sábado, 21 de junho de 2008

O MAR ERA AMARELO

De vez em quando,sabe bem ir de excursão ali e acolá,não à toa,mas de maneira planeada. E foi o que aconteceu certa vez.
Para o arranque,visitou-se um pomar de citrinos,de centenas de hectares. Empreendimento notável,não restava dúvida. Ali andava mão de pessoa de forte ousadia e de vasto saber. A terra era um crivo de malha grossa,com o risco da água de rega se escapar com rapidez demasiada. Mas ela não se perdia,pois era recolhida,algures,para nova utilização. A zona era sujeita a geadas. Para evitar ou,pelo menos,reduzir prejuízos,havia aquecimento artificial.
Seguiu-se um terraceamento fabricado em xisto,segundo as curvas de nível. A erva semeada revestia patamares e taludes. Pena era que os pastores não estivessem para ir com o gado aos locais mais elevados,o que prejudicava o bom andamento do coberto. Para que se haviam de cansar, eles e companhia,se a erva era abundante em cotas mais baixas? Quem manda é quem vive lá no sítio,conceito muito antigo,às vezes ,não tido em conta.
A terceira paragem foi também de dividendos. O mar ali era amarelo. O girassol,em plena floração,estendia-se a perder de vista. Uma consolação.Tudo quanto se mostrou indicava, claramente,que a torneira do mais que tudo estaria sempre aberta,de caudal sem restrições. O gado leiteiro,às dezenas,viera de fora,em grande parte,e os cavalos eram de raça. Até se dispunha de técnicos especializados,um luxo. Ali não se brincava em serviço. O pessoal tinha férias pagas,na praia,com a família. Com um patrão destes dava gosto trabalhar.
O final coube a outra empresa modelo. Naquele dia,vários agricultores de ali perto tiveram a mesma lembrança. Como era muita gente,a observação dos diferentes e afastados cantos foi feita em atrelados,com bancos especiais,os clássicos fardos de palha. Alguns não mais os esqueceram,pois teriam sido os causadores de uma comichão dos diabos. Um dos companheiros,ali vizinho,põs a adega,adega de fama, à disposição. Nunca se vira tanta aranha junta. Só os copos é que estavam isentos,por razão óbvia.
Não podia ter terminado melhor a excursão. Ficou-se,assim,com vontade de repetir.

Sem comentários: