quarta-feira, 18 de junho de 2008

ESPLENDOR E REALIDADE

Quem não se apiedaria à vista daquele quadro,de há muitos anos? Estaria ali deslocado,um tanto escondido,no meio de tanto fascínio.
Uma velhinha contava as escassas moedas que lhe restavam. A consternação que vinha de toda a sua figura. Não se lhe viam lágrimas,talvez porque as não tivesse já,tantas teria vertido ao longo da sua longa vida. Acompanhava-a a netinha,de ar não menos triste.
Por detrás,quase a tocar-lhes,uma montra exibia,provocadoramente,o seu magnífico recheio,umas ricas peças de carne,de vermelho vivo. Bom jeito lhes faria uma pequena fracção de qualquer delas. Mas como obtê-la? O seu dinheiro não dava para tal luxo e assim, nada feito.
A avozinha havia de recontar uma e mais vezes,talvez na esperança de algum milagre. E chegaria sempre à mesma conclusão. Aquilo não era para elas,estava destinado a outras bocas.
Mas porque diabo o teriam ali posto? Já era vontade de estragar a festa de todo aquele esplendor. Seria a realidade da época e havia que a respeitar.

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