Era bom,mas acabou-se. Demoliram há dias a sua querida barraca,a última de um punhado delas. Fora a sua casa durante muitos anos,mas,sobretudo,a sua base de trabalho,o seu armazém.
Far-lhe-ia um grande jeito,mesmo ali a dois passos do cruzamento onde fazia pela vida,vendendo flores.Teria metido empenhos para lá permanecer.
O abalo foi manifestamente forte,quase vital. Não parece a mesma. Ali deve haver outra coisa,uma coisa muito séria. Emagreceu,empalideceu,amoleceu. Ela já não é nova,longe disso,mas mostrava energias que causavam admiração.
Aquilo não deve ser só um caso de mudança de lar,aliás,para muito,muito melhor,pois teve direito a uma morada decente. Vêm-na rondar o local do seu antigo palácio,repetidamente cruzá-lo,pisá-lo,demorando-se.
Sentirá falta dos cheiros,dos sons. Sentirá falta das tábuas,das chapas,das pedras,do chão,da fossa. É capaz de sentir falta de outros inquilinos,que já fariam parte da família.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário