terça-feira, 22 de julho de 2008

CARA DE PAU

Era evidente que o patrão não gostava do empregado. Mas não tinha outro remédio se não suportá-lo. Ele já estava naquela casa há muitos anos,desde rapaz,numa altura em que aquilo era do pai. Não tivera coragem de o pôr fora,pois sabia que grande parte da clentela a ele se devia.
Mas donde lhe vinha aquela antipatia? Tinha inveja dele,era o que constava. Sabia lidar com as pessoas,ao contrário do outro,que era um cara de pau. Entretinha-as,parecendo até que perdia demasiado tempo com elas. Mas não. Tinha artes. Conseguia conciliar o serviço com o atendimento.
Conhecia meio mundo,meio mundo que lhe era fiel,que não o tocava por outro,onde quer que estivesse,e locais como aquele era o que não faltava. Ouvia-se,ás vezes,certos reparos do patrão,sempre com modos de poucos amigos,que embirrava com tais intimidades,mas nem o empregado,nem os que ali iam estavam para lhe ligar.
Naturalmente,o empregado era compensado por tanta simpatia. É que ele chegava ao ponto de ajudar na escolha dos pratos. Haveria da sua parte algum interesse. É que a mesada não seria por aí além e o coitado tinha um grande encargo. A mulher era muito doente,sempre a caminho do médico. Isto não lhe alterava,porém, o seu modo de proceder,afinal,a fonte de uma parte dos seus rendimentos.

Sem comentários: