terça-feira, 29 de julho de 2008

NOBRE CAUSA

Era uma biblioteca que virara a centro de explicações. A senhora que assim a convertera parecia ter toda a razão. É que aquela vasta sala passava a maior do tempo às moscas.Ia por lá um velho,de vez em quando,e pouco mais. E este pouco mais,por via,sobretudo, dos jornais ,que eram de graça.
Que pena,teria ela pensado. Que belo sítio para eu tratar da minha vida. Lá em casa era um desassossego. Os filhos estavam sempre a interrompê-la,a empregada fazia demasiado barulho, com as limpezas, os tachos e as panelas,a mãe não parava de a atormentar com os seus eternos queixumes.
E passou à acção. Era,porém,de admirar a complacência da bibliotecária. Teria ela participação nas receitas? Ou tratar-se-ia antes de uma estratégia em prol de uma nobre causa?
Talvez os jovens que ali iam se habituassem àquele espaço e mais tarde viessem a frequentá-lo ,assiduamente,mas na qualidade de leitores.
Estaria,também,a assegurar a sua enxada. É que acentuando-se o desinteresse,podia acontecer que,um dia, fechassem a porta para sempre.

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