quinta-feira, 3 de julho de 2008

UM SUCESSO

Queria ele lá saber de que outros se rissem daquele aparato. Um carrito muito estreito,dos mais baratinhos,que a vida não estava para luxos,onde mal cabia a família,mulher e três filhos,levando no tejadilho uma montanha de coisas,com cara de desabar à mínima curva.
Era sempre assim que ele ia para férias,não importava a distância,ainda que de centenas de quilómetros se tratasse. Rissem à vontade. É que não sabiam das muitas artes de quem ia ao leme. Um homem dos sete ofícios.
Não consta que,alguma vez,a descomunal carga ruisse. Atava-a bem,com todas as regras,algumas da sua lavra,que havia ali muito engenho.
O carrito quase se não via,lembrando tristes quadros de todos os tempos. Gente,grande ou pequena,ajoujada,quase sumida,sob cargas enormes, disto ou daquilo. Afinal,a dura luta pela vida.
No caso dele,não era bem assim. Mas daquele modo é que ele gostava. O gozo que aquilo lhe dava. Um espectáculo à partida,no caminho,à chegada,lá e cá. Um sucesso.

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