quinta-feira, 24 de julho de 2008

ÁRVORES DO ALENTEJO

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido...e,torturadas,
As árvores sangrentas,revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando ,manhã alta,o sol posponte
A oiro a giesta,a arder,pelas estradas,
Esfíngicas,recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações,almas que choram,
Almas iguais à minha,almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar,morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

FLORBELA ESPANCA

Em Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa
Eugénio de Andrade
Campo das Letras

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