sexta-feira, 11 de julho de 2008

ANJINHOS

As pessoas não caem nelas,não uma vez que seja,mas para sempre,como diria o tio Joaquim,de saudosa memória. Para já,não aquelas que andam muito cá por baixo,um modo de dizer. Essas ficariam para depois. Coitados delas,se,muitas vezes,elas quase nem sabem de que terra são.
Mas as que andam lá por cima. Dão-lhes os céus um belo osso,salvo seja,e vão lá para um cantinho,sozinhos. Sozinhos,não é bem assim. Chamam também os "seus". E ali ficam,no cantinho,a roê-lo,muito bem roído. Nem pensar,uma vez sequer,em dar um bocadinho que se veja ao que está passando,à vista do cantinho,de cara enfiada.
Claro é que os de cara enfiada também gostariam de ter um osso asim,não se tenham ilusões do contrário. É a sina. Parece nascerem quase todos,enfiados ou não,já assim esfomeados. Às vezes,até se voltam para os céus,imprecando-os. Porque é que me não saiu um osso como àquele que estou ali vendo,por sinal,um rico osso? Sim,porquê? Que mal fiz eu,lá onde estava,antes de andar por aqui? Sim,que mal fiz eu,para ser tão pobremente contemplado?
Dos céus vem uma resposta que ele não entende. Nem ele,nem os do belo osso. Não entende quase ninguém. Aquilo deve ser uma linguagem,talvez,para anjinhos,e eles anjinhos não sairam. O tio Joaquim,se ainda cá estivesse,também não devia entender,que ele anjinho não era.
Mas com tanta gente à volta dele a não o ser,o que é que se poderia esperar do tio Joaquim?

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