domingo, 6 de julho de 2008

A VIRAR MATAGAL

Fazia um nevoeiro de cortar à faca,pelo que se era obrigado a ir em passo de caracol. Como isso não bastasse, havia feira por perto. De repente,sem aviso prévio,surgiam ,da bruma, magotes de gente. O caminho parecia interminável.
Vai-se bem por aqui? Vai sim senhor,é sempre em frente,não tem que enganar. É já aí. Pois é. É que isto de distâncias tem que se lhe diga,é coisa muito relativa.E a terra não havia meio de aparecer.
Parecia que toda aquela gente se tinha combinado para dar informações erradas. Ou seria por não se terem explicado bem? É que,às vezes,as pessoas do campo não entendem as da cidade,e as da cidade não entendem as do campo.
Um dia,talvez isto acabe,não porque se acabe o campo,mas porque a gente que nele vivia o deixou. O que é forte pena,pois sem gente,o campo arrisca-se a virar matagal. E com tanta gente junta,a cidade como que morrerá. Mortes diferentes,está bem de ver,uma de míngua,a outra de fartura.

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