quinta-feira, 24 de julho de 2008

DA MESMA MASSA

Dizem para aí que vão aumentar as rendas. A minha não pode crescer mais. Se isso acontecer,o que é que eu e a velha vamos comer? Se tivesse feito como outros,não me encontrava assim. E olha que tive à minha responsabilidade muita mercadoria. Pois até fiquei mal visto. Parecia ser eu sócio do patrão. Mas era o meu feitio. Cada qual é para o que nasce.
Pois fizeste mal. Não aproveitaste e vês os navios a passarem,que é o que ter resta e que podes fazer,pois basta-te chegar à janela,que o rio corre-te mesmo em frente. Se tivesse sido comigo,outro galo cantaria. Dá Deus nozes a quem não tem dentes,é o que é. Foste parvo,já te tenho dito isto um ror de vezes,pois andas para aí sempre na penúria. Quando chega a ocasião,tem-se de a agarrar. Ela até fica mal disposta,ofendida mesmo,e não mais repete a visita,quando encontra pela frente um tanso como tu.
Isso é tudo conversa fiada. Eu bem te conheço. Terias feito o mesmo que eu. Tu também não és desses,nunca foste. Andaste por lá embarcado uma parga de anos,e,afinal,onde está a tua riqueza? Sim,onde está? Somos os dois da mesma massa,sem tirar,nem pôr. Lá tem ido chegando e isso é que importa. Qualquer dia marchamos e podemos andar por lá,de cabeça bem levantada. Se calhar,vamos encontrar alguns que não esperávamos ver. Devem ter-se arrependido,a qualquer hora,mesmo na última,foi o que lhes valeu.

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