quarta-feira, 2 de julho de 2008

PREGÕES

Sábado era o grande dia das compras. A azáfama começava muito cedo e estendia-se pela noite dentro. Ali havia dinheiro,muito dinheiro. Mas era na larga avenida,a espinha dorsal lá do velho burgo,que o movimento era maior. Às vezes,era até difícil circular.
Um dos cruzamentos dessa avenida,o mais concorrido,aliás,era o local preferido para a venda de flores. Os pregões enchiam os ares. Flores,flores baratas,o que mais soava. Comovia o de uma menina,que não teria ainda dez anos. Muito loira,enfezadita,de olhos chorosos.
O pai ali não lhe batia. Mas era de imaginar que lá em casa não a poupasse. Aparecia de vez em quando,a fiscalizar. A cara era dura,de poucos amigos.
E era nessas alturas que a menina mais alto apregoava,talvez para mostrar ao pai que se estava esforçando. A mãe,mal vestida,ali ao lado,continuava na mesma toada. Já estaria calejada,estaria já por tudo.

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