sábado, 14 de junho de 2008

HORAS SEM FIM

O barco naufragara,na viagem de regresso de grande e perigosa aventura. Só ele se salvara,mas deixara lá,nas águas com sal de muitas lágrimas,uma perna e um braço.
Não se sabe como está ele ainda vivo,passados que foram tantos anos. Até já se lhes perdeu o conto. Não lhe tem valido,para seu sustento,qualquer tensa,por minguada que fosse. Teria de ser poeta,como o vizinho do canto. Assim,tivera de se desembaraçar,escolhendo um local estratégico,a entrada da memória de um épico empreendimento.
Ali permanece horas sem fim. Sentado num degrau,à esquerda ou à direita,tanto faz,mostra as ausências,esperando que um copo translúcido se vá enchendo.
Assim tem aturado. É isto mais do que justo,pelo muito que ele, e tantos como ele, fizeram. Mas,atendendo,pelo menos,à solenidade do lugar,já se podiam ter lembrado dele,arranjando-lhe um poiso mais confortável.

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