Alta,magra,pálida,cabeça oxigenada,quase branca,um mostruário de "piercings",nas orelhas,enfeitando a boca e os olhos,quarenta anos confessados. Dirigiu-se a uma mesa,ao fundo da sala,poisou um maço de tabaco,foi ao balcão buscar um café,sentou-se e acendeu um cigarro. A duas mesas de distância,estava uma senhora de idade vetusta e o marido,um velho também. Logo a seguir,junto a uma janela,um cavalheiro,já avô. Estão feitas as apresentações.
O cavalheiro pega no seu cachimbo,acende-o e volta-se ,duas ou três vezes,para melhor observar a cabeça oxigenada. Na última vez,pergunta à senhora de idade vetusta se está a incomodar. Esteja à vontade,que não incomoda nada. Até estou a gostar,pois o seu tabaco é perfumado.
E ali começou uma conversa ,que parecia ser a continuação de muitas outras,tal a naturalidade do diz tu e depois eu. Aproveitando ocasião propícia,a cabeça oxigenada interveio,entrando no jogo. E foi uma bonita troca de impressões a quatro. E foi também uma agradável surpresa,pois o comando das operações passou,com todo o merecimento,a pertencer-lhe.
Pode dizer-se que era uma cidadã do mundo. Só na Suiça estivera quatro saudosos anos,os melhores da sua vida. Aquilo é que é um país. Que civismo,que organização,que asseio. Estava envolvida no movimento de protecção dos animais. Coitados deles. É preciso quem os defenda. Fazem-se hoje tão boas imitações,que é uma dor de alma saber-se que continuam a ser dizimados por causa das suas peles. E assim por diante.
Os empregados estavam de boca aberta,surpresos e suspensos. Tinham de passar a tratá-la com mais consideração. O casal de velhos teve de abandonar a cena,pois se estava fazendo tarde,e os outros dois lá continuaram na vonversa.
domingo, 22 de junho de 2008
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