quarta-feira, 4 de junho de 2008

O MESMO DISCO

O trabalho arrastava-se,pelo que dava ocasião a alguma conversa. Mas por onde quer que se começasse,era certo e sabido que se acabava por esbarrar nas suas vidas. Quase não importava a idade.
Então senhor Joaquim, tem ido muitas vezes à cidade? Mas que pergunta. Que ia eu lá fazer? O que há aqui na terra já me chega. As coisas lá não são mais baratas.
Não é disso que se trata. Se tem lá ido passear,ver as vistas? Que me interessa a mim isso? Não ficaria mais rico,antes pelo contrário. O dinheiro não me sobeja para luxos. As poucas vezes que por lá andei,foi por necessidade. Na primeira,por causa das sortes. Mas essa já lá vai há um ror de tempo,e dela pouco me lembro. Depois,foram algumas doenças. Tive de ir ao hospital visitar familiares e amigos. A que lá me levou mais vezes foi a doença do meu pai,que Deus já lá tem. Uma operação obrigou a um internamemto demorado. Para lá chegar,tinha de atravessar muitas ruas,mas, se quer que lhe diga ,achei-as todas iguais.
Para além disto,vinham as preocupações quanto ao futuro Que seria deles quando já não pudessem trabalhar? Ralava-os a magreza das reformas que iriam receber. Como é que nos iremos arranjar,se agora é o que se sabe? Os achaques rondam-nos,e quando lá chegarmos estarão bem instalados. Quem nos pagará os remédios?
O disco era quase sempre o mesmo. De alguma coisa se havia de falar ,e eram as
suas vidas o que eles melhor conheciam.

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