sábado, 26 de julho de 2008

SÓ DE SAPATOS

Não se sabia que chão iriam pisar. Havia para todos os gostos,poeirento,saibroso,lamacento,
revestido de erva mais ou menos orvalhada. De qualquer modo,estaria fora de questão usar sapatos,muito menos se fossem novos. Pois era precisamente sapatos que ele trazia,comprados mesmo de véspera.
Porque assim procedia? Desplante de novo rico,que,em boa verdade,não era? Magoá-lo-iam as botas? Foi coisa que não se inquiriu. Ficaria lá isso com ele.
Lá onde nascera e se fizera menino crescido,a vida era difícil. O calçado seria um luxo. Quando muito,umas sandálias,das mais baratinhas. E para as poupar,andaria quase sempre sem elas,em casa,na rua. O mesmo aconteceria com os outros meninos. Ninguém estranharia e até ficariam incomodados caso alguém quebrasse a regra.
Não há mal que sempre dure e a hora de melhor passadio chegou. E teria feito um juramento. Daqui em diante,só de sapatos,quaisquer que sejam as circunstâncias. Que importa que logo se maculem,que seja curta a sua duração?
Talvez tenha sido assim,quem sabe? Que outro motivo haveria?

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