sexta-feira, 11 de julho de 2008

À BEIRA-RIO

Uma pequena mancha em movimento esboçava-se ao longe. Estava uma luminosidade forte. Lentamente avançava,muito próximo da margem. Era, afinal,o barquinho da carreira. Parou a meio da viagem,mas pouco se demorou. O horário não se compadece,mesmo quando devia. E foi o que há tempos aconteceu.
Eram dois velhotes,de bengalas. Ainda tentaram,mas era esforço demasiado para as suas fracas capacidades. Não houve contemplações. A porta de correr fechou-se,com um silvo,como a ralhar,impedindo-lhes o acesso ao cais. Tinham de esperar mais meia hora. Não era,de facto,muito,para quem já esperara tanto.
Não passavam de dois meros utentes,como uma senhora de meia idade,de feições crispadas. Fixava o horizonte,através do gradeamento. Parecia ansiosa. Correu logo para o barco,mal a porta se abriu,talvez com medo de o perder. O que a teria feito correr?
Quem não se mostrava nada apoquentado era um pescador de ocasião, que se entretinha a ler descansadamente o seu jornal desportivo. As canas já ali estavam prontas para a sua função. Estaria à espera da maré.

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