Moravam no mesmo prédio há um ror de anos. Escusado será dizer que estavam velhos os dois,muito próximo da despedida. Fase propícia,pois,para deitar contas à vida,fazer um balanço dela,reparar alguns danos.
Aconteceu naquela vez,como já teria acontecido mais vezes,cruzarem-se no patamar. Estava uma manhã de sol,cheia de promessas e de convites. Era uma boa altura,assim,para acertos. Mas ainda não chegara a hora.
Nem uma saudação,nem um simples olhar. Passaram de lado,cada um roçando o mais possível a parede,não fosse haver contágio. Num deles,ou nos dois,haveria maleita grave. Era imperioso,assim,tomar todas as cautelas.
Alguém,muito perto,julga ter assistido a um esquisito fenómeno,que explicaria tão invulgar procedimento. Uma densa bruma,de todo inesperada em manhã tão soalheira,invadira o palco. Seria imprudente descer meia dúzia de degraus sem um apoio capaz. Assim o entenderam os dois,guiando-se pelos únicos de que dispunham. O odor do inimigo deve também ter colaborado.
E daquela vez,como de outras mais,se desperdiçou a mão amiga de uma manhã plena de sol. É caso para proclamar,alto e bom som,que a não mereciam.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário