segunda-feira, 23 de junho de 2008

DÁ GOSTO

Para o que lhe havia de dar. Perdia a cabeça quando via ou ouvia coisas que estivessem a pedi-las. E então,como que abruptamente empurrado,saltava para o meio da cena,disposto a dar forte e feio. Não tivera insucessos,pelo que reincidia. Mas precisava de ter muito cuidado,se não ainda, um dia,sair-lhe-á o tiro pela culatra,ou,o que é o mesmo,irá buscar lã e ficará tosqueado,ou o caçador arriscar-se-á a ser caçado.
Aquilo,daquela vez,excedia tudo o que imaginar se pode. O moço, já crescidinho, entrara acompanhado de uma menina de similar crescimento. Mal se sentaram,o moço não se conteve. Não calculas como estou grudado ao livro. Há tempos que não lia um que me enchesse tanto as medidas. É asneira que ferve,uma ou mais em cada frase. Assim,dá gosto.
A menina não piou,talvez envergonhada por tamanha má boca do companheiro. Um moço crescidinho encantado com uma porcaria daquelas. Estava a precisá-las.
Ouvi-as das boas. Mas o moço era de se encolher. As asneiras tinham-no quebrado,amolecido. Daquela vez,ainda escapara. Ver-se-á para a próxima.

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