terça-feira, 22 de julho de 2008

AO RELENTO

No verão,aquela casa seria um belo poiso para um merecido descanso. De lá,via-se o rio,ali a dois passos,correndo entre choupos e salgueiros,naquela altura nuzinhos. Ouvia-se o fragor da corrente,que o caudal ia abundande,da muita chuva.
Estava um frio de rachar naquela manhã,muito cedo,de dezembro. Uma névoa densa,alimentada pela torrente,colaborava. O carro,que já acusara ,na véspera, algum mal-estar,esquecera-se das suas funções,talvez vingança por o terem deixado ali ao relento,com um tempo assim. Não se fazia uma coisa destas,sobretudo com quem já tinha uma idade avançada. E agora? Empurrá-lo,nem pensar,que ele dormira no fundo de uma ladeira íngreme.
Ali muito perto,mesmo em frente,estava uma vacaria. Chegavam ruídos de vozes e das vaquinhas. Não eram elas que acabariam com aflições de tal natureza. Quando muito,dariam algum alimento para aquecer,que era,alás,bem-vindo. Ter-se-ia de bater a outra porta. Esta abriu-se,mas muito lá para mais tarde. Há que ter paciência,esperando pela disponibilidade de cada um. Chegado o seu tempo,apresentou-se um tractor,que cumpriu a sua obrigação.
Podia ter sido pior. No dia anterior,enquanto se tratava do estômago,uma rôsca moída deixara sair todo o óleo do motor. Mas estava-se com muita sorte,pois não fora em sítio escondido,como ja acontecera noutras ocasiões. Coisas que acontecem a quem anda à chuva.

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