Lá estava,no cruzamento de duas ruelas da aldeia,uma Pietà de granito. Ao lado,erguia-se uma casa de linhas solarengas,a caminho da ruína. A uma das janelas,assomara,por instantes,uma cabeça de mulher.
Uma vaca leiteira,muito encardida,aproximava-se,sozinha. Parecia conhecer bem o caminho. Foi o que confirmou um homem robusto,de ricas cores,que atrás dela vinha,e que muito a elogiou. Já ia nos vinte anos,e estava em crer que era ela mais inteligente do que muitos que ele conhecia.
Era ele o caseiro,já há uns bons quarenta anos. O palácio estava assim,porque os donos viviam lá para as Américas e raramente ali vinham. Fora uma boa compra. Os filhos do Morgado tinham-se desgostado da quinta. Por ali tinha feito a sua vida. Tivera seis filhos,mas agora só ali vivia ele e mais a mulher. E disse isto de um modo triste,em grande contraste com a sua fortaleza.
A estátua estivera dentro do palácio,mas , a pedido do povo,fora para ali. Sempre dava algum movimento àquele lugar,para ali perdido entre vinhedos. Lá foi à sua vida,enquanto a mulher veio espreitar novamente à janela,como que envergonhada.
terça-feira, 3 de junho de 2008
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