domingo, 13 de julho de 2008

UM OUTRO ALEIXO

Onde já lá iam os noventa,assim o revelou. Parco de carnes,o velhote ouvia mal. Regressava ao Barreiro,de onde tinha vindo,manhã muito cedo. Não se entendia lá muito bem com os transportes,mas havia sempre alguém que o ajudava.
O ouvido estava fraco,mas a memória não se comparava,pedia meças. E para o mostrar,desfiou ali,de uma assentada, mais de uma dúzia de quadras,inteiramente da sua lavra. Um outro Aleixo. Para também se ouvir,acabou por ter casa cheia.
Vestido de negro,incluindo o chapéu,todo ele era vida. Os olhinhos faiscavam,na sua carita chupada. Tê-los-ia dito,aquela torrente de versos,muitas vezes,não importa. Este seu jeito vinha de muito longe,de quando ele era moço. Contava ainda fazer muitos mais,que motes não haviam de faltar e o engenho também não.
Passem por cá muito bem,que eu tenho de ir apanhar o barco. Fizera este caminho poucas vezes,mas agora já não tinha dúvida. Adeus. E lá foi,direito que nem um fuso,quase sem rugas na carita escanhoada a preceito,para vir à capital.

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