segunda-feira, 23 de junho de 2008

COM INTENÇÕES

Ela teria uns quarenta anos. Então,está bom? Há muito tempo que o não via. Desgostou-se do médico? Era pessoa que lhe parecia nunca ter encontrado. Devia estar a confundi-lo com outro,era o mais certo. Não era caso invulgar. Havia ali,porém,qualquer coisa que o pusera alerta.
De onde é que a senhora me conhece?,assim a modos de ver o que ela pretenderia. É lá da clínica onde você costumava ir. Não me está a reconhecer? Estou assim tão mudada? Olhe que conversámos muitas vezes.
O senhor até engraçava muito comigo. Não se lembra? E eu que gostava tanto de falar consigo. É que me fazia muitos elogios. Que não havia outra como eu. Veja lá que até cheguei a pensar que você estava com intenções.
Ela tinha na mão um cigarro que acabara de acender. Olhe que o tabaco mata. Deitou logo o cigarro para o chão,talvez para ele ver que lhe seria obediente.
Desculpe,mas não posso estar mais tempo,tenho ali a velhota à espera.

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