A moradia ao lado tinha sido assaltada. Não acontecia todos os dias,mas,de vez em quando,muito raramente ,lá calhava a uma. Não era tarefa muito difícil. Até um gato o podia fazer. É que as portas e as janelas eram tantas e tão fáceis de penetrar,ao nível do chão ou à altura de um escadote, que admirava não suceder mais vezes. Depois,aquela rectaguarda tão frágil,onde circulava o carro do carvão. Talvez os candidatos fossem poucos,pois por ali vivia-se,de maneira geral,muito bem.
Um sarilho,um pânico. E agora? E veio a receita,a estratégia,delineada pelo chefe lá da casa. Todos os dias,antes de se deitarem,queria que todos,mas todos,espreitassem bem debaixo das camas,vasculhassem os armários,enfim,passassem todos os recantos a pente fino. E só parassem de o fazer quando ele mandasse. Como os subordinados lhe tinham um grande respeito,seguiram,à risca ,o que ele mandara. Talvez por ver já algum cansaço na sua gente,deu instruções para pararem,até nova ordem,ao fim do oitavo dia,ou melhor,da oitava noite,noite que tinha muita pressa de chegar,mas também,muita pressa de partir,lá para a sua vida.
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