ter ela um terrível medo dos ladrões. Sózinha é que não podia ficar. Assim,pôs-se à janela,guardadas as devidas conveniências . E é o que tem,repetidamente,feito. Já vai no quarto ou quinto,dando mostras de querer continuar. É que ela não há meio de perder o medo aos atrevidos larápios e eles,os companheiros,lá se têm perdido,não se sabe como. É um ar que lhes dá,mal tendo tempo de aquecer o lugar.
Há tempos,manhã cedo,apareceu ela muito afogueada. Aquilo eram uns calores dos diabos. Não sei o que tenho,parece que me falta o ar. Ainda me dá para aqui alguma coisa. Dá,dá,disse logo alguém,sem que ela ouvisse. Com a vida que levas não é para admirar.
Os sucessivos acasalamentos têm gerado,entretanto,sérias interrogações. Como será feito o recrutar,a escolha? Haverá para aí empresas especialializadas em fornecer parceiros ao domicílio? Como quer que seja,tirando os tais acessos abrasadores,parece não haver mal que lhe chegue. Está ali para durar e partilhar,que o rendimento dá bem para dois,desde que seja ela,claro,a determinar.

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