terça-feira, 3 de junho de 2008

PROTESTOS

Com boa vontade,pode dizer-se que aquilo é um jardim. Há relva,há algumas árvores,há canteiros com flores,há meia dúzia de bancos,há três laguinhos. Mas, verdadeiramente,aquilo não é mais de que um caminho,de margens estreitas ajardinadas. Foi o que se pôde arranjar e muita sorte alguns velhos têm. É que,por ali,não existe melhor local para desenferrujar as velhas pernas,ouvindo as tagarelices dos pássaros,que,raramente,altercam muito.
Mas há dias,muito cedo,parecia ter acontecido coisa extraodinária. O chilrear era de ensurdecer. E isto em qualquer ponto das ajardinadas tiras. Parecia uma concentração. Teriam vindo de muitos outros lugares,talvez,até,de alguns distantes.
É que não havia uma árvore que tivesse escapado. O concerto era mais sonoro nas de folha persistente,de melhor protecção,que o tempo não ajudava,mas essas contam-se pelos dedos. Assim,as outras,as de folha caduca,também estavam guarnecidas,talvez com os que se tinham atrasado.
A que se teria devido uma coisa daquelas?,nunca vista,ou ouvida,mais correctamente,pelo menos,por ali. Alguém avançou uma explicação. Deviam ter querido dar o seu humilde contributo ao concerto de protestos que estava ocorrendo,da banda dos homens. Estariam ali a manifestar-se à sua maneira,simplesmente. Como quer que tivesse sido,o certo é que, à tarde ,voltara tudo à normalidade,como se nada de estranho tivesse sucedido. A maioria tinha regressado aos seus lugares costumados.

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